Célebre por romances monumentais como Anna Kariênina e Guerra e paz, o conde russo Lev Nikoláievitch Tolstói era também um mestre da narrativa curta, como fica evidente em A morte de Ivan Ilitch, que Paulo Rónai considerava a mais perfeita e a mais vigorosa de todas as novelas. Tolstói utiliza a agonia de um jurista bem-sucedido para refletir sobre questões filosóficas como o sentido da vida e a inevitabilidade da morte, e sua opção por uma linguagem simples e direta não deve ser confundida com falta de elaboração literária. Na opinião de Vladímir Nabókov, ninguém na década de 1880 escrevia assim na Rússia, e a novela pode ser vista como precursora do modernismo russo, mesclando toques de fábula, uma entonação terna e poética e um tenso monólogo mental, no qual Tolstói aplica a técnica de fluxo de consciência. Despojamento vocabular e sofisticação estilística se unem em uma narrativa profunda e poderosa. Irineu Franco Perpetuo Jornalista e tradutor
Ficção / Literatura Estrangeira