Malle 23/04/2023
Mais ou menos.
"As águas-vivas não sabem de si", de Aline Valek, segue Corina, uma mergulhadora profissional, durante uma expedição no fundo do oceano para testes de trajes de mergulhos que se assemelham a verdadeiras máquinas. Acompanhada por mais quatro integrantes, a equipe se depara com a seguinte pergunta, perdida por entre os vãos de água: e se não estamos sozinhos?
Esse daqui é um livro que se encaixa perfeitamente na minha categoria de "Poderia Ser 100 Páginas Mais Curto."
São trazidas propostas interessantes, como capítulos no ponto de vista de criaturas marinhas e comentários acerca de o que realmente é preciso para ser considerado "vida inteligente"; contudo, tudo é esmagado por páginas e páginas sobre questões inter e intrapessoais dos personagens que não são bem trabalhadas, somente repetidas ad infinitum.
Um exemplo é a revelação de que Corina está doente. Nós, leitores, somente descobrimos o que é a doença no meio do livro e até lá, a narrativa traz um suspense contínuo a respeito do que poderia ser. Quando a revelação é feita, possui 0% de impacto e, logo mais, a doença é esparsamente retratada até sumir de vez. Algo que era tão falado até aquele ponto, comentado diversas vezes no mesmo capítulo como fonte de grande angústia para a protagonista, é simplesmente... deixado de lado quando revelado.
E esse é um problema constante. Suspenses artificiais, nascidos de uma grande expectativa criada pela autora que quando FINALMENTE tem seus desfechos revelados, geram pouco ou nenhum impacto pela simplicidade e/ou posterior esquecimento dentro da própria história.
Contudo, realmente existem trechos que foram gostosos de ler, mas esses são poucos quando comparados com o total. O final da trama em si é bonito de certa forma; poético. Mas definitivamente não justifica excesso de mistério a seu respeito ou a repetitividade de descrições.
Ou seja: o final não chocou, como todo santo desenrolar de ponto de história que esse livro tem.
Se eu recomendo? Acho que depende de cada um e o que procura no livro. Ação? Não. Aventura? Hmmm, um pouco? Suspense? Merece uma estrela dourada escrito "you tried." Não é livro ruim, mas é um livro esquecível e que poderia ter obtido o mesmo efeito se fosse 100 páginas mais curto.