spoiler visualizarricardinho 24/11/2022
Somos todos desonestos?
Dan Ariely é ex-professor de psicologia e economia comportamental americano. Há suspeita de manipulação em um dos seus estudos, mas, no geral, o livro nos leva a refletir até que ponto somos realmente honestos. Todo o material é embasado em experiências do autor e da sua equipe.
Não é a chance de ser descoberto que induz ao ato de trapacear ou cometer alguma outra desonestidade, mas, muitas vezes, os pequenos lembretes (trancas de portas, por exemplo) é que são verdadeiros impeditivos. Outra influência é a monetização, pois para a sociedade é "menos lícito" se apropriar de dinheiro alheio, enxergando, através da bússola moral, como aceitável outras transgressões. Falando em moralidade, é importante observar que favores influenciam as decisões pessoais devido à tendência de retribuição. Explorando esse fato, por exemplo, a indústria famacêutica gosta de agradar médicos e equipes; empresas contratam pessoas influentes para palestrarem porque sabem que as pessoas se convencem do que falam e quando palestram, são as primeiras a serem convencidas. Assim, devemos analisar friamente antes de tomarmos uma decisão baseada nas palavras de um palestrante/influenciador ou vendedor e, em decisões difíceis, em que quem aconselha possa ser tendencioso, melhor gastar mais tempo e buscar uma segunda opinião (não influenciada por interesse financeiro).
Outra importante constatação de Ariely é que cérebro ocupado ou cansado, tende a aceitar atitudes erradas. Então, é aconselhado que resolvamos os problemas mais difíceis no início do dia, pois estamos menos cansados e não propensos às bobagens. Mas se, eventualmente, queremos "chutar o pau da barraca" e cometer um desvio, enganar a dieta, por exemplo, devemos inverter o sentido desse raciocínio e cansar a mente antes de mergulharmos no doce abismo, pois estaremos mais propensos a tal. No entanto, este ato é perigoso devido à tendência em ser normalizado e à consciência de que o primeiro ato de desonestidade é o mais importante para ser impedido, sob risco de moldar a forma como alguém se ver e aos outros. Os testes também mostraram que nos enganamos para nos convencermos daquilo que realmente queremos (quando queremos muito algo, mesmo que ilícito, buscamos justificativas aleatórias que sustentem a decisão) e que pessoas irritadas tendem mais a ser desonestas, justificando o ato pela irritação.
As contínuas experiências alertaram que as pessoas também trapaceiam em grupo por, talvez, entenderem que o fato de outra pessoa também estar sendo beneficiado, pode tornar o ato lícito. Todas essas constatações também pode ser confirmadas em países e culturas diferentes, mesmo sabendo que algumas regiões são mais tolerantes.
Como proposta para que haja uma menor probabilidade de incorrermos a atos desonestos, o autor sugere que adiramos a preceitos morais, exaltando grandes exemplos, e construamos relacionamentos, pois assim, confiar passa a não ser apenas opção. Sugere, também, que tentemos não aceitar presentes que alterem o nosso julgamento quando os valores entrarem em conflito e que priorizemos a paz doméstica (mesmo que haja uma mentirinha). Por fim, enfatiza que a elaboração de regras rigorosas auxilia por poupar energia moral, pois não deixa brecha para que uma grande quantidade de decisões tenha que ser tomada no calor da emoção.
E aí, somos todos desonestos? Leiam e tirem as suas conclusões.
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