Fabio Pedreira 09/07/2021Se eu dissesse que gostei, seria a oitava mentiraJane e Marnie são amigas desde criança. As duas são opostas, mas ao mesmo tempo têm muito em comum, uma dessas características é o fato de que as duas casaram cedo. A diferença é que a Jane nunca gostou do marido da Marnie e um dia ele morre. Jane sabe de algumas coisas que, se tivesse contado ou feito diferente, talvez tivesse evitado essa morte. Mas será que ela seria capaz de contar a verdade para sua melhor amiga?
Sete mentiras é um livro que promete ser um thriller centrado no mistério da morte do marido da Marnie, mas não é isso que acontece. A história na verdade é mais voltada para a relação de amizade entre as duas personagens, tudo contado pelo ponto de vista da Jane. Sendo assim, o leitor pode entrar naquela de ficar desconfiado de até que ponto o que está sendo contado é real, ainda mais em um livro onde o título se chama “Sete mentiras”.
A ideia da trama é legal, mas para mim não funcionou nem um pouco. O livro tem um pouco mais de 200 páginas, porém, para mim, pareceu que tinha umas 500. Como eu falei, o livro é contado pelo ponto de vista da Jane. Como ela gosta de falar, ela era a escuridão, enquanto a Marnie era a luz. A Jane é uma personagem chata, hipócrita, nada confiável, com atitudes extremamente duvidosas, que deixa a leitura bem entediante. Isso é ruim não só pelas características em si, mas pelo fato de que torna as reviravoltas do livro bem previsíveis.
O “relato” da Jane, por assim dizer, poderia ser resumido a um conto, pois ela acaba se repetindo bastante durante a narrativa, divagando de muitas formas. Essa questão que citei sobre ela ser a escuridão enquanto a Marnie é a luz se repete várias vezes durante a leitura. Além disso, os personagens secundários são bem desnecessários. Uma irmã que sofre de uma doença que você acredita que é uma, para no fim ficar na dúvida se era aquilo mesmo, uma mãe que sofre de demência e deveria servir de passado conflituoso para a personagem, mas que não ajuda muito e por fim uma repórter…
Essa repórter aparece logo após a morte do marido da Marnie, deixando uma esperança de reviravolta na história, porém, da mesma forma que ela chega de repente, ela vai. Ela se torna uma personagem totalmente sem sentido, se envolvendo em situações aleatórias, que fazem me questionar para que ela foi posta ali. A ideia eu entendo, mas a execução acabou falhando.
Mas, para não citar apenas pontos negativos, a escrita da autora é boa, e me fez lembrar um pouco o livro A garota no trem. Porém, infelizmente, um livro que eu esperava bastante, com uma trama com um bom potencial, acabou decepcionando bastante, com uma história rasa, longa demais e com um personagem bem odioso.
Se eu dissesse que gostei, seria a oitava mentira.