Sistema Nervioso

Sistema Nervioso Lina Meruane




Resenhas - Sistema Nervioso


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Pandora 04/05/2021

É a primeira vez que leio Lina Meruane. Este Sistema Nervioso seria o terceiro de uma espécie de trilogía médica que teve ainda Fruta Podrida e Sangre en el Ojo.

Aqui, ninguém é chamado pelo próprio nome, nem os países são nomeados. “A ideia era mostrar que o sofrimento não é pessoal nem geograficamente localizado, expor a vulnerabilidade em que todos nós vivemos nos dias de hoje.” (Entrevista - Folha de SP)

Ela é uma professora de astronomia que muda de país a fim de obter seu doutorado sobre buracos negros. Após anos tentando desenvolver sua tese e após ter gastado todo o dinheiro que o pai investiu em seus estudos, ela se sente estagnada. Pensa, então, que se ficasse doente, poderia tirar uma licença remunerada para dedicar-se só à sua tese. E ela fica realmente doente: uma paralisia no braço a leva a uma maratona de consultas e exames e tentativas de diagnóstico à distância (o pai e a madrasta são médicos), que a extenuam.

Ela vive com Ele, um antropólogo forense que estuda ossos. Não é um bom relacionamento, como não parecem terem sido os anteriores. Ela tem seus problemas de autoestima.

A mãe de Ela morreu no parto, deixando também o Primogênito; o Pai casou-se com a Mãe (na verdade madrasta) que teve os Gêmeos. Numa narrativa complexa e fragmentada, a autora faz paralelos entre corpos humanos e corpos celestes e conta a história dessa família - e alguns agregados - através de suas doenças e acidentes. De uma forma não tão central, ela também fala dos mortos: os da ditadura do país do passado e os da imigração no país do presente.

A ousadia é talvez o que mais me atraiu nesta narrativa: a originalidade que conecta a personagem à sua família através das enfermidades. O elo que une pai e filha é muito forte e isso fica ainda mais evidente no final, que eu aliás amei. Porém, tanto vai e vem e detalhes médicos tornam algumas partes cansativas. Dá a sensação que algumas situações não se desenvolvem porque se prioriza esses detalhes.

Porém, foi uma experiência bem interessante, tão interessante, que é um livro que eu leria de novo, mais atentamente, agora que já tenho informações privilegiadas. :D

“Probablemente siempre estemos enfermos y no lo sepamos. Y aunque de niña pensaba que le habían asustado con todas esas historias de lo que podía padecer un cuerpo, sólo después ha comprendido que esas historias eran apenas un resumen. Porque lo raro es vivir.” - pág. 250

Nota: publicado no Brasil como Sistema Nervoso, pela Todavia, com tradução de Sérgio Molina.
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