Janaina Vieira - Escritora 16/12/2020Entendendo o que é apatridiaEu já conhecia a história de Maha Mamo, assisti a alguns vídeos de entrevistas dela, e por isso, principalmente, logo comprei o e-book em pré-venda quando soube que ia ser lançado. Porém, mesmo conhecendo a história, não pude deixar de ficar chocada com o que li.
A verdade é que, para quem sempre teve certidão de nascimento, carteira de identidade, CFP, PIS, carteira de trabalho etc. é um espanto saber que existem milhões de pessoas no mundo que simplesmente não pertencem a lugar nenhum... São os apátridas, ou seja, aqueles que não têm pátria. Fiquei chocada ao saber, por exemplo, que para uma criança ser considerada italiana não basta nascer na Itália. Para ser italiana ela tem que ser filha de italianos. Eu não sabia que há dois modos de se obter nacionalidade, ou seja, pela terra onde se nasce e também pelo sangue que se herda. Sem contar que em muitos países a nacionalidade só é herdada do pai, não da mãe. São realidades muito distantes da nossa. Afinal, para alguém ser brasileiro, basta nascer em nosso território. Simples assim e muito justo, na minha opinião. Infelizmente, não é do mesmo modo em muitos e muitos países mundo afora, principalmente no Oriente Médio.
A história de Maha e seus irmãos é emocionante e sofrida, mas acima de tudo é uma história de perseverança, determinação, fé e otimismo. Amei o livro e li em três dias!
Gostei muito de saber que o Brasil, em 2017, promulgou a Lei nº 13.445, que trata da migração, com um capítulo inteiro sobre apatridia! É uma lei revista, atualizada e pioneira em muitos aspectos, da qual podemos nos orgulhar, porque abre portas para quem precisa pertencer a um lugar no mundo! Penso, inclusive, que essa lei é a nossa cara! Maha e sua irmã foram as primeiras apátridas (ex-apátridas!) a receberem a nacionalidade brasileira por meio dessa lei. Não é à toa que Maha sempre usa a bandeira no Brasil em volta do pescoço, como uma echarpe, em todas os eventos aos quais comparece.
No mundo em que vivemos, e especialmente depois desse ano de 2020, precisamos mais ainda de união, de empatia, de solidariedade, de compaixão, de portas abertas, de fronteiras humanitárias que recebam e acolham. Por quê? Porque, acima de tudo, somos todos habitantes de um mesmo planeta, que pertence a todos!
Livro recomendadíssimo, sem dúvida! :)