Tenório Nunes Telles de Menezes nasceu em Anori, interior do Amazonas, em 1963. Membro da Academia Amazonense de Letras, Professor de Literatura Brasileira, é formado em Letras e em Direito pela Universidade Federal do Amazonas. Coordenador editorial da Editora Valer, em Manaus, a ele se poderia creditar em grande parte a tão intensa publicação literária daquela Editora, ainda tão pouco conhecida fora dos limites do Estado. Tenório é uma figura humana tão extraordinária que, se dedicando incansavelmente à promoção do livro e da leitura, pouco cuida quanto à publicação de seus próprios textos. Em 1988, publicou sua primeira reunião de poemas, "Primeiros fragmentos":, e em 2004, a peça A "Derrota do Mito". Lançou o CD "Vida e luz" em parceria com o poeta Thiago de Mello.
O imenso amor aos livros e uma esperança silenciosa, cultivados pelo editor incansável, talvez venham ajudando Tenório Telles a cumprir humildemente a tarefa do poeta, tal como faz e também entendia Paul Valéry, dando-nos a sensação de união íntima entre a palavra e o espírito.
Quando magnificamente se aventura no texto teatral, Tenório resgata um determinado olhar do “poeta-narrador” que vê com frisson o deserto nas ruínas do poder: a derrota do mito. Uma memória que traz a imagem de civilizações destruídas. Algum sentido à visão do trágico e das lembranças como possível resposta à consciência consolante tão típica de Tenório. Quem sabe, sutil resposta da Musa ao poeta de que a sorte do homem neste vale de lágrimas é precária.
O sofrimento natural que todos padecem se são poetas, e que Tenório transmite em seus versos, se transfigura em um instrumento a serviço da luz, evocando as razões da existência e a inevitabilidade do destino.
Como músico autêntico dos seus peãs, Tenório é toda a música. Anunciando a angústia do aniquilamento que a fumaça do monte não cessa de avisar, parece nos dizer que, neste mundo tolo e soberbo, resta ao coração sentir e pensar. Um pensar que, como para Leopardi, seria aprender a morrer. Ou, também, um exercício de acreditar, olhos postos no mais Alto. Tocados pela fantasia e pelo devaneio na canção da esperança de Tenório Telles, edificante. Flanando libertos!
DONALDO MELLO, em Brasília, na noite de 27 de março de 2006