FAVELA GLOBAL

A formação e a afirmação da metrópole, enquanto lócus fundamental de grupos sociais juvenis resultantes da dinâmica global, trouxe inúmeras questões para o pensamento contemporâneo. Entre esses problemas está a formação do que se convencionou chamar de “tribos urbanas”, representadas pelas mais diversas orientações, tanto estéticas (nas roupas, adereços, tatuagens, piercings, gosto musical, etc.), quanto politicamente, seja em suas visões de mundo, seja em suas formas de contestação ou afirmação.

São punks, darks, rappers, funkeiros e outros grupos que se configuram como emergências do mundo contemporâneo. Sobretudo grupos que reforçam sua distinção me-diante atitudes consideradas não convencionais ou transgressoras, marcas que são exteriorizadas nos signos e traços característicos de seus estilos de vida. Nesses traços, os grupos estabelecem esque-mas de identificação, através de suas músicas, vestimentas e mensagens.

Esses esquemas são reestratificados e transformados pelo poder simbólico em signos de consumo, configurando, assim, uma lógica própria a uma economia política do signo. A importância dessa temática repousa em uma necessidade de compreensão do sentido produzido por essas “socialidades” dentro de uma linha reflexiva relacionada à formação contemporânea dos grupos juvenis urbanos na sociedade global.

Favela global – ambiguidades e tensões na música e na cultura juvenil urbana mostra ainda alguns impactos produzidos por essas formações urbanas, representados na forma de tensões, limitações e ambiguidades. Sobretudo, diz respeito à compreensão de um conjunto de discursos construídos em experiências específicas fortemente articuladas com a dinâmica dos processos globais, fato que certamente justifica a edição deste livro.