Vencedor do Prêmio Jabuti em 2006, Mário Araújo não engana o leitor sobre o que este vai encontrar pela frente. A narrativa de abertura dá título e tom ao livro: num cemitério, um homem acompanha o remanejamento dos restos mortais de seus parentes, a fim de abrir espaço no jazigo da família para o corpo do pai recém-falecido.
Admirado por críticos e escritores de calibre como Ignácio de Loyola Brandão, Luiz Ruffato e Moacyr Scliar, Araújo enfileira outros 19 contos marcados por observações da morte e da solidão.
Segundo o autor, "de uma como da outra, pode-se afirmar que foram alijadas das conversas cotidianas, em um mundo dominado pela preocupação com a sobrevivência, com a fama e com o êxito econômico e profissional a qualquer custo. No livro, porém, merecem ênfase especial, pois entendo que a literatura deva recuperar os espaços excluídos da vida cotidiana, por meio da exploração do que há de trágico, de mágico e de sublime nas situações ditas corriqueiras".
Para Sérgio Fantini, autor do texto de orelha, Araújo capta instantâneos do dia-a-dia, pinçando-os. "Como um cientista que revira seu objeto de estudo sob as lâmpadas e lentes de um laboratório, ele procura flagrar indivíduos reais nos momentos em que tudo está por findar-se: um grande amor, a amizade, uma competição, uma religião, o sonho, uma vingança, a vida."
Marcada pela precisão em narrativa curta e ao mesmo tempo por ritmo e emoção próprios, a produção literária de Mário Araújo se destaca na novíssima geração de escritores brasileiros. A literatura de Mário Araújo é uma válvula que abre caminhos para uma análise do indivíduo. Como bem define Fantini, "são lentes para o homem em momentos de solidão"; e nada melhor que a literatura para abrir os olhos e alimentar o espírito.
Fonte: http://www.americanas.com.br/produto/6733548/livros/literaturanacional/contosecronicas/livro-restos