Maikel.Rosa 09/07/2021
Não sou um Robô...?
Uma revolta das máquinas pode ser difícil de se conceber depois que Asimov formulou as 3 leis da robótica, mas e se as "máquinas" fossem na verdade pessoas geneticamente modificadas, adaptadas pra servirem exclusivamente ao trabalho braçal?
É disso que trata "R.U.R: Robôs Universais de Rossum", o clássico escrito pro teatro pelo tcheco Karel ?apek que foi traduzido e maravilhosamente adaptado como romance pelo Rogério Pietro.
Até cheguei a dar uma "bizoiada" na peça original no final da edição, mas, depois de ler a #narrativa fantástica que o Rogério construiu a partir dela, não tem nem graça dar esse passo atrás...
O livro narra a criação de uma raça de seres artificiais: os Robôs em sua concepção original. Sim, diferente do que se popularizou a partir do tio Asimov, o termo "robô" surgiu justamente com essa peça onde eles eram, na verdade, criaturas feitas de matéria orgânica sintética.
É uma história de opressão e subserviência, uma vez que os Robôs foram "programados" pra se submeter à vontade dos Homo sapiens, MAS... como diria o dr. Malcolm na versão cinematográfica de "O parque dos dinossauros": "A vida sempre encontra um meio".
Neste suspense sombrio, Radius, um Robô experimental dotado de inteligência única, dá início a uma revolta que vai deixar os humanos (e os leitores) de cabelo em pé.
Tive muita raiva de Helena, que ao mesmo tempo defende os Robôs e "dorme com o inimigo" como se isso fosse muito natural, mas adorei a forma como o Rogério conduz a #trama, que em vários momentos me lembrou o estilo de Michael Crichton.
A adaptação, assim como a peça, é uma alegoria aos desdobramentos da revolução russa, quando a ascensão do Partido Operário passou da #utopia dos proletários ao pesadelo chamado União Soviética. Como no exemplo real, as coisas acabaram saindo do controle de um jeito bem tenebroso na fábrica de Rossum.
Enfim, o livro é excelente e a versão impressa tá bonita demais, o que torna essa uma obra imperdível em vários sentidos! Vale muito a pena.