Há longos anos cronista do "Correio do Povo" e da "Folha da Tarde" de Porto Alegre, Carlos Reverbel já pertence à paisagem cultural do Rio Grande pela sua postura atenta e levemente mordaz ante aos assuntos do Sul.
Apaixonado por nossa História, pelas manobras tantas vezes risíveis da nossa política, pelos costumes interioranos atualmente em desagregação, Reverbel é o porta-voz da Capital e do Estado, do homem de seu tempo, desolado, irascível, taciturno e esmagado pela conjuntura social.
A imagem do gaúcho que nos dá em suas crônicas já pouco conserva da atmosfera épica que lhe era peculiar. A fisionomia humana que nos mostra é dos habitantes das cidades, afligidos pela violência, pela poluição, pela dureza da vida e o dinheiro minguado.Mesmo quando evoca vida de campanha, é para caracterizar traços de extinção, com a melancolia do historiador que não pode preservar valores mas apenas registrar sua passagem.
Interessado no humano, antes de tudo, Reverbel não perde qualquer de seus aspectos, desde a forma de preparar a galinha com farofa até os apuros com a crise do petróleo. Apossa-se do que acontece no mundo, filtra notícias e fatos e os traduz para o público, com visão ora indignada, ora irônica, ímpeto combativo ou compaixão.
Integrante sempre discreto da geração de intelectuais que marcou a década de 40 em nossa vida cultural, amigo e companheiro de nomes como Moysés Vellinho, Carlos Dante de Moraes, Augusto Meyer, Darcy Azambuja e Erico Veríssimo, manifesta as mesmas atitudes desses, de preocupação com a memória do nosso passado e de crítica do presente. Como eles, é um estilista, mais intuitivo, talvez, direto sempre, inequívoco no que escreve e no endereço do que escreve. É simplesmente justa a reunião, neste volume, de seus melhores escritos. Sua permanência em letra de forma era imperativa.
(Texto de apresentação nas orelhas do livro.)