Sistema nervoso

Sistema nervoso Lina Meruane




Resenhas -


9 encontrados | exibindo 1 a 9


luiza lima 03/10/2020

Recortes de tempo e espaço que constroem essa narrativa macro e microscópia de um jeito único
Com uma narrativa incomum, meio realista-naturalista, mas ainda assim poético e delicado, esse livro me surpreendeu e conquistou. A trama aborda a vida da protagonista e o desenrolar de diversas situações, internas e externas, que vão desde o mundo microscópico até os buracos negros e galáxias distantes.

A história é contada através de diversos recortes da vida da protagonista onde passado, presente e futuro se misturam, se fundem e explicam como funciona a mente dos personagens, tudo o que os abalou, traumatizou, os fez chegar aonde estão. É uma narração muito bem construída, sem cortes, crua e fria, e que contrasta com os personagens, tão humanos e imperfeitos.

É um livro que fala um pouco de tudo e não se apega a nenhum ponto em particular, mas não é por isso que deixa de ser interessante ou raso. É atual, aborda os sentimentos e angústias de pessoas do nosso tempo, e também situações externas como governos e política.

Só deixo de alerta que o livro aborda muitos temas de doença, de forma bem minuciosa, o que talvez deixe algumas pessoas desconfortáveis. No mais, foi uma leitura muito agradável que gostei muito e vou carregar comigo por um bom tempo.

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Elem 04/06/2021

Incomum
Comprei esse livro pela sinopse, não conhecia a autora, mas o tema e a proposta me interessou.

Me surpreendi. Entrou para a lista dos livros com escrita e enredo mais diferentes que já li. É de leitura fácil. Às vezes poético. Me prendeu. Posso classificá-lo como interessante.

O livro é dividido em cinco capítulos e esses são apresentados em vários trechos curtos. Os títulos dos capítulos são relacionados com a astronomia, mas esse é só o pano de fundo da história de uma doutoranda tentando escrever sua tese.

Conhecemos sua história e de sua família pelo viés das doenças, do modo como cada um as compreende e lida com elas, com a morte. Os relacionamentos entre os membros dessa família.

Não é um livro triste, chega até a ser divertido.

Temos temas como estupro, manifestações sociais, avanços tecnológicos da medicina, curiosidades sobre como algo (vivo ou não) funciona.

"Um diagnóstico não passa de um rótulo sobre um corpo".
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Grace @arteaoseuredor 29/01/2021

?Sistema Nervoso, de Lina Meruane.

??Lina Meruane nasceu no Chile, em 1970, e vive nos Estados Unidos. É um dos principais nomes da literatura latino-americana de hoje. É autora de, entre outros, Sangue no olho, Tornar-se Palestina e Contra os filhos. Recebeu os prêmios Anna Seghers (Berlim, 2011) e Sor Juana Inés de la Cruz (México, 2012). Recebeu bolsas de escrita da Fundação Guggenheim (EUA, 2010) e DAAD (Berlim, 2017), entre outras. Atualmente ensina cultura latino-americana e escrita criativa na Universidade de Nova York.?

?Achei um livro bem diferente. É a história de uma mulher que é professora de física, saiu de seu país do passado (acho que é o Chile) e foi para o país do futuro (Estados Unidos), ela que não tem nome, como nenhum dos personagens, está tentando terminar sua tese, com isso consome todo o dinheiro do pai. A história não é tão simples, a escritora conta essa história, através das doenças que acometeram ou acometem a família do livro, misturando episódios do passado, presente e futuro. As doenças são descritas de forma bem realista, bem como fala também de buracos negros e via láctea. Pode parecer confuso, mas a medida que vai lendo, se acostuma com o ritmo. Adoro livros diferentes, mas esse não me fisgou tanto como eu pensei que fosse. E os personagens não me conquistaram.
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Nara 04/04/2021

A doença como protagonista
Lina Meruane, autora chilena que pesquisa a relação entre doença e literatura.
Aqui, a doença é a protagonista. Uma família obcecada por prenúncios de sintomas de seus corpos. A incessante sensação de perda recobre todos os membros familiares. Ela – assim chamada pelo narrador – uma astrofísica dá aulas, enquanto tenta desesperadamente retomar a escrita da tese sobre buracos negros no seu país do presente. Ele, seu companheiro, um antropólogo especializado em ossos. O Pai e a Mãe (postiça, madrasta) médicos. A mãe biológica, uma lembrança que a culpa, por ter sido Ela em seu nascimento, a tornar aquele o leito de morte dessa mãe, a verdadeira. O Primogênito, o irmão mais velho que dribla a vida quebrando tudo quanto é ossos, enquanto a ressente pela morte da mãe. Incapaz de perdoar o Pai, cuja medicina não pôde salvar a vida dessa mãe. Os Gêmeos, esses irmãos postiços, filhos dessa Mãe postiça, a única da qual Ela se lembra e, que fez questão de esconder todos os retratos da verdadeira mãe.
Existe por trás do fazer científico, o exercício ontológico? O que isso tem a ver com a literatura de Meruane?
Quando pensamos que a ciência possui diversos campos, cujo objetivo é estudar a vida, nessa narrativa, temos todas essas personagens envolvidas de alguma forma com esses corpos diversos. Ora o Cosmos e seu sistema planetário, ora o corpo humano (biopsicossocial) que faz parte do complexo sistema cultural, além de possuir ele mesmo, os seus próprios, tais como o nervoso que em colapso, tanto quanto o celestial, tendem a desordem e desintegração. Famoso conceito de entropia.
Utilizando a teoria geral dos sistemas, temos uma narrativa que explora cada sistema e suas “enfermidades”: a sociedade que, em seu país do passado, enfrentou uma epidemia de ditaduras. O do presente, que no contexto globalizado, lida com a discriminação à diversidade. Além das agruras aos corpos femininos, cuja existência é potencialmente marcada por uma violência de gênero em todas as relações possíveis.
Uma construção narrativa transdisciplinar que “compreende a realidade formada por diversos sistemas abertos, cuja conectividade entre subsistemas e transporte de informações, gera condições em que cada sistema é mediado, vem mediar outros e comporta-se enquanto signo (PEIRCE).”
“Provavelmente sempre estejamos doentes sem saber. E embora quando pequena pensasse que todas aquelas histórias sobre o que um corpo podia padecer fossem só para assustá-la, mais tarde entendeu que eram apenas um resumo. Porque o estranho é viver.”
(pg.215)
AMEI! Um dos prediletos.. Daria uma pesquisa incrível a relação entre a construção dessa narrativa como simbólica da teoria geral do sistemas..
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Mayra 18/01/2023

Esse livro é simplesmente fenomenal! Difícil escolher o que eu gostei mais entre: a escrita muito singular, poética, autêntica e visceral da Lina Meruane; os personagens tão complexos ao mesmo tempo que aparentemente simples (que nem nome têm, sendo denomimandos de acordo com sua relação com a protagonista, por exemplo "Ela", "Pai", "Mãe", "Ele", "Primogênito"); as constantes comparações que ela faz do cosmos com o organismo humano (ele mesmo um cosmos no livro); as reflexões sobre doença, degradação física e a relação disso com os dilemas existenciais, com as relações familiares e humanas, com o cósmico e com a própria situação do Chile regenerado pós ditadura. Não é uma narrativa que segue uma linha convencional, mas que vale extremamente a pena pra se arriscar. Favorito do ano até agora!
5/5
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romulorocha 04/06/2023

Sistema nervoso, de Lina Meruane - 8/10

Editora: @todavialivros
Gênero: romance
País: México
240 págs

Existem alguns livros que pelo título você espera algo da história, já outros, é através de sua história que o título passa a fazer sentido. Este último é o caso de Sistema nervoso. A história se passa em um Chile em plena ditadura, só este recorte já mexeria com os nervos de muita gente. Mas o que atormenta a vida da protagonista vai muito mais além. Vinda de uma família de estudiosos, na qual o pai médico lhe incentiva e pressiona desde a mais tenra idade, ela se vê estagnado no meio de seu doutorado em astrofísica. Numa tentativa de se conectar consigo mesma novamente ou buscar um escape para lidar com seus problemas atuais, a protagonista adoece. Este adoecimento será apenas o gatilho para uma série de outros estímulos e surpresas que irão desestabilizar profundamente a relação da protagonista com sua família e seus conceitos de saúde.

Eu confesso que este romance foi muito diferentão do que estou acostumado a ler, mas preciso confessar que achei muito inteligente. Muitas viagens, desequilíbrio emocional, dramas familiares e uma ditadura no meio disso tudo. Gostei demais! Para pessoas hipocondríacas, acredito que o livro desperta gatilhos. A linha do tempo na narrativa não é muito linear, mas não foi algo que afetou demais o aproveitamento.

#resenhasdoromulo #sistemanervoso #literaturachilena #linameruane
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anaartnic 07/04/2024

Porque o estranho é viver
Tornei-me uma pessoa pequena diante do universo e grande (porém, ainda impotente) diante das pequenas moléculas do meu corpo, essa foi uma leitura de extremos para mim. Desde o tédio com algumas passagens um pouco repetitivas, até o inesperado foco em entender as leis da medicina e do universo, tudo misturado maestralmente por Lina Meruane.

Para mim, a leitura foi uma metáfora do macro e micro tempo que a existência nos impõe, proporcionando a angústia de uma efemeridade inevitável, com o consolo de não sermos os únicos efêmeros frente ao gigantesco universo que nos envolve.

O estilo de escrita da Meruane me envolveu na história pelo tom íntimo, onde os pensamentos se tornam os grandes protagonistas, estamos diante de um sistema nervoso de fato, que navega conosco por um universo infinito. Detalhes, como o nome dos personagens, pouco importam, são apenas "Ela", "Ele", "Pai", "Primogênito" e assim por diante.

A história de uma doutoranda em astrofísica que corre contra o tempo para finalizar a sua tese, já que o pai, médico aposentado, investiu todas as suas economias em sua educação. No meio deste caminho à tese, disecam-se as relações afetivas que permeiam a vida de "Ela" e como todas as coisas ditas e não ditas construíram e destruíram a sua jornada e núcleo familiar. Como grande coadjuvante, temos doenças que acometem grande parte dos personagens, expondo a nossa fragilidade.

Temos nossa expectativa de vida e o universo também, desde as moléculas de nosso corpo aos grandes buracos negros, um relógio metrifica o nosso tempo de autodestruição. E não é maravilhoso e um tanto assustador o que conseguimos fazer neste tempo?

"A vida sobre a terra era composta de 82% de vegetais, treze por cento de bactérias e dentro dos cinco por cento restantes estava todo o resto. Desse resto, apenas 0,01% era humano. E no entanto, esse 0,01% estava acabando com as outras espécies. Estava acabando até consigo mesmo."

Recomendo a leitura, mas se prepare para uma narrativa não linear, intimista e descritiva. Com toda a certeza este é o primeiro, da lista de livros de Lina Meruane que quero ler depois desta primeira experiência.
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Caio194 05/09/2022

Uma história familiar da doença
Lina Meruane constrói uma história familiar do corpo doente. Os personagens não têm nome - Ela, Ele, o Pai, a Mãe, os Gêmeos, o Primogênito -, e são definidos por sua interioridade e por sua corporalidade doente. Ela é astrofísica, em um doutorado estagnado. Deseja adoecer para escapar do problema, e de fato adoece.
Toda a história gira em torno de diferentes formas de sofrer fisicamente. Todos os personagens apresentam doenças muito únicas, misteriosas, e prolongadas. É, literalmente, uma história familiar de doença. Meruane traça a história da violência em torno desses traumas físicos e, por que não?, sociais - também conta portanto a história da ditadura chilena e do trauma desse evento. A retórica da sequência de palavras, como fluxos crescentes de pequenos pensamentos - "mediria o deslocamento das estrelas que se esticavam ao redor do buraco giratório voraz ponto de não retorno que as tragaria" -, pontua todo o texto, como se revelassem também a emergência violenta do pensamento e das emoções; são soluços das ideias.
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Sabrina320 13/08/2023

Nada óbvio
Nada normal? uma leitura totalmente diferente, interessante e cheia de labirintos em áreas diferentes que prendem a atenção.
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