Resenhas - O desenho do tempo

Eva 25/11/2021

Nessa autobiografia de Nora Rónai, ela nos conta um resumo de sua vida da adolescência até a vida adulta depois casada com Paulo Rónai e em que voltaram a Europa em uma viagem de compromissos a convite do governo Húngaro, vinte anos depois da Segunda Guerra Mundial.
Nora veio com a família judia de origem italiana fugindo do nazismo que assolava parte da Europa. Aqui no Brasil com seus pais e irmão eles se estabeleceram.
Nora escolhe momentos específicos para expor nesse livro de memórias, e confesso que muitas das histórias escolhidas para narrar são desinteressantes e maçantes de se ler. O meu interesse era em saber sobre sua relação com Paulo Rónai e não há muito para saber nesse livro.

Minha nota é por causa da forma que a autora narra as histórias, como se tivesse conversando com um vizinho e isso poderia até ser interessante em alguns casos, mas neste não foi tanto. Não compraria o livro apenas li porque peguei o ebook grátis na Amazon.

Letícia 12/01/2022

Mulher forte e inspiradora
Nora e sua família foi forçada a fugir da Europa durante a Segunda Guerra, quando ela era uma adolescente.
"É impressionante o súbito ataque de amnésia de que os europeus vieram a sofrer logo depois da guerra, em 1945. Ninguém mais se lembrava da família de judeus, moradora do apartamento ao lado durante trinta anos, que sumiu de repente."
Apesar do passado traumático, ela se empenhou para que sua vida fosse próspera e feliz. Estudou, trabalhou e realizou muito.
"De tudo isso, eu cheguei à conclusão de que as crianças e os adolescentes produzem tanto quanto se exige deles. Se você é leniente demais e não exige nada, eles ficam folgados e não produzem o esforço necessário para aprenderem o que devem."
Esse livro conta algumas de suas vitórias, a formação acadêmica exemplar, a profissional competente e esforçada, a esposa e mãe dedicada, a mulher ousada e corajosa que se tornou. Ela embarca com seu marido para uma viagem para a Europa, a primeira depois que foram expulsos. É muito interessante conhecer a realidade dos diversos países europeus na década de 60, em especial a Hungria e a Iugoslávia.
"Queixou-se muito do “sistema”. Disse que não resolvera problema econômico nenhum. Todas as principais mazelas, entre elas o problema agrário, subsistiam. Pelo contrário, pioraram e o “sistema” serviu só para tornar as pessoas, quando não infelizes, pelo menos desesperançadas e indiferentes para tudo. Ninguém trabalhava mais, porque ninguém tinha esperança de alcançar nada trabalhando."
"Ele opinou que a situação econômica da Iugoslávia era bem pior do que a da Hungria porque, enquanto na Hungria aturavam ainda os maszek (magánsektor, ou seja, setor particular), pequenos produtores que trabalhavam por conta própria, na Iugoslávia haviam sido perseguidos e acabaram com eles. Por conseguinte, todo o mundo tornara-se funcionário público e, como tal, não trabalhava nada e não se interessava por nada, o que acarretou um empobrecimento paulatino da nação, cuja produção decaía ano após ano."