Em Face do Extremo

Em Face do Extremo Tzvetan Todorov




Resenhas - Em Face do Extremo


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Helena.Jablonski 09/06/2020

Apesar de já ter visitado a Polônia e seus campos de concentração duas vezes, a obra de Todorov os explicou de maneira extremamente didática e conceitual, como jamais havia visto.
Com a temática dos campos totalitários (tanto nazistas quanto soviéticos), o autor traça um paralelo entre fatos e conceitos, baseando-se, majoritariamente, no aspecto da moral.
São acatados os três espectros do totalitarismo: os algozes, as vítimas e as testemunhas; e sobre eles, individualmente, há um material riquíssimo.
Partindo da premissa do autor de que os campos de concentração são o que há de mais de extremo no totalitarismo, que por sua vez é o que há de mais extremo na humanidade moderna, é essencial para entendermos não só o passado, mas também nosso presente.
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Sacripanta 29/11/2011

leitura essencial
Neste fantástico livro, Todorov versa sobre a recente experiência dos campos de concentração, sejam eles nazistas ou soviéticos ("gulags"), sob um ponto de vista marcadamente moral. A análise de extensa bibliografia de sobreviventes dos campos e também de oficiais é utilizada para recompor o cenário.

A análise parte do pressuposto de que não há ação humana que não seja orientada por uma escolha moral. Isso vai de encontro a autores que defendem que a experiência dos campos não pode ser julgada com bases em valores morais porque, nesses locais, temos uma espécie de retorno a um estado de barbárie, em que a única coisa que está em jogo é a própria sobrevivência. Para esses autores, o campo de concentração é uma exceção à vida cotidiana, um estado extremo, radical, e que não pode ser julgado com base nos valores cotidianos: lá, para sobreviver, é necessário muitas vezes roubar dos outros, o que pode implicar na morte dos que ficaram sem comida, ao passo que no dia-a-dia não nos deparamos com situações assim, em que nossa manutenção depende da morte de outros.

A questão que Todorov coloca a esse argumento: se é assim, por que alguns roubavam e outros não? Por que alguns se tornavam "monitores" dos presos a serviço dos soldados enquanto outros formavam grupos de solidariedade?

O autor defende haver uma estreita relação entre as ações cotidianas e as ações que são tomadas em situações extremas: a moralidade das primeiras é a bússola que orienta as últimas. Assim, rupturas não se dão em função da mudança da escala: pessoas egoístas, que passavam por cima de outras para fazerem valer interesses pessoais, tenderão a fazer o mesmo nos campos de concentração -com a diferença que lá essa escolha implicará na morte de outros. Por outro lado, pessoas que no dia-a-dia se importam com outras no campo tenderão a fazer o mesmo.

Só essa reflexão já valeria o livro, mas Todorov vai mais fundo, abordando as consequências do totalitarismo sob os indivíduos e as formas de preservar a moral em meio a essa situação extrema, entre outras questões que não vou adiantar aqui, mas que me levaram a outros livros, como a biografia de Milena Jesenská, o livro de Hannah Arendt Eichmann em Jerusalém e também 71 contos de Primo Levi.

E tudo isso com uma escrita fluida e objetiva, que, aliada ao tema, torna a leitura muito prazerosa. Esse livro pode, definitivamente, mudar sua vida. Mudou a minha.
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