Nos vinte e cinco contos que compõem Festa na usina Nuclear, livro de estreia de Rafael Sperling, o leitor encontrará um mundo que, à primeira vista, pode parecer familiar. No entan…to, ao percorrer algumas linhas, será tragado por uma sensação de estranheza. São estranhos os espaços construídos por Sperling, estranhos seus personagens, suas dicções, seus nomes próprios, suas ações desconexas e, quase sempre, injustificadas… Tudo tão inverossímil, mas ao mesmo tempo tão crível, tão risível e tão grave…
A potência do livro está justamente nessa narrativa de vaivéns entre o que pode ser reconhecido e o que é desconhecido, na destreza com que Rafael Sperling converte o que seria impossível no mundo real, em possibilidades e caminhos para escrita. Ou — melhor dizendo — na forma com que instaura, através de uma escrita cheia de humor, ironia e violência, novas possibilidades do “real”.
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