O fim das forças

The End of the Tether, aqui publicado com o título de O fim das forças, não é a obra mais famosa de Conrad, mas está entre as que mais emocionam e fazem pensar. Em breves palavras, é a história de um velho marujo, capitão de marinha mercante, homem de honra e bravura, que se deixa levar a uma aventura de grande risco com o fim de amparar uma filha em dificuldades.

Aí estão o fascínio e os perigos do mar, a coragem pessoal, a honra, o amor à família e outros temas que freqüentam sempre a obra de Conrad e a tornam motivo de admiração, reflexão e encanto no mundo inteiro, há um século. O personagem central é realmente singular, como expressão máxima de retidão e fragilidade ao mesmo tempo. Dele disse Conrad, na nota que escreveu para a segunda edição da obra:

"The End of the Tether (O fim das forças) é uma história de vida no mar muito especial; e a coisa mais íntima que posso dizer dela, é isto que, tendo vivido essa vida plenamente, entre seus homens, os pensamentos e sensações deles, achei possível, sem o menor receio, com toda sinceridade de coração e paz de consciência, conceber a existência da personalidade do capitão Whalley e relatar o modo como ele terminou. Essa declaração adquire alguma força da circunstância de que as páginas dessa história (...) são também produto de experiência. Que a experiência ocorreu (...) antes que eu jamais tivesse pensado em escrever. Quanto à sua ‘realidade’, cabe aos leitores determinar. Aqui e ali há fatos para pinçar. Com maior habilidade, pode-se torna-los mais reais, e mais interessante o conjunto da composição. Mas aqui nos aproximamos da região velada dos valores artísticos, onde para mim seria impróprio e verdadeiramente perigoso entrar. Revi as provas, corrigi um erro ou outro de impressão, mudei uma palavra ou duas – e isto é tudo."

Depois de A loucura do Almayer, esta é mais uma obra de Joseph Conrad ainda inédita em nosso país que a Revan tem o privilégio de entregar ao público brasileiro.

Conrad é por todos os títulos um clássico da literatura. É glória da Polônia, por seu nascimento, e da Inglaterra, em cuja língua se tornou um grande mestre do romance. É glória do mundo humano, cujas vastidões percorreu através do mar e cujos habitantes tanto amou e procurou compreender, na variedade e na complexidade dos povos e dos indivíduos que o constituem.