O Pioneers!

O Pioneers! Willa Cather




Resenhas - O Pioneers!


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jota 05/04/2022

MUITO BOM: histórias e dramas de imigrantes europeus desbravando o oeste americano e criando raízes profundas com a terra
Lido entre 19/03 e 04/04/2022

Acabei lendo três livros sobre o oeste americano – não o Velho Oeste dos westerns - quase em sequência sem que houvesse planejado isso: O Poder do Cão (Thomas Savage), Butcher’s Crossing (John Williams) e agora O Pioneers, de Willa Cather (1873-1947), originalmente publicado em 1913 e, que eu saiba, sem tradução para o português até o momento. Ainda que essas narrativas se passem mais ou menos na mesma época (final do século XIX e anos iniciais do século passado) e região geográfica, elas apresentam situações e visões distintas desse período e lugar.

Os pioneiros de Cather habitam um vilarejo rural de Nebraska onde se encontram principalmente imigrantes suecos e noruegueses e seus descendentes, mas também (o que achei curioso) alguns franceses. Os personagens centrais são Alexandra Bergson e seu irmão Emil, assim como um amigo deles, Carl Linstrum, todos de ascendência sueca. De início tudo é muito difícil para todos, porque habitam um lugar um tanto selvagem ainda; o cultivo da terra não é fácil e as colheitas nem sempre são abundantes: na Europa eram artesãos em sua maioria, então nada é muito fácil para ninguém. Para complicar, o pai de Alexandra morre e ela, sendo a filha mais velha, tem de dirigir a propriedade e impor sua autoridade sobre seus três irmãos.

Vivem na fazenda sua mãe, Emil e Oscar e Lou, esses dois últimos rapazes trabalhadores, mas sem imaginação, então Alexandra fica sobrecarregada de tarefas; conversar com o amigo Carl se torna uma das poucas coisas agradáveis que pode fazer ali. Um dia Carl avisa que tem de partir porque sua família não está conseguindo sobreviver com o que colhem da terra; os Linstrum deixam Nebraska, vão para Chicago. Mas passado algum tempo os esforços de Alexandra e seus irmãos são recompensados pela natureza, ganham dinheiro e ela decide mandar Emil, seu irmão preferido, para a universidade. A comunidade sente a força dessa mulher e nós, leitores, entendemos que Alexandra personifica a ideia de um país em construção, uma sociedade que aos poucos vai se enraizando e se desenvolvendo.

Nesse ponto os pioneiros já se transformaram quase que em americanos nativos, embora ainda cultivem muitos traços das culturas européias de que são originários, seus modos, costumes, religião, comidas, roupas etc. E aí Willa Cather passa a tratar com mais profundidade dos problemas que as pessoas vivem em qualquer sociedade humana, especialmente aqueles que dizem respeito aos sentimentos. Carl e Alexandra descobrem que são bem mais do que amigos quando ele vem visitá-la numa ocasião. Depois de formado Emil regressa à casa da irmã por uns tempos e acaba se envolvendo com Marie, uma vizinha que antes era apenas uma amiga dele e de Alexandra, mas que é casada e não está feliz com seu marido... E as coisas se complicam. Muito.

O Pioneers (1913) – juntamente com The Song of The Lark (1915), esse também sem tradução brasileira, e Minha Ántonia (1918) – compõe a trilogia da Grande Planície, mas os volumes podem ser lidos independentemente. De um modo geral o romance é sempre interessante, embora eu tenha apreciado mais outros dois livros de Willa Cather: o já citado Minha Ántonia e sobretudo A Morte Vem Buscar o Arcebispo (1927), que considero imperdíveis e que para alguns críticos constituem duas obras-primas da literatura americana do século XX.
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