Marcos Nandi 04/03/2024
Não sei até que ponto dá para se considerar este livro como uma biografia séria. Apesar de gostar da escrita do autor, que escreve quase em crônica, o texto é intermediado por muitas histórias ditas como boatos e muito daquela luxúria hollywoodiana dos anos 50 (que sempre acho exagerada). Além disso, ele é bem direito quanto ao peso do Marlon, ou a tudo que envolvia a vida sexual das atrizes mencionadas. Isso me incomodou um pouco. Mas eu gostei do livro.
Marlon é uma persona complexa. Cheia de camadas. Não é só um ator excelente e difícil vindo de uma família desestruturada. Ele é muita coisa. Ele é rebeldia,ele é frieza, ele é falta de consideração, e também é um homem ferido e solitário. Odiava ser ator. Odiava amar. Era uma infelicidade sufocante e ambulante. Um criador de casos, um ator caprichoso e que só pensava em si.
Imagino o inferno que era trabalhar com o Marlon. Ele queria mandar no roteiro, mandar na direção. E muitos diretores deitavam para o ator.
Nessa contradição toda, ele tinha um desejo de se politizar e falar sobre questões sociais, como o racismo e a questão indígena. Causa que ele se empenhou e doou bastante dinheiro.
Sua relação com o pai agressivo e alcoólatra e com a mãe relapsa, reflete em sua paternidade permissiva e omissa. O livro inicia dando um panorama do filho usuário de drogas e que comete um assassinato e de sua outra filha, viciada e violenta.
O livro contará o início de sua carreira em Um bonde chamado desejo, a peça e depois como foi o filme. O livro também vai tratar sobre a história de outros atores e atrizes que vão se encontrando com Marlon.
Acho bizarra toda história que envolvia as loucuras da Vivien Leigh, não sei até que ponto o autor se levou pelo machismo, mas achei cruel sua loucura e seus surtos.
Vai contar um pouco sobre seus desentendimentos com outros artistas, seja por questão de relacionamento com mulheres, seja por ego, como seu conflito com Sinatra.
E também, com seu conflito com Capote.
Em que pese seus relacionamentos conturbados, ele chegou a se casar com uma mulher que se dizia indiana. Mentira que foi desmascarada logo depois. Óbvio que desta relação conturbada...nasceu uma criança. Que meu Deus...coitado desse menino. O casamento mencionado durou 11 meses....
E nem vou entrar na parte das agressões a namoradas.... misericórdia.
Eu não sabia que ele não era a primeira opção para interpretar D. Corleone em O poderoso chefão. E nem que os italianos odiaram a demonstração da máfia (os carros dos executivos chegaram a ser alvejados).
O livro apresenta uma vasta biografia ao final deste. E achei uma história triste e cruel. Porém, apesar das ressalvas, é muito bem contada.