Valentina SF 05/02/2013
Poção de amor, homem sedutor, mulher frágil. Cheira a cliché? Talvez. Mas garanto-vos que não é. Pessoalmente, não sou leitora assídua de histórias de amor, de almas gémeas, de florzinhas, coraçõezinhos e suspiros. Já devem ter percebido que o que realmente gosto é de suspense, dramas, cenas fortes, sangue e, pronto, um bocadinho de amor pelo meio. Mas - e atentem bem este mas - tem de ser um amor bem apimentado e, como isso, refiro-me a toques eróticos BEM (des)escritos, sem cair na teia fácil do brejeiro. E isso é difícil. Cheryl Holt consegue e deliciosamente. O enredo passa-se à volta de Kate, que vive com uma tia e os seus filhos e é dama de companhia da prima. Esta - interessadíssima pelo Conde Marcus - arranja uma poção para conquistá-lo e Kate bebe-o para provar à prima que esses feitiços são, nada mais, nada menos, que mentiras. No entanto, parece funcionar pois Kate vê-se no quarto de Marcus, onde ele está com outra mulher, e lá permanece a assistir a tudo. Essa situação de voyer provoca em Kate (doce, inocente e pura) novas descobertas no seu corpo; e, em Marcus, uma terrível atração por Kate. Outro detalhe importante: a autora é exímia em caracterizar as personagens. Eu adoro chegar ao fim de um livro e ter a sensação de que conheço aquelas pessoas. E isso acontece com esta obra. Tive momentos de puro ódio pelo Conde (algumas atitudes dele revelam um caráter pouco recomendável); noutros, apetecia-me entrar nas páginas do livro e sacudir Kate (pela sua inocência excessiva) e, no fim, torci para que tudo desse certo - sim, mesmo gostando de terror e noir, é sempre bom ler um final feliz. Os vilões da história são terríveis, terríveis e têm o desfecho que merecem. E reparem na capa. Um sonho, não é? Aquelas flores rosas e brancas são em relevo e o livro traz duas fitas para serem amarradas e isso deu-me a sensação de ter em mãos um diário e que aquela poderia ser a minha história.