Etiene ~ @antologiapessoal 29/03/2021
?Quem nos afirma que o alienado não é o alienista??
Como é forte essa atemporalidade de um livro clássico, viu? Para mim, nessa leitura isso ficou tão claro! A história do médico que decide descobrir e rotular o que seria ?o perfeito equilíbrio das faculdades mentais? e pôr no hospício primeiro os mentecaptos e depois os tidos equilibrados - pois são a minoria na cidade/e é essa uma nova experiência científica -, vem brincar com nosso senso de normalidade, não acham? Simão Bacamarte tanto procurou responder e preencher as lacunas do convívio e do nivelamento sociais que chegou a questionar a própria sanidade.
O que é ser equilibrado?
Quem determina o que é normal e anormal?
Existe cura para nossas diferenças?
Irônico e levemente ácido, Machado se infiltra na realidade atual e provoca os mesmissimos questionamentos feitos lá em 1881 para nós em 2021.
NÓS somos os projetados, os comparados, os massificados, os coisificados. As mesmas roupas para todos, os mesmos tons de maquiagem, os mesmos cabelos, os mesmos corpos. A mesma postura em relação a uma opinião: defender o que se acredita é raro. (E, cuidado, você pode ser cancelado!) Quanto mais destoantes somos, mais marginalizados ficamos.
Eu pergunto: num mundo de normalizados, quem é o louco?
Machado me fez perceber que somos todos ?meio doudos?, afinal. Que ser normal é uma loucura, que é loucura ser normal.
Talvez essa resenha seja mais um amontoado de perguntas do que um texto propriamente dito. Nem creio que eu tenha ao menos algumas dessas respostas. Mas deixo com vocês as mesmas questões que essa leitura me provocou ao finalizá-la.
Seria a loucura um lugar? Se sim, onde está a sua loucura?