Órgãos sem corpos

Órgãos sem corpos Slavoj Žižek




PDF - Órgãos sem Corpos


O local original da fantasia é o de uma criança pequena ouvindo ou presenciando o coito parental e incapaz de entender o sentido disso: o que isto tudo significa, os sussuros intensos, os estranhos sons no quarto e assim por diante? Então, a criança fantasia uma cena que esclarecia todos esses fragmentos estranhamente intensos - lembre-se da conhecida cena do filme Veludo Azul de David Lynch, na qual Kyle MacLachlan, escondido no armário, presencia o estranho jogo sexual entre Isabella Rosellini e Dennis Hopper. O que ele vê é um claro suplemento fantasmático destino a esclarecer o que ouve. Quando Hopper coloca a máscara através da qual ele respira, essa não é uma cena imaginada para esclarecer o respirar intenso que acompanha a atividade sexual? Além disso, o paradoxo fundamental da fantasia é o fato de o sujeito nunca atingir o ponto em que pode dizer: "Certo, agora entendo perfeitamente, meus pais estavam tendo relações sexuais, eu não preciso mais de uma fantasia!". É isso, entre outras coisas, o que Lacan queria dizer com seu "il n'y a pas de rapport sexuel". Todo sentido tem que se basear em uma estrutura fantasmática - quando dizemos: "Certo, agora entendo isso!", em última análise, o que isso significa é: "Agora eu consigo situar isso dentro do meu sistema fantasmático". Ou, recorrendo novamente à velha guinada de Derrida, a fantasia enquanto condição de impossibilidade, enquanto o limite do sentido, o cerne do não-sentido, é, ao mesmo tempo, sua irredutível condição de possibilidade.





Órgãos sem corpos

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