Fúria Lupina - Brasil

Fúria Lupina - Brasil Alfer Medeiros




Resenhas - Fúria Lupina


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Carla.Zuqueti 08/11/2020

Surpreendeu!
Joanopolis - uma cidade brasileira naturalmente mística, traz uma surpresa que o ser humano comum mal pode conceber: uma das mais antigas alcateias de homens lobos no Brasil.

Espalhados pelo mundo, comunicando-se pela mente, homens lobos brasileiros e nórdicos se unem contra um dos seres mais destrutivos do planeta: o homem.

No livro ?Fúria Lupina?, somos apresentados com riqueza de detalhes a esse ser fascinante da mitologia: o lobisomem. Não de uma forma folclórica e divertida, como muitos filmes apresentam, mas com uma realidade tão palpável, que fiquei me perguntando se eles realmente não existem.

Quem me conhece sabe que sou fã de filmes de terror e já assisti a todos os filmes de lobisomens acessíveis. Ao ler ?Fúria Lupina? a única coisa que pensei foi: quando será o filme!

O final foi tão empolgante, tão intenso, quase passei mal de tanta ansiedade nas últimas páginas.

Amei o livro! Ansiosa para ler o ?Fúria Lupina - América Central?, mas esse vou querer o autografado!

Recomendo para quem gosta de livros de ação, gostando ou não de lobisomens. É uma excelente reflexão sobre quem realmente é o vilão desse planeta.
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Allife 19/05/2020

Fúria lupina
Não adiantar correr, eles são mais rápidos que você, não adianta se esconder, eles sempre vão te achar.
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Racestari 19/02/2019

Tem que valorizar!
Um livro que me lembra um pouco aqueles escritos pela Patrícia Melo, com frases curtas e indo direto ao ponto. Inúmeras citações a livros e filmes despontam em uma história ágil e com poucas concessões. A contextualização histórica deixa o livro bem legal, e a introdução de nosso folclore traz um saci ao estilo Marcos DeBrito, que também tem um excelente livro de lobisomem. É um autor que me empolgou, e tem tudo para valorizar nossa literatura tupiniquim. Recomendo.
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vortexcultural 06/08/2016

Por Jean Dangelo
Fúria Lupina: Brasil é um livro fascinante, não só pelas personagens incríveis ou pelos detalhes das grandes batalhas, mas também pelo jeito como tudo é apresentado. Além de ser um livro brasileiro, fazendo com que os leitores se acostumem e entendam a maioria dos termos, diálogos e lugares usados ao decorrer do enredo.

A estória começa no ano de 1977, com o nascimento da descendente da uma respeitada família de Homens-lobos. Caroline é a mais forte de sua raça e a principal personagens do livro. Ela cresce sabendo que um dia se transformaria em lobo também, mas isso aconteceu mais cedo que o esperado. Aos 10 anos de idade ela passa pelo ritual de metamorfose e se torna então, uma mulher-lobo.

[Resenha completa no Vortex Cultural - Link abaixo]

site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/furia-lupina/
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SAMUEL 07/08/2014

Um brinde ao sangue derramado
Fui apresentado à obra de Alfer Medeiros através da indicação de outro escritor, o talentoso Alec Silva. Embarquei na leitura esperando um bom livro de horror, mas não foi isso que encontrei, pois Fúria Lupina é bem mais que uma história de horror.

Desde o prólogo, já somos apresentados ao mundo particular dos homens-lobo, começando pela dolorosa transformação, narrada com detalhes e elegância, mesclada a um nascimento cercado de mistério e tensão. Em Fúria Lupina, na maior parte do livro, temos diversas histórias paralelas, que acompanham diferentes licantropos. Os relatos, inicialmente, são totalmente independentes, mas, em certo ponto da trama, vão convergir de forma surpreendente.

A escrita de Alfer Medeiros e instigante, sabendo trabalhar com tensão, violência, e até mesmo ternura, em alguns poucos momentos em que a história permite. Além disso, trabalha o mito do lobisomem por um enfoque distinto do que estamos acostumados, conseguindo envolver o leitor de forma a fazê-lo vibrar com coisas como a decapitação de membros humanos, por exemplo.

A violência não é amenizada pelo autor, que descreve com detalhes cenas grotescas e apavorantes, sem, contudo, cair no mau gosto. Não sou um grande apreciador da violência sangrenta de filmes de horror, ainda assim, em nenhum momento senti algum desconforto na leitura, além daquele necessário, e desejável, que se espera do gênero.

Como já citado, apesar de violento em diversas descrições, o livro vai além de uma história de horror, pois entra a fundo na personalidade das criaturas, em uma inversão de valores onde se confundem predador e presa.

Somos brindados com inúmeras referências a cultura pop. Algumas mais diretas, outras mais implícitas. Não peguei todas, o que é natural, pois cada um vai identificar suas referências de acordo com a bagagem cultural que carrega. Isso, por que não são forçadas, e enriquecem a trama. Destaca-se, ainda, a presença, em diversos momentos da história, de mitos do folclore brasileiro, introduzidos de forma muito interessante, dando uma peculiaridade regional ao livro.

É também muito bem trabalhado o contexto histórico da ação, de acordo com a época em que se passa cada capítulo, visto que o livro segue um período amplo de tempo.

O modo com as várias trajetórias descritas se convergem é extremamente hábil, culminando em um desfecho tenso e violento, recheado de surpresas e revelações. Esse final põe um ponto final à história, no entanto, em seguida temos um epílogo que abre um leque de possibilidades para uma sequência, que virá no livro “Fúria Lupina – América Central”, que já adquiri e lerei em breve.

Recomendo a todos essa leitura, até mesmos àqueles que não tem predileção pelo horror.


site: http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/08/resenha-furia-lupina-brasil-alfer.html
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Leitor Cabuloso 11/12/2012

http://leitorcabuloso.com.br/2012/11/resenha-furia-lupina-brasil-um-uivo-imponente-que-faz-pensar-o-que-e-civilizacao/
Saudações, caros leitores! Vampiros e lobisomens são dois dos grandes ícones das histórias de terror e em suas raízes carregam unanimemente um jeito que mescla mistério e pavor, emoção que é inspirada em todos aqueles que interferem em suas vontades, além de muitos outros elementos, e o livro de hoje pode ser considerado uma meditação acerca do mito do lobisomem em suas origens, as várias leituras que já foram feitas e qual o sentido que abriga em seu cerne, afinal os mitos sempre carregam algo nas entrelinhas, isso é o que concede a cobiçada “imortalidade”. Começar essa leitura foi como mergulhar em um mar esperando encontrar um baú cheio de ouro e vocês querem saber o que consegui achar em minha busca? Convido-o a sentar-se e esquecer tudo o que está acontecendo na selva de pedra, prometo não lhe tomar mais tempo que o necessário, e vou dar o meu relato sobre “Fúria Lupina: Brasil”.

Primeiro, saliento que este é um romance principalmente sobre o típico conflito de homem e fera, apesar de outros temas serem desenvolvidos paralelamente, portanto, se você prefere histórias em que os homens-lobos sejam bestas sem um norte, sinto muito em lhe informar, mas aqui o que é elaborado é mais complexo e talvez não agrade ao seu paladar literário. Contudo, se você busca uma experiência de terror, simulado obviamente, e uma generosa dose de ação: você está lendo sobre o livro certo!

De certa forma, todo o livro busca validar um pensamento: “A natureza lupina liberta. A natureza humana destrói.” Nesse momento, provavelmente, estou sendo indagado da seguinte maneira: “Então a obra, dentro de seu contexto ficcional, procura defender que o melhor a fazermos é assumirmos um modo de vida animalesco?” Então eu replico com outra pergunta: “Mas o que vem a ser uma ‘forma de vida animalesca’?” Esse nosso breve diálogo serviu-me para introduzir a questão de um dos principais pensamentos que os lobisomens criados pelo Alfer nos suscitam, ou seja, a pergunta sobre o que é ser animal e o que é ser humano, seria isto uma condição puramente biológica? A realidade nos prova que não, pois quando um humano comete atos hediondos (assassinatos, por exemplo) frequentemente nos referimos a ele como um monstro, algo que não mais é semelhante a nós mesmos. Fico profundamente feliz como leitor quando tenho a oportunidade de, a partir de obras bem elaboradas, refletir acerca de questões tão fundamentais para a sociedade, mas que são ignoradas no dia-a-dia da chamada vida moderna.

O autor também não se contenta em nos retratar a camada mais superficial dos lobisomens, a sua aparência que faz pessoas congelarem somente ao vislumbrarem a silhueta ou correrem como se o próprio inferno estivesse em seu encalço (poucos são os corajosos que entram em um embate), como normalmente vemos na maioria dos filmes (muito ruins, por sinal), mas também conduz uma descrição minuciosa de suas emoções e pensamentos, permitindo que o leitor sinta-se na pele dos lobos. Não é de se estranhar esta característica no texto, uma vez que os lobisomens são os grandes protagonistas, apesar de uma das colunas da história ser um humano, muito inescrupuloso e sádico, aliás.

O conceito de civilização também é posto em xeque, pois os humanos que vemos são, em sua maioria, pessoas de pouco caráter e capazes de ações egoístas e cruéis sem qualquer remorso posterior, enquanto os lobos costumam exibir uma estrutura social extremamente unida e baseada em cooperação, capaz até de perdoar as maiores ofensas dos humanos, desde que elas não ponham em risco as vidas deles. Isso me lembrou o romance “O Chamado Selvagem” de Jack London em que Buck, uma cria de um São Bernardo com uma Pastora Escocesa, é forçado em uma jornada que culminará em seu encontro com a sua herança genética, seu lado mais primitivo e exuberante de vida, mas sempre permeado por um senso de coletividade, honra e nobreza. Definitivamente, concluímos que uma sociedade com maquinas sofisticadas não implica em pessoas melhoras e antes de queremos ser referência em riquezas matérias, deveríamos trabalhar os nossos valores. Nesse sentido, aprendemos muito com o jeito rústico dos lobos.

O Alfer Medeiros não deixa de lado o nosso folclore, mesmo o centro das atenções sendo um mito mundial, e usa algumas das figuras mais conhecidas de nossa nação, como: Curupira, Saci, Boto e, uma que eu não conhecia, o Corpo-Seco. A participação deles é brevíssima, porém exercem uma importância fundamental na trama. Adorei esta singela homenagem, pois o nosso país tem riquezas culturais, basta que mentes hábeis segurem estas coisas e trabalhem em seus devidos campos artísticos, assim como ocorreu neste livro. Acreditem, depois dessa leitura vocês nunca mais vão zombar do Saci! Querem saber o motivo desta minha declaração? Somente vão descobrir ao adquirirem o livro.

A obra é alicerçada em diferentes pontos (personagens) que nos possibilitam formar uma visão abrangente do mito dos lobisomens e suas diversas interpretações (literárias e cinematográficas), além de deixar a narração dinâmica. Estas peças realmente não demonstram uma ligação muito forte inicialmente, porém com um compasso harmônico, tudo vai sendo orquestrado para nos presentear com um desfecho em que as partes se unem para formar algo de sentido maior que qualquer um pensou anteriormente. Como a história se passa ao longo de algumas décadas, cada detalhe torna-se coerente, pois a construção da mente dos personagens e suas ocasionais mudanças de temperamento ou como enxergam o mundo tornam-se plausíveis. Ao fecharmos o livro, concluímos que até nós mesmos carregamos um lobo dentro de nós, aquela consciência que às vezes consideramos rudimentar, mas que nos sussurra sempre que cometemos uma infração, propositalmente ou não, contra o nosso planeta ou um semelhante, ou quando sentimos uma ligação poderosíssima com alguém, seja uma pessoa conhecida há anos ou alguém que nunca vimos. Enfim, o lobo é aquele nosso instinto em preservar o que está ao nosso redor, zelar pelos nossos semelhantes e pesarmos nossas atitudes com uma visão clara. Quanto às falhas, isso é fruto de nosso lado mais soberbo, aquele que se gaba de um título tão vago e que constantemente não é analisado (ser racional), este lado da moeda se chama natureza humana. Seria sadio ouvirmos mais o nosso “lobo interior”.

Para finalizar, comento que a diagramação e a revisão estão perfeitas, não há qualquer coisa do que reclamar. As letras possuem um tamanho bom para leitura, o que torna as páginas brancas, que são mais cansativas para a leitura, perfeitamente suportáveis (páginas brancas e letras pequenas, não colaboram na leitura). O livro é dividido em oito capítulos, iniciados por uma ilustração em preto e branco de um lobisomem uivando para a lua, sendo cada capítulo dividido em subcapítulos e estes em várias partes, os capítulos, assim como os subcapítulos, recebem nomes que adquirem sentido com os eventos subsequentes, mas nenhum deles chega a ser um spoiler, menciono isso porque já teve livros em que os capítulos possuíam nomes e eles revelavam além do que é necessário. A Madio Editorial fez um ótimo trabalho, meus parabéns. Depois desta avaliação, dou cinco selos cabulosos e digo: comprem este livro!
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Ednelson 04/12/2012

Análise:

“Ao final da metamorfose, uma poderosa criatura levanta-se da posição fetal em que se encontrava. Uma grande cabeça de lobo move-se para a direita e para a esquerda, saboreando avidamente o que a noite tem a oferecer.”
—Pág. 11.

Saudações, caros leitores! Vampiros e lobisomens são dois dos grandes ícones das histórias de terror e em suas raízes carregam unanimemente um jeito que mescla mistério e pavor, emoção que é inspirada em todos aqueles que interferem em suas vontades, além de muitos outros elementos, e o livro de hoje pode ser considerado uma meditação acerca do mito do lobisomem em suas origens, as várias leituras que já foram feitas e qual o sentido que abriga em seu cerne, afinal os mitos sempre carregam algo nas entrelinhas, isso é o que concede a cobiçada “imortalidade”. Começar essa leitura foi como mergulhar em um mar esperando encontrar um baú cheio de ouro e vocês querem saber o que consegui achar em minha busca? Convido-o a sentar-se e esquecer tudo o que está acontecendo na selva de pedra, prometo não lhe tomar mais tempo que o necessário, e vou dar o meu relato sobre “Fúria Lupina: Brasil”.

Primeiro, saliento que este é um romance principalmente sobre o típico conflito de homem e fera, apesar de outros temas serem desenvolvidos paralelamente, portanto, se você prefere histórias em que os homens-lobos sejam bestas sem um norte, sinto muito em lhe informar, mas aqui o que é elaborado é mais complexo e talvez não agrade ao seu paladar literário. Contudo, se você busca uma experiência de terror, simulado obviamente, e uma generosa dose de ação: você está lendo sobre o livro certo!

De certa forma, todo o livro busca validar um pensamento: “A natureza lupina liberta. A natureza humana destrói.” Nesse momento, provavelmente, estou sendo indagado da seguinte maneira: “Então a obra, dentro de seu contexto ficcional, procura defender que o melhor a fazermos é assumirmos um modo de vida animalesco?” Então eu replico com outra pergunta: “Mas o que vem a ser uma ‘forma de vida animalesca’?” Esse nosso breve diálogo serviu-me para introduzir a questão de um dos principais pensamentos que os lobisomens criados pelo Alfer nos suscitam, ou seja, a pergunta sobre o que é ser animal e o que é ser humano, seria isto uma condição puramente biológica? A realidade nos prova que não, pois quando um humano comete atos hediondos (assassinatos, por exemplo) frequentemente nos referimos a ele como um monstro, algo que não mais é semelhante a nós mesmos. Fico profundamente feliz como leitor quando tenho a oportunidade de, a partir de obras bem elaboradas, refletir acerca de questões tão fundamentais para a sociedade, mas que são ignoradas no dia-a-dia da chamada vida moderna.

O autor também não se contenta em nos retratar a camada mais superficial dos lobisomens, a sua aparência que faz pessoas congelarem somente ao vislumbrarem a silhueta ou correrem como se o próprio inferno estivesse em seu encalço (poucos são os corajosos que entram em um embate), como normalmente vemos na maioria dos filmes (muito ruins, por sinal), mas também conduz uma descrição minuciosa de suas emoções e pensamentos, permitindo que o leitor sinta-se na pele dos lobos. Não é de se estranhar esta característica no texto, uma vez que os lobisomens são os grandes protagonistas, apesar de uma das colunas da história ser um humano, muito inescrupuloso e sádico, aliás.

O conceito de civilização também é posto em xeque, pois os humanos que vemos são, em sua maioria, pessoas de pouco caráter e capazes de ações egoístas e cruéis sem qualquer remorso posterior, enquanto os lobos costumam exibir uma estrutura social extremamente unida e baseada em cooperação, capaz até de perdoar as maiores ofensas dos humanos, desde que elas não ponham em risco as vidas deles. Isso me lembrou o romance “O Chamado Selvagem” de Jack London em que Buck, uma cria de um São Bernardo com uma Pastora Escocesa, é forçado em uma jornada que culminará em seu encontro com a sua herança genética, seu lado mais primitivo e exuberante de vida, mas sempre permeado por um senso de coletividade, honra e nobreza. Definitivamente, concluímos que uma sociedade com maquinas sofisticadas não implica em pessoas melhoras e antes de queremos ser referência em riquezas matérias, deveríamos trabalhar os nossos valores. Nesse sentido, aprendemos muito com o jeito rústico dos lobos.

O Alfer Medeiros não deixa de lado o nosso folclore, mesmo o centro das atenções sendo um mito mundial, e usa algumas das figuras mais conhecidas de nossa nação, como: Curupira, Saci, Boto e, uma que eu não conhecia, o Corpo-Seco. A participação deles é brevíssima, porém exercem uma importância fundamental na trama. Adorei esta singela homenagem, pois o nosso país tem riquezas culturais, basta que mentes hábeis segurem estas coisas e trabalhem em seus devidos campos artísticos, assim como ocorreu neste livro. Acreditem, depois dessa leitura vocês nunca mais vão zombar do Saci! Querem saber o motivo desta minha declaração? Somente vão descobrir ao adquirirem o livro.

A obra é alicerçada em diferentes pontos (personagens) que nos possibilitam formar uma visão abrangente do mito dos lobisomens e suas diversas interpretações (literárias e cinematográficas), além de deixar a narração dinâmica. Estas peças realmente não demonstram uma ligação muito forte inicialmente, porém com um compasso harmônico, tudo vai sendo orquestrado para nos presentear com um desfecho em que as partes se unem para formar algo de sentido maior que qualquer um pensou anteriormente. Como a história se passa ao longo de algumas décadas, cada detalhe torna-se coerente, pois a construção da mente dos personagens e suas ocasionais mudanças de temperamento ou como enxergam o mundo tornam-se plausíveis. Ao fecharmos o livro, concluímos que até nós mesmos carregamos um lobo dentro de nós, aquela consciência que às vezes consideramos rudimentar, mas que nos sussurra sempre que cometemos uma infração, propositalmente ou não, contra o nosso planeta ou um semelhante, ou quando sentimos uma ligação poderosíssima com alguém, seja uma pessoa conhecida há anos ou alguém que nunca vimos. Enfim, o lobo é aquele nosso instinto em preservar o que está ao nosso redor, zelar pelos nossos semelhantes e pesarmos nossas atitudes com uma visão clara. Quanto às falhas, isso é fruto de nosso lado mais soberbo, aquele que se gaba de um título tão vago e que constantemente não é analisado (ser racional), este lado da moeda se chama natureza humana. Seria sadio ouvirmos mais o nosso “lobo interior”.

Para finalizar, comento que a diagramação e a revisão estão perfeitas, não há qualquer coisa do que reclamar. As letras possuem um tamanho bom para leitura, o que torna as páginas brancas, que são mais cansativas para a leitura, perfeitamente suportáveis (páginas brancas e letras pequenas, não colaboram na leitura). O livro é dividido em oito capítulos, iniciados por uma ilustração em preto e branco de um lobisomem uivando para a lua, sendo cada capítulo dividido em subcapítulos e estes em várias partes, os capítulos, assim como os subcapítulos, recebem nomes que adquirem sentido com os eventos subsequentes, mas nenhum deles chega a ser um spoiler, menciono isso porque já teve livros em que os capítulos possuíam nomes e eles revelavam além do que é necessário. A Madio Editorial fez um ótimo trabalho, meus parabéns. Depois desta avaliação, dou cinco selos cabulosos e digo: comprem este livro!

Escrevo no: http://leitorcabuloso.com.br/
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Psychobooks 01/12/2011

Como o próprio nome do livro revela, essa é uma história de lobisomens! Mas cuidado, eles acham ofensivo serem chamados assim, então para sua própria segurança e conservação dos membros intactos, aconselho que os chamem de homens-lobos.

Alfer criou um mundo onde a transformação de homens em lobos é inserida entre as lendas que conhecemos sobre esses seres.

Ao contrário das lendas em que homens se transformam em feras e sua natureza animal domina os sentidos humanos quando transformados, e também divergindo do controle absoluto que algumas histórias dão para os homens sobre a forma animal, o autor preferiu que seus homens-lobos aprendessem a controlar seus instintos quando transformados; e querem saber? Até hoje achei essa forma de explicação a mais racional dentre todas elas.

Conhecemos os Lobos em 1977, data do nascimento de nossa protagonista – Caroline. A menina nasce em Joanópolis, cidade do interior de São Paulo. No seio de sua família, a natureza lupina é abraçada com orgulho. Caroline logo se revela uma alfa.

São três as naturezas lupinas apresentadas durante a narrativa: Alfa – destinada a chefiar; Beta – logo atrás do Alfa, tendo que acatar suas decisões e o ômega, que são homens (ou mulheres) que têm a natureza lupina mas que por algum motivo não a desenvolveram completamente. Guardem o nome “Monica Chavez”, uma ômega bem perversa e que tem papel fundamental na trama.

Alfer dividiu o livro em subcapítulos, cada um marcando uma época – o livro se passa entre 1977 e 2010 – e sob a perspectiva de diversos personagens.

Durante o transcorrer do enredo dá pra visualizar o embate iminente. Acompanhamos 5 frontes diferentes:

Green Death – Berserkr e Fênix são os “alfas” dessa organização radical. Com uma consciência ecológica que deixa o “Green Peace” no chinelo, esse bando de lobos está pronto para fazer sua própria justiça custe o que custar. Se não gosta de sangue, as caçadas dos partidários do Green Death não foram feitas para você…

Joanópolis – essa é a Alcateia de Caroline. Nessa cidade há quatro famílias que tomam conta das redondezas. É aqui que, durante a adolescência, a mulher-lobo aprende a lidar com seu instinto animal e se destaca como alfa. Sua vida toma um rumo mais concreto quando vai à São Paulo estudar e conhece o grupo “Alcateia Global”.

Joe “Hell” Vansing – um sádico caçador americano que topa por um acaso com um homem-lobo no México. A partir desse dia os lobisomens são sua caça preferida, com a ajuda de seu amigo e companheiro de sadismo Ted Guent, formam um grupo de caça. Cada página estrelada por esses dois é repleta de sangue! Quanto ao nome do antagonista… Confesso que não me agradou nem um pouco. Aqui o autor faz uma clara alusão ao famoso “Van Hellsing” e eu não parava de confundir os nomes.

Mato Grosso – Aqui nasceu Dante, o sétimo filho de uma mãe de seis filhas que tinha um caso com um padre. Dante se transforma em homem-lobo e tem que aprender sozinho a controlar os seus instintos.

Amazônia – Do meio para o final do livro, a floresta é palco dos acontecimentos que são o clímax da história. Aqui também conhecemos Nazaré, a sétima filha de seis filhos, uma autista peeira (nome que se dá a quem tem o dom de falar com os canídeos). Falei que ela é autista? *.* Não preciso nem dizer que a personagem virou meu xodó, né? S2

Alfer nos conduz muito bem durante todo o enredo do livro. Acredito que algumas partes poderiam ter ficado mais enxutas. Temos, por exemplo, várias demonstrações de como os homens-lobos são seres justos, mas que cobram sangue quando necessário.

Algumas carnificinas no meio do livro acabaram ficando sem propósito. Creio que a intenção era mostrar a natureza dos lupinos, mas isso repetido duas, três, quatro vezes ficou um pouco enfadonho.

Gostei BASTANTE da inserção de outros seres da mitologia brasileira no livro. A caipora da o ar da graça, o Boto, o Mboitatá também (era ela na vala dos mortos, Alfer?) e o SACI!! Adoro o Saci, e sua aparição é superpertinente e bem-colocada.

No todo o livro do Alfer é muito bom! Ele tem um narrativa que prende a atenção e nos deixa ansiosos pela continuação dos próximos capítulos, a forma de escrita me lembrou bastante os livros do Vianco, com aquela pegada de ação o tempo todo. Gosto bastante também da “crueldade” mostrada por ele. Em nenhum momento ele mostra misericórdia por seus personagens, vai a dica: na história de Alfer, nenhum personagem está a salvo de encontrar o seu fim.

O livro tem claramente uma continuação, mas a trama apresentada nesse primeiro volume se fecha completamente, deixando apenas alguns fios soltos para aguçar a curiosidade e aumentar a agonia do leitor enquanto espera o segundo volume. Sadismo puro! =P

“(…)Assim que ouve os passos desesperados da criança com hipertricose, Vansing vira-se, mira e abate o garoto, com um tiro no meio das costas.(…)
- Por que você fez isso com ele?
- Ted, tenho dois motivos. Primeiro: faz meses que não treino com alvo móvel. Segundo: não gosto de ninguém morrendo triste. Por um instante, ele acreditou mesmo que conseguiria escapar – (…)
Página 134.

Link: http://www.psychobooks.com.br/2011/03/resenha-sorteio-furia-lupina.html
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Renato Dieckson 04/10/2011

Fúria Lupina – Brasil - Autor e Obra

Alfer Medeiros é um autor sensacional, que envolve a cada novo parágrafo, deixando a expectativa do que encontraremos na próxima pagina.
Fúria Lupina nos remete a um universo totalmente incrível, um misto entre a ficção do lobisomem com o tão vivo folclore brasileiro e de maneira espetacular envolve até a ultima página.
No mais, detalhes seria impossível colocar mais algumas descrições que não esteja presente nas demais resenhas, desde que possa destacar, o autor é espetacular e Fúria Lupina, nos mostra o grande potencial de Alfer Medeiros, um nome que tem muito por marcar na literatura nacional. Guardem esse nome e aguardem.
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barbsm 04/10/2011

Lobisomens num contexto atual! Um dos melhores livros que eu já li! É muito bom ver um livro tão bem escrito numa realidade tão próxima da nossa! E a descrição física dos personagens transformados, a mistura do nosso folclore e da nossa fauna... fiquei encantada!
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Gisele Galindo 04/10/2011

Terror nas florestas brasileiras
Primeiramente, Alfer Medeiros é uma pessoa ótima, fantástica mesmo. Mal o conhecia e ele passou a conversar comigo de vez em quando e a demonstrar interesse pelas vitórias que vinha conquistando a cada passo árduo à publicação de meu primeiro livro. O que demonstra a ligação e a felicidade dos autores nacionais em compartilhar a alegria do próximo. Alfer faz parte desse seleto grupo.

Mas, como todos que acompanham meu blog sabem que sou sempre muito sincera nas resenhas. Isso não influenciará o texto a seguir.

Ler Fúria Lupina foi na verdade um desafio pessoal, como alguns outros que me imponho de vez em quando. Pois, não sou muito chegada a histórias de lobisomens. No entanto, a capa me chamou muito a atenção e decidi conhecer essa obra. Realmente, apaixonei-me pela capa, hehe.

No início da leitura já passei a gostar. Uma narrativa que fluía a cada linha. Gotosa de se ler.
Porém, todavia, entretanto... rs, revelou-se uma história bem sangrenta. Alfer não poupa detalhes do derramamento de sangue. É cabeça para um lado, perna para outro. Garras e mais garras dilacerando o bicho homem. Calma, os bonzinhos escapam da matança... ou não.

O que mais gostei foi do emaranhado e da complexidade que Medeiros criou durante todo o livro.

A “pegada” do autor não foi descrever cenas românticas ou fraternais. Nada disso. Confesso, senti falta dessas partes, que eram passadas rapidamente e sem detalhes nos trechos destinados a isso. Os detalhes foram reservados aos trechos de ação e aqueles recheados de sangue. Que, confesso, mais uma vez, me embrulhavam o estômago.

Aos apaixonados por esse estilo de literatura, Fúria Lupina é um prato cheio.

Apenas achei que ele poderia ter maneirado um pouco nas descrições, já que às vezes elas eram repetidas, como também, algumas informações já citadas em capítulos anteriores.
Quanto aos erros... gramaticais e de digitação, foram raros. Já de repetição de palavras e o excesso do sufixo ente, mente... como, desesperadamente, insuficientemente. Essas coisas... Mas, foi só.

Ainda não sei o que pensar da Alcateia Global... às vezes gostava e outras detestava. Ah, Alfer também inseriu outras figuras do folclore brasileiro, o que gostei muito. A criatividade rolou solta, maravilha!!!

Recomendo a leitura!
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Talita 12/08/2011

Como explicar um livro que me deixou ''tonta'' do começo ao fim?

Bom, vocês devem estar se perguntando: ''como assim te deixou tonta?'', bom, me deixou assim porque na maior parte do livro eu lia mas não entendia nada do que tinha acabado de ler de tanta embolação que nunca sabia quem era quem.

Vou tentar explicar mais ou menos do que eu pude entender depois de muito reler cada capítulo e mil resenhas e opniões diferentes.


O livro é dividido por períodos, cada uma com um significado específico na cronologia do enredo. A história não se detém ao foco de apenas um personagem, e tem a narrativa em terceira pessoa, podendo assim explorar a visão de vários personagens intercalando suas histórias, até que todas se cruzam em um desfecho surpreendente.

As partes que mais chamaram minha atenção foram as com um foco nos personagens Caroline, Dante e do vilão, Joe “Hell” Vansing (só eu li e lembrei do Van Helsing?) acho que porque era a única parte que tinha um pouco de romance, porque o resto é totalmente selvagem, sangrento e com muita riqueza de detalhes nas cenas mais fortes que causam até uma certa náusea.

Com o foco na ação, o livro avança em páginas sangrentas, mostrando os personagens enfrentando desafios e descobrindo suas habilidades, regadas por caçadas, combates e surpresas. Porém, o que me incomodou mais foram os diálogos. Achei a linguagem um tanto forçada demais, meio confusa.

Para concluir, acredito que Fúria Lupina foi um bom trabalho de Alfer Medeiros, que nos presenteou com uma história criativa em suas páginas regadas a muito rock n' roll ;)
Mas vale lembrar os detalhes que citei para que no próximo livro não ocorram tais erros e para que a leitura flua melhor.

Quotes:
“A fraqueza humana de colaborar com a mediocridade alheia será abandonada. Agora, entra em ação a lei mais primordial da natureza: somente os fortes sobrevivem.” - Página 173
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“A natureza lupina liberta. A natureza humana destrói.” - contra-capa
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Ps: Partes parecidas com resenhas alheias não é mera coencidência, li e reli mil resenhas antes e depois de ler o livro, e fiquei com algumas passagens na cabeça que pode ter ficado parecidas com alguns trechos, mas não foi por mal, foi uma busca pra entender melhor a história que como eu disse não tinha ficado muito clara ;)

Alfer Medeiros 12/09/2011minha estante
Esta é uma resenha preocupante, pois é a primeira vez que alguém não entende direito o que foi narrado nas páginas de Fúria Lupina Brasil. Como autor, devo sempre prestar atenção em comentários como este, para poder encontrar os pontos de atenção nos quais devo aplicar correções.
Talita, se assim desejar, entre em contato para podermos falar sobre esses trechos onde houve falta de entendimento da trama. Será muito valioso seu feedback mais detalhado.
Um abraço e obrigado.




Junior Cazeri 10/07/2011

Alfer Medeiros, com que já bati um papo um tempo atrás, lança seu livro de estréia, o raivoso Fúria Lupina e mergulha no universo dos lobisomens com uma visão bem pessoal do tema. Figuras que ganharam destaque na literatura nacional este ano, os licantropos de Alfer afastam-se do conceito de “caçadores solitários” e apresentam-se de forma organizada, unida e mortal.

A trama tem início em 1977 e mostra em cada capítulo famílias diferentes recebendo novos membros em seus lares. Recém nascidos que chegam ao mundo com alegria, tristeza e desconfiança, conforme cada caso. E o tempo avança até nossos dias e acompanhamos a infância, adolescência e amadurecimento destes personagens tão distintos entre si, que têm em comum apenas o dom de se transformar em lobos poderosos e buscar um equilíbrio entre sua condição e o meio em que vivem. Eu disse dom? Pois é, no universo de Fúria Lupina a transformação, ainda que dolorosa, não é vista como uma maldição, muito pelo contrário.

Em uma linha paralela, somos apresentados a uma dupla de caçadores americanos que, por um capricho do destino, acabam se deparando com um das criaturas da noite e descobrem no negócio de caça ao lobisomem um trabalho não apenas lucrativo, mas que também pode aplacar o sadismo de ambos. E é claro que lobos e caçadores vão se encontrar pelas páginas do livro. Mas, esse não é apenas um jogo da gato e rato, temos ainda organizações internacionais, ecoterroristas lupinos, castas de lobos e outros detalhes que vão enriquecer a narrativa.

O autor toma um cuidado muito grande nas descrições dos cenários, principalmente das várias cidades onde se passam as ações, e usa várias referências de épocas e lugares, dando um charme especial a passagem do tempo em cada parte da história. Os mitos do folclore brasileiro também fazem sua participação, todos em momentos importantíssimos, interagindo com os lobos e compartilhando conhecimentos (não, felizmente, o Bilu não aparece). Mas, também correu grandes riscos, como narrar a história no presente e não descrever pensamentos de nenhum personagem, o que cria uma barreira entre o leitor e os personagens.

Com o foco na ação, que é ininterrupta, o livro avança em páginas sangrentas, mostrando os protagonistas enfrentando desafios e descobrindo suas habilidades. Os fãs do gênero vão se deliciar com as caçadas, combates e surpresas, assim como na forma com que o autor consegue amarrar tudo isso ao final. Um livro descompromissado e divertido, que deve se tornar o primeiro volume de uma série.

Contudo, um elemento me incomodou durante a leitura, os diálogos. Falta espontaneidade nas conversas entre amigos, que, para explicar a trama ao leitor, conversam como desconhecidos, numa linguagem um tanto forçada e didática, e que tenho certeza que, com o cenário já criado, vai evoluir muito no próximo volume. Há também uma certa inocência, uma visão em preto e branco, dos fatores ecológicos, mas nada que comprometa.

Enfim, um bom trabalho de estréia de Alfer Medeiros, que nos presenteia com muito rock, garras afiadas e uivos assustadores.

Resenhado no http://cafedeontem.wordpress.com/
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Adriana F. 06/07/2011

Uma obra que sempre quis ler!
Falar de Fúria Lupina – Brasil é falar de lobisomens, de folclore, de ecologia... É violência, ódio, sangue e vísceras... É falar, principalmente, do bicho-homem, o predador voraz cuja racionalidade remete às atitudes mais irracionais possíveis. Mas vamos lá, falarei por partes!

O livro está muito bem escrito, a despeito de alguns erros de revisão que se tornaram mais visíveis no decorrer da leitura. Não são exagerados, mas estão presentes. Algumas redundâncias (“há muito tempo atrás”, por exemplo) e alguns errinhos básicos de digitação (como alguns “ss” comidos em um ou outro plural), um "mal" no lugar de "mau", só para citar exemplos. Mas de maneira geral, uma boa edição. A ilustração do lobo está linda e a capa é muito pertinente e criativa. Uma edição caprichosa até nos detalhes, como os “arranhões” separando trechos num mesmo capítulo. Lindo!

A leitura é fluida, dinâmica desde o início. Um livro gostoso de ler, com capítulos separados por núcleos, o que me fez lembrar Stephen King (principalmente em Desespero). A despeito do que vi em alguns comentários, os capítulos não são histórias independentes, mas núcleos de personagens que estão interligados. Estilo que muito aprecio. As cenas de ação são intensas, de tirar o fôlego desde as primeiras páginas quando o autor, com muita propriedade, narra a primeira metamorfose.

A violência é narrada sem eufemismos. Muito sangue, membros decepados, tripas espalhadas pelo chão... A ideologia do “olho por olho” é amplamente disseminada ao longo do livro, porém, o autor – enquanto narrador – não toma partido, deixando para o leitor a escolha de um lado, a aprovação ou não de atitudes regadas a uma vingança desmedida. O sexo é inserido na dose certa, sem vulgaridade, ora de maneira repugnante e violenta, ora de maneira terna e romântica.

Os personagens... Ah, os personagens... Todos muito bem construídos e cativantes, desde o caçador ensandecido até o líder da Alcateia Global. Não dá para não odiar Hell Vansing e não amar a complexidade com a qual ele foi criado. Sua determinação beirando a loucura e obcecação deixa o leitor perplexo, espumando de raiva tanto quanto os lobos. E a torcida para que seu fim seja lento e doloroso é inevitável. E a peeira... Que linda! Uma personagem muito bem trabalhada, profunda, intrigante e absurdamente carismática. Impossível não amá-la.

Green Death é um caso à parte. A organização ecoterrorista chegou para mostrar os dois lados de uma mesma moeda. Sangrenta moeda, diga-se de passagem. Muito sangrenta!

O enredo une diversas críticas e, como o próprio autor mencionou, a leitura possui camadas. Crítica a uma sociedade autodestrutiva, gananciosa e hipócrita, cujas minorias são massacradas constantemente pelo simples fato de serem minorias.

Segue um trecho da fala de um padre sobre uma família em Cuba:

“– Vejam bem, não é simplesmente a questão de estarem atacando ou não o povo daqui. Eles são seres do mal, e sua simples presença traz mau-agouro.” (pág. 127)

Isso mostra claramente a hipocrisia e imoralidade com a qual a Igreja, de maneira geral (sem entrar no mérito das religiões), trata seu “rebanho”. Não importa se são inocentes ou não. O que importa é manter os fiéis com cabresto, mansos, banhados em superstições e crenças irracionais.

Em outra passagem o autor cita com muita inteligência a hipocrisia referente ao amor incondicional pregado na Bíblia (pág. 42), inserindo questionamentos que todos deveriam ter.

A ideologia do “olho por olho, dente por dente”... Essa questão é bem complicada e é o alicerce do tema em Fúria Lupina. Como disse anteriormente, o autor não toma partido e deixa a decisão para o leitor. Eu, em sã consciência, sou contra essa ideologia, mas no livro ela é colocada com tal paixão que nos faz acreditar ser a única alternativa. Às vezes me pego pensando que sim, deveria existir um predador capaz de sobrepujar o poder do – até então predador de topo – ser humano.

A crítica não para por aí. O ser humano tornou-se algo desprezível e descartável em Fúria Lupina. Segue um trecho sobre um incidente no bairro da Barra Funda envolvendo Dante e alguns delinquentes:

“No final das contas, a polícia não mostrará empenho nas investigações e arquivará o caso como não solucionado, afinal são pessoas que não farão a menor falta à sociedade.” (pág. 153).

Até que ponto criminosos não farão falta? E não farão falta para quem? Para a sociedade como um todo? Para suas famílias? Seus pais, seus filhos? E se uma sociedade não possui seu lado podre, quem terá capacidade para descobrir seu lado bom? E, a despeito da cena supracitada (que não entrarei em detalhes para não soltar spoilers), criminosos são crias de uma sociedade desigual, fria e cruel, na qual uma minoria elitista tira as oportunidades das massas, e estas precisam sobreviver com o que a própria sociedade ensinou: tirando dos mais fracos.

Além de críticas ecológicas, sociais, políticas, religiosas, Fúria Lupina – Brasil vem carregado de referências das mais diversas, característica do autor, mostrando toda sua cultura de décadas de leitura, de filmes “trash” e boa música.

Não posso deixar de falar que Fúria Lupina é o tipo de leitura que sempre quis ler (o que me faz parecer uma entusiasta). Alfer Medeiros, autor jovem, culto e muito criativo, não é apenas mais um a escrever fantasia sem nexo e sem conteúdo. Não é apenas mais do mesmo, mais uma historinha de terror que fechamos o livro quando acabamos e pronto, mais um monte de papel caído no ostracismo. Alfer Medeiros tem humildade e uma outra coisa que falta na grande maioria dos escritores de Literatura Fantástica: ele tem algo a dizer!!!

O que? Se Fúria Lupina tem algo de negativo? Obviamente, toda obra é passível de melhorias. No caso de Fúria, não seria diferente: me deixou extremamente ansiosa para ler a continuação!

Ok, brincadeiras à parte, a única coisa que não gostei foram as explicações em demasia. Algo que eu, particularmente, não aprovo numa leitura. Mas nem isso tirou todo o prazer que tive em, finalmente, encontrar um livro da nossa LitFan nacional com conteúdo.

Não preciso dizer que recomendo, né? =)
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