Jon O'Brien 13/03/2020
O suspense mais diferente que já li
Eu adoro conhecer novos autores, e recentemente li O Peso do Silêncio, da Heather Gudenkauf, uma autora cujos livros eu já tinha interesse em ler mas só há pouco tempo surgiu a oportunidade. E que oportunidade! Eu me apaixonei pela obra à primeira vista, e a leitura fluiu de maneira muito satisfatória. Confira aqui minhas impressões sobre!
Na humilde opinião deste poeta que vos fala, tenho que admitir que O Peso do Silêncio é uma obra banhada pela poesia, e começamos a perceber isso pela capa, que é bastante enigmática e suscita muita curiosidade. Apesar de a edição não ser das melhores (folhas brancas, estou falando contigo!), a diagramação é agradável e o conteúdo, que é o mais importante, uma das coisas mais interessantes que li nos últimos tempos.
O livro fala sobre o desaparecimento de duas meninas de 7 anos, Calli e Petra. Calli é filha dos Clark e, depois de um trauma ocorrido três anos atrás, adquiriu mudez seletiva, parando de falar completamente. Petra é sua melhor amiga e sua porta-voz; a garota conhece as necessidades de Calli e fala por ela.
O Peso do Silêncio brinca com perspectivas de membros de três famílias. Há a narração em primeira pessoa de Antonia, mãe de Calli; narração em segunda pessoa de Ben, irmão de Calli; narração em primeira pessoa de Martin, pai de Petra; narração em primeira pessoa de Petra, uma das meninas que desaparecem; narração em primeira pessoa de Louis, o assistente de xerife que investiga os desaparecimentos; e a narração em terceira pessoa de Calli.
As narrações são repletas de divagações, mas não de um maneira chata. O que quero dizer é que, apesar de as narrações no presente serem quase completamente cortadas por pensamentos e lembranças passados, O Peso do Silêncio foca muito na construção dos personagens, em todos os personagens principais. Logo, não é “encheção de linguiça”, mas sim uma forma diferente de mostrar o passado dos personagens.
O mistério da história não inicia logo no início do livro; na verdade, no começo parece que todas as pistas estão sendo dadas, que o final é até óbvio, mas a história é muito maior do que parece ser no início. Ainda assim, embora tenha havido uma cena bem chocante no meio do livro, consegui advinhar parte do quebra-cabeça que a talentosa Heather Gudenkauf conseguiu construir.
O que mais me impressionou em todo o livro não foi a história em si, mas a maneira como ela é contada. É uma tapeçaria completa que remenda medos, desejos e angústias dos personagens, é um trabalho psicológico muito bem-construído e narrado sob perspectivas poéticas. Algo que não vi em nenhum livro de suspense que já tenha lido.
É uma obra tão bem-escrita que até não é para menos que tenha entrado para a minha lista de favoritos. Até o momento, é o livro que mais gostei de ler neste ano, e suponho que para isso ser superado a outra obra terá que trabalhar duro.
O Peso do Silêncio é um suspense com uma excelente carga dramática, portanto, tenho certeza de que os leitores de drama, assim como os de suspense, não ficarão insatisfeitos com o conteúdo. A autora retém alguns segredos até o momento ideal de contá-los, o que aguça nossa curiosidade. No início, podemos me perguntar se o livro terá um de seus mistérios principais explicados, mas somos saudados com o último capítulo, que nos mostra o motivo de Calli não falar, um motivo que não é surpreendente, mas que achei satisfatório.
Torço para que O Peso do Silêncio ganhe uma adaptação em filme ou série, porque a autora merece, mas não me importo em esperar 20, 30 anos, ou ainda mais do que isso, contanto que a adaptação chegue ao menos aos pés do que Heather Gudenkauf construiu.
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