A Tarde de Sua Ausência

A Tarde de Sua Ausência Carlos Heitor Cony


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A Tarde de Sua Ausência





A tarde de sua ausência, décimo quinto romance de Carlos Heitor Cony, é um livro movido pela obsessão. Tudo começa quando Henrique recebe pelo computador uma foto em preto e branco, tirada nos anos 1960, da numerosa família Machado Alves, na varanda de seu casarão em Ipanema. Álvaro, o patriarca, está "no cimo da pirâmide formada por todos, amontoados nos degraus da pequena escada que levava à varanda".

Na imagem, há uma única ausência: Vera, uma menina insinuante, filha mais nova de Álvaro e ex-cunhada de Henrique. "Teria treze anos na época. Ela tirara a foto. Ao enquadrá-la, não centralizara o grupo. No canto esquerdo, aparecia metade da rede que cortava a varanda em diagonal." É a partir dessa imagem que Carlos Heitor Cony vai reconstituir a lenta desintegração de uma família carioca. Entre deslocamentos no tempo, vai compondo uma história de choques e desencontros.

O protagonista de A tarde de sua ausência é um homem desiludido com a vida. Casado com Dalva, Henrique tem uma filha pequena, mas, desempregado, é obrigado a viver de favor no casarão da família da mulher, onde se sujeita às ordens e vontades de Álvaro Machado Alves, o patriarca. Sua mulher, ex-miss do Tijuca Tênis Clube, ainda é bonita. Mas não se compara a Vera, a irmã dez anos mais nova. "Em Vera, tudo era demais", escreve Cony. "Pernas demais, olhos demais, cabelos demais. Andava de um jeito que obrigava todos a olharem para ela. Apesar da pouca idade, desde os doze anos já tinha tudo pronto em seu corpo, impossível não notá-la na praia, no cinema com as amigas, no colégio, sobretudo."

O tempo passa e fica cada vez mais nítida a gradual dissolução da família; a crise conjugal entre Henrique e Dalva; a degradação do próprio casarão que antes fora o símbolo dos Machado Alves - e a intricada relação entre Henrique e sua ex-cunhada.

Segundo o crítico e ensaísta Otto Maria Carpeaux, em prefácio escrito para o livro Antes, o verão, "a imagem da vida e do homem contida nos primeiros romances de Cony admite só um adjetivo: desconsolada. Seu pequeno mundo carioca e o mundo menor, da família - em que suas criaturas ficam presas como feras em jaulas - revelam-lhe a desgraça universal"'. Lançado quase quarenta anos depois, A tarde de sua ausência resgata os contornos dessa mesma angústia, revelando uma implacável e delicada tragédia familiar.

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Eduardo Virgili
cadastrou em:
04/04/2011 08:28:13

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