Resenhas - O Diabo Lê Derrida

Paulo Marins 17/02/2021

Redimindo a filosofia continental
James K. A. Smith tem despontado como um filósofo cristão de grande influência e instigantes reflexões. É curioso que o renascimento do interesse por filosofia no meio evangélico, que temos visto nos últimos anos, tenha se voltado mais para a filosofia analítica – muito provavelmente pelo trabalho de grandes filósofos como Alvin Plantinga, William Lane Craig, Richard Swinbourne, entre outros – de onde tem crescido uma forte tradição apologética que comunica em linguagem acadêmica a racionalidade da fé cristã. A filosofia continental, por sua vez, tende a ser relegada ao lado oposto, identificada como o terreno onde nascem todas as ideias que se opõe ao cristianismo. Mas será que um cristão não pode encontrar bom alimento intelectual em nada vindo do lado do pós-modernismo, do existencialismo, da fenomenologia? James K. A. Smith é a prova viva de que é possível sim. Seus trabalhos são ricamente ornados com insights da filosofia francesa e alemã de um modo que surpreende qualquer um habituado a torcer o nariz diante de nomes como Heidegger e Sartre. Não que ele abrace totalmente estas filosofias, mas sim que as aborda conforme o conselho do apóstolo: analisar tudo e reter o que é bom. Este é o espírito do ensaio que dá o título a este livro. E no conjunto da obra, vemos as mais diferentes questões da vida contemporânea sendo analisadas com profundidade intelectual, um rico referencial teórico e fidelidade à cosmovisão cristã.

Viktorya Zalewski 27/05/2021

Muito bom! Ler os ensaios de James K. A. Smith é como um refresco para a mente e para a alma. O livro é, em grande parte, leve de ler. Smith nos conduz a reflexões relacionadas às artes, à política e ao Evangelho. Discordo de alguns pontos do autor, porém foi de grande ganho conhecer suas opiniões a respeito de diversos assuntos.

Adriano 10/05/2021

Sendo discípulo no mundo pós-moderno.
Podemos não concordar com tudo o que James Smith escreve (eu não concordo), mas que ele é alguém necessário e traz excelentes insights para pensarmos a "vida cristã", portanto, nossa posição no mundo, isto é inegável.
Sua busca por trazer em diálogo filosofia e teologia é algo que me agrada muito. Sua habilidade em encontrar ecos transcendentais na cultura pop torna o texto extremamente prazeroso de se ler. Há algumas partes que o contexto é por demais americano, que o autor dia meio ranzinza com algumas coisas e muito liberal com outras, mas o leitor encontrará um vasto material para reflexão. Em muitas passagens eu parava, refletia e ficava pensando nas implicações, como, por exemplo, nos capítulos "Desenvolvendo o descanso", "A arquitetura do altruísmo", "O diabo lê Derrida", Harry Potter e o profeta da desgraça" e ", Fé na carne em Beleza Americana". Estes foram meus capítulos favoritos, até porque vi profunda relação com meu campo de estudos, a filosofia da tecnologia. São capítulos curtos, mas muitos deles bastante densos, mostrando a capacidade de Smith de articular conceitos complexos com cultura cotidiana.
É um livro que deveria ser lido por todos, porque trata de discipulado, fé dentro da universidade, política e imaginação e fé. Vamos ser questionados em algumas de nossas próprias concepções, podendo questionar algumas ideias do autor, mas sairemos modificados na maneira como pensamos intelectualmente o discipulado cristão neste mundo pós-moderno. Poucos autores cristãos foram tão corajosos em abordar os assuntos presentes nesse livro. James K. A. Smith é alguém que não me canso de ler. E, como podemos perceber pelos pequenos spoilers de obras que virão ao longo do livro, agora é aguardar os próximos lançamentos. Acompanhemos a editora Encapse!