Lari 26/11/2010
O Mundo Acabou
Lançado em 2006 pela editora Globo, O Mundo Acabou, do jornalista Alberto Villas, foi um dos livros mais deliciosos que já li. Em poucas palavras, é uma leitura para sentir saudades de coisas que você não viveu. Descobri a obra enquanto procurava um presente de aniversário para meu pai e, no fim das contas, toda a minha família foi presenteada. O livro é uma coletânea de pequenos textos acerca de vários produtos, memórias, personagens e costumes das décadas de 1950 e 1960. As esquetes são escritas com muito humor e bom gosto. No entanto, se você, (como eu) é novo demais para entender as passagens (alguns produtos ainda sobrevivem, embora sem a mesma magia, como a pomada Minancora e as pastilhas Valda), leia com seus pais, ou avós, ou todos: é um livro para ser lido em família, e acrescido de histórias particulares e nostálgicas.
A obra é composta de ilustrações de objetos e propagandas, juntos a uma descrição/explicação do produto e contam um pouco da história da época e do próprio autor. A leitura é muito leve e pode ser concluída em único dia. Acredite: assim que sentar-se para ler será muito difícil se levantar sem ter acabado. O livro retrata um outro lado daquele momento histórico que ,embora vivesse o início de uma ditadura militar, continha um quê de magia, retratadas pelo boom da industria publicitária, nas séries de TV ou revistas. O jornalista José Aloise Bahia, escreveu:
Alguém pode falar em desmedida nostalgia capitalista ou pensar outra coisa – na ditadura militar, por exemplo. Entretanto, os detalhes que se encerram é um mundo que tinha talco Jhonson para adultos – inclusive para os homens -, bebia Crush, lambia pirulito de chocolate da Kibon, chupava drops Dulcora, frenquentava aulas de catecismo, vestia calças Far-West, calçava tênis Bamba, fumava Mistura Fina e usava pente Flamengo, xampu de ovo e Glostora nos cabelos.
Villas ainda retrata frases de caminhão, televisão Colorado RH, bomba Flit, Emulsão de Scott, além de brinquedos como Bambolê, João Bobo, ou ainda personagens épicos como Topo Gigio ou a zebrinha do Fantástico. Há ícones ou imagens já presentes no inconsciente coletivo, todos já viram ou ouviram falar de algum dos produtos. O que Alberto Villas faz é resgatá-las, para que os pais possam reviver aqueles momentos e os filhos conhecê-los. Enfim, mais que tudo, é uma coleção de memórias que o autor divide com o público. Vale a pena ler, mas vale mais ainda as conversas que você terá com seus pais após terminar a leitura.
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