Escapismo é a arte em que Houdini utilizava para fugir de prisões aparentemente intransponíveis. Também é conhecido como um devaneio além da realidade. Ambos os exemplos são bem aplicáveis para o que a autora propõe: atravessar barreiras e fugir de uma realidade intransponível, levando o autor a mundos ainda não explorados pela imaginação.
Esqueça nomes familiares de mitologias durante os contos. Eles não são como você pensa. Rafaela traz, inteligentemente, versões alternativas de situações e de personagens da mitologia greco-romana. Mostra também pedaços de histórias de uma realidade dividida em vários períodos de tempo, utilizando até mesmo trechos de letras de músicas adequadas a cada momento.
Através de crônicas que apresentam alguns de seus personagens, Rafaela oferece não somente sua imaginação, mas permite que o leitor imagine situações que não ocorreram. Cada um de seus contos se passam em épocas diferentes e mundos diferentes. Tais brechas mexem com a imaginação, trazendo à tona a possibilidade de que escapistas em potencial criem histórias alternativas e interlúdios entre um conto e outro.
Rafaela Rocha, portanto, é mais que uma escapista: torna seus leitores escapistas também.
(Jorge Oyafuso - leitor)