O doce e o amargo

O doce e o amargo João Gabriel Paulsen




Resenhas -


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Leila de Carvalho e Gonçalves 24/03/2020

Livro Premiado
Em 16 anos, o Prêmio SESC de Literatura tornou-se um dos principais concursos literários do país, em especial, graças a uma peculiaridade ? é dedicado a autores estreantes ? e entre seus vencedores destacam-se Luísa Geisler, Juliana Leite e José Almeida Júnior.

No ano de 2019, o livro de contos premiado foi ?O Doce e o Amargo?, de João Gabriel Paulsen, um mineiro de apenas 19 anos que é estudante de Filosofia na Universidade Federal de Juiz de Fora.

Totalizando nove, esses contos são o resultado das vivências do escritor que afirma ter ficado surpreso de como eles conseguem expor seu lado mais íntimo. Particularmente, ao trazerem à luz situações-limite, suas histórias me parecem mais amargas do que doces. Ou melhor, são homeopaticamente açucaradas e inclementes com o leitor, já que ao fugirem do lugar-comum, não fazem concessão a finais felizes e revelam uma boa dose de violência física e psicológica.

Cercados de referências literárias, eles também revelam um escritor que não teme colocar o dedo na ferida, tocando em assuntos penosos, alguns considerados tabus. Por sinal, alguns temas se repetem tanto ao longo do livro como também numa mesma narrativa e entre eles estão a morte, o vazio existencial, a tensão entre gerações e os conflitos resultantes dos ritos de passagem.

Apresentando ora narradores oniscientes, ora narradores em primeira pessoa ? a maioria jovens do sexo masculino ?, os contos formam um interessante conjunto, nenhum destoa nem se sobressai, portanto fica a critério pessoal escolher os preferidos. O meu é o primeiro da lista, As Palavras, que faz uma interessante abordagem: Pode ser o pesadelo mais real do que a vigília? Ou é a realidade um pesadelo?

Também gostaria de destacar:
* Bicicleta ou Viver Para Sempre: Uma fatalidade coloca à prova ideia de eternidade.
* A cruenta maneira de limpar a sujeira de O Ódio ou Pais e Filhos.
* A Dor: Discorre sobre a depressão e a necessidade de tratamento.
* Des(Encontro): Versa sobre uma aguardada visita que mais dia menos dia baterá à porta.

Os demais são: A Mentira, A Paixão ou Os Dois, Des(Amordesespero) ou Sonhos de Uma Noite de Verão, e Uma Cinzenta Manhã Na Vida Sem Graça de Um Jovem Comum.

Finalmente, numa entrevista para O Globo em 13/06/3019, Paulsen traça uma interessante análise sobre seu processo de criação que cai sob medida para encerrar meu comentário: ?É igual à história dos "Seis personagens à procura de um autor" do (Luigi) Pirandello: o personagem vem, te cutuca e não dá sossego até você escrever ? diz o autor arrematando em tom místico: ? Sou um médium entre histórias que não existem e um papel?.

Nota: Adquiri o e-book e recomendo.
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Marker 01/05/2020

É sempre importante o exercício de descolar obra e artista, mas não consigo não ficar chocado ao pensar que um jovem de 18 anos escreveu esse livro tão velho. E não digo velho no sentido de maduro, mas velho de velho, cansado, capaz de cunhar frases como 'Há desejo cristão no mundo? E, se houver, vale a pena desejá-lo?' Sei lá. No geral parece algo escrito nós anos 80 por alguém que ama muito Borges e Hesse. Prova do caso, o melhor conto do livro é o último, aquele em que a voz jovem, e aparentemente verdadeira, do autor, brilha sem muitas amarras de pretensão e estilo, examinando a vida de um igual, talvez a própria. Ruim.
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MARTA CARVALHO 20/02/2022

Esse livro foi uma recomendação do grupo de leitura do serviço, derivado de um projeto do Sesc.
Achei a leitura bem densa, carregada de simbologias na qual o autor aborda, de forma até poética, através contos, questões existenciais como vida e morte, suscitando questões do tipo: Quem somos? Por quê vivemos? Pra quê passamos por tudo isso? Não acaso a formação do autor é filosofia.
Em alguns contos me provocou até um certo nível de ansiedade e até melancolia, por isso, não recomendo para todas as pessoas, pois pode servir de gatilho para quem sofre de ansiedade e até depressão.
Mas devo registrar que a escrita do autor é intensa e envolvente, rica em detalhes, também por isso tenha me causado tanto incômodo.
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dora79 02/11/2023

? ?put@ descrição maravilhosa
Eu to abismada com o tanto que gostei da escrita desses contos, eu adoro detalhamento léxico de verdade eu amo quando começa a descrever tudo sem vírgula sem nada so despeja todo um sentimento ali. amei demais praticamente todos os contos, ressalva de um ou dois que li perto de dormir e nao lembro da trama. gostei DEMAIS da descrição de vazio, de dúvida de tristeza e de distração sabe nossa parecia que eu tava lendo algo que eu escreveria kksjdk e saber que ele escreveu isso com 19 anos me deixa a ponto de pegar e so trocar um papo com o autor porque a gente tem umas coisas MUITO em comum que so com webcam hackeada pra ele saber??.
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Christiane.Sérgio 15/08/2021

Apesar da idade, a escrita do autor se mostra muito madura com questinamentos juvenis e de transição para a maturidade. Tem também os textos que trazem temas que geram desconforto a algumas pessoas, mas foram os que mais gostei.
Um livro com conteúdo denso, apesar de ser de poucas páginas,  mas trás contos  instigantes, intrigantes e reflexivos.
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Galardo 06/09/2021

Boa descoberta
Eu nunca teria lido esse livro se não fosse o desafio livrada desse ano de 2021 e ainda bem que li.
Tem coisas bem interessantes nessa obra, diversas reflexões, muitas caem bem.
Gostei mais de alguns contos que outros, mas todos possuem um bom ritmo e tocam em temas que são tabus e que em algum nível atingem a todos. No geral é um bom livro com boas ideias e que surpreende.
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fredec 21/01/2023

Pra incomodar
João Gabriel Paulsen já ganha um prêmio de literatura em seu primeiro livro. É pra deixar todo mundo atento ao rapaz de pouco mais de 20 anos mas com cara de 16, hehe.

João é de #JuizDeFora e também por isso resolvi ler o livro (além da premiação), quando fiquei sabendo de um bate-papo que teria com ele no Sesc daqui (que acabei não conseguindo ir... shame on you).

O Doce e o Amargo é um livro de contos que assim como o título, mostram algumas situações opostas, quase sempre como monólogos internos de alguém bastante complexo (ou perturbado). Melancolia é o sentimento principal de todos os contos, sem excessão. São várias discussões "consigo mesmo" bastante densas e o autor tem uma incrível habilidade de palpabilizar situações, transformando subjetividades em praticamente um personagem a mais na história.

Gostei muito da forma como o autor brinca com algumas expressões, como esse exemplo em que ele torna a ausência em presença: "… uma angústia que me acompanha desde o berço quando na presença da ausência de luz.". O livro é cheio dessas inversões, quase um melancólico otimista, rsrs.

Alguns contos parecem começar sem sentido, mas a impressão que eu tive era que ele tentava chegar nessas reflexões literárias literais jogando frases contrárias banais a fim de alcançar um estágio avançado de escrita, começava simples e ia aprofundando, quase como um exercício. Partia de um início xoxo pra uma reflexão densa em poucas linhas. Um ensaio? Não sei, mas foi uma evolução interessante.

A leitura é bastante simples e convidativa a uma reflexão (literal?), mas alguns podem se sentir incomodados ao ler. Parabéns pelo livro João.

site: https://instagram.com/fredecs
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