Laranja Mecânica

Laranja Mecânica Anthony Burgess




Resenhas - Laranja Mecânica


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luisfreits 24/03/2022

Laranja Mecânica
Recomendações/Avisos:
Para uma experiência melhor evite procurar o significado das gírias no glossário, você passa a entender elas ao decorrer da história.
Há cenas de: Assassinato, Agressão, Estupro, Roubo etc.
Não abandone o livro no começo só por causa do protagonista, ele passa por um processo de amadurecimento durante o livro.

Nota:8.5/10 (A leitura é cansativa no início, mas, depois de certo tempo você se acostuma)
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Jessica 27/06/2023

Que obra, ó, meus irmãos!
Um clássico que merece ser lido. No início percebemos que no livro há uma linguagem chamada Nadsat, que são gírias populares entre os jovens, a obra acompanha um glossário em que podemos olhar o que essas palavras significam. A princípio a leitura parece pouco fluída, mas depois, conseguimos acompanhar lembrando o significado de algumas palavras (até para quem é ruim de memória como eu) ou dependendo do contexto, da para entender sem consultar. Aqui temos Alex, um adolescente de 15 anos, que juntamente com amigos (gangue) botam o terror nas ruas, fazendo todo tipo de atrocidade com quem encontra pela frente. Mas um belo dia, Alex é preso e o Estado testa um método punitivo diferente do tradicional. Com isso acompanhamos todo o processo de recuperação de Alex, questionando o poder punitivo, a reintegração do preso na sociedade e métodos não muito éticos de "resolver" os problemas da criminalidade. Uma obra totalmente atemporal e bem feita, soube que tem um filme, ainda quero ver.
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cristian.franca 23/07/2023

Uma crítica social visceral e árdua de tragar
Distopia com muito ultra violência. Um universo que se encaixa perfeitamente na nossa sociedade atual. Um estado ineficiente e cruel, famílias desfuncionais e cada vez mais mecânicas. A violência é mecânica e horrorshow. Um livro incrível!
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Brenda.Podanosqui 25/12/2020

Entrou pra lista dos preferidos
Ler o Laranja Mecânica é uma experiência! Um livro absolutamente incrível! O título por si só gera reflexões. Já tinha visto trechos do filme e confesso que devido às cenas de violência nunca assisti todo... Depois tive receio de ler o livro e só agora encarei o desafio: tenho que admitir que o livro é uma verdadeira obra de arte. GENIAL! Tem um quê de cômico e trágico ao mesmo tempo, de bobo e profundo...

No início tive uma certa dificuldade em me adaptar à linguagem e recorri ao dicionário nadsat a cada eslovo ou palavra diferente. Isso me fez retardar um pouco a leitura, mas me acostumei logo e mantive o ritmo.

A história é contada em primeira pessoa pelo personagem principal, Alex, um jovem extremamente perverso e ao mesmo tempo cativante... essas ambiguidades no livro são muito interessantes.

Apesar de todas as atrocidades (tudo muito surreal) cometidas por Alex, a linguagem nadsat ou adolescente utilizada ameniza um pouco a ultraviolência, que é a forma como ele chama, chegando a ter momentos realmente engraçados na narrativa.

Contudo a questão principal trazida, a questão ética do tratamento utilizado para "recuperá-lo" e torná-lo uma "pessoa de bem", faz tudo parecer ainda mais surreal do que realmente é. Além das questões políticas envolvidas... Pra mim todas as atrocidades cometidas por Alex são bem menores do que as praticadas pelo Estado contra ele.

Daí surge a pergunta: até onde vai o poder do Estado de interferir tão profundamente na vida das pessoas sob o pretexto de contenção da violência? Bem atual essa discussão...

De longe um dos melhores livros que já li na minha vida! Saber que foi escrito às pressas e que nem é o livro preferido do autor não muda nada...

Simplesmente genial!
Olívia Saldanha 25/12/2020minha estante
Que legal sua resenha. Eu também nunca consegui ver o filme inteiro devido à violência. Mas, sua resenha me encorajou a ler o livro.


Brenda.Podanosqui 25/12/2020minha estante
Eu criei coragem e vi o filme.. não é tão chocante assim. Também uma obra de arte.


Deborah.Azevedo 27/12/2020minha estante
Amiga, que massa! Pensei que você demoraria mais para terminar por causa dos seus comentários sobre a dificuldade da linguagem do livro. Que bom que gostou! ????????


Brenda.Podanosqui 27/12/2020minha estante
Pois é amiga! A dificuldade da linguagem foi vencida pela história incrível do livro...




Celice1 31/12/2023

No início tava achando muito chato e difícil de entender devido às palavras do vocabulário de gírias, mas no final valeu muito a pena persistir. Gostei bastante e acho que vou assistir à adaptação
maltchik/ 31/12/2023minha estante
N curti muito a adaptação, pareceu comédia, comparado ao livro


Celice1 31/12/2023minha estante
Sério? Nunca poderia imaginar isso! Obrigada pela seu comentário sobre sua opinião em relação ao filme




CrisIngrid 04/11/2020

Minha opinião
Ambientado em uma sociedade inglesa distópica e futurista, Laranja Mecânica nos conta a vida do adolescente Alex DeLarge. Narrado em primeira pessoa, vemos como essa sociedade é adoentada pela violência juvenil. Alex e seus druguis (amigos) saem à noite para cometer os mais variados delitos: invasão de propriedades e estabelecimentos comerciais, estupros, brigas entre outras gangues, dentre tantas outras coisas que deixam o leitor realmente assustado.

Numa dessas, Alex é enganado pelos seus "amigos" e é pego pela polícia. Acusado e condenado por um assassinato, ele é preso e precisa cumprir 14 anos de pena. Dois anos se passam e há rumores de um novo tratamento do governo, que promete "consertar" as pessoas violentas. Sem saber onde estava se metendo, Alex se voluntaria para o experimento.

Após passar por várias sessões torturantes do tratamento, onde a bondade é imposta a ele, Alex está pronto para voltar à sociedade. Sempre que tem alguma intenção mais violenta, é atacado por fortes dores e ânsia de vômito, tendo que recorrer, imediatamente, a um pensamento bom para afastar o mal estar. Ele é impelido à bondade paradoxalmente por ser impelido à violência.

Este livro nos traz a discussão sobre a liberdade de escolha e a perda dela. Ao "consertar" Alex de sua violência, o tratamento arrancou toda a liberdade e a possibilidade de escolha dele, tornando-o incapaz de tomar uma decisão moral por conta própria, ele não tem escolha.

"A bondade vem de dentro, 6655321. Bondade é algo que se escolhe, quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser um homem."

Embora seja extremamente violento, Alex ama e aprecia música clássica e até isso foi arrancado dele após a reforma no comportamento. Ele é transformado, quase que literalmente, numa laranja mecânica, incapaz de decidir por si mesmo se quer ser bom ou mal.

"Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si?"

Um clássico distópico que merece a fama que o precede, com certeza uma leitura mais que recomendada. Que além de trazer tal discussão, nos mostra tamanha genialidade do autor ao criar uma linguagem própria para a história, o Nadsat, que pode trazer um estranhamento no começo, mas que aos poucos se torna familiar.
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Carol Martins 31/01/2022

Qual vai ser o programa, hein?
O livro conta a história de Alex, um adolescente problemático, com transtornos mentais. A obra é divida em 3 partes, sendo a primeira dela contando as atrocidades cometidas por Alex e seus "druguis". Já a segunda parte conta as coisas que ele passou na prisão e no experimento Ludovico, um método contra que promete transformar seu comportamento violento, e por fim, a terceira parte fala sobre o experimento sendo posto em prática, com Alex livre novamente.

A princípio achei o livro difícil de ler por conta das gírias, então li o livro com um dicionário aberto até ir pegando o jeito. É interessante a mensagem que o autor traz, colocando em debate temas como moralidade, liberdade, violência, governo totalitarista e questionamentos sobre do que vale ser um ser humano se não há livre arbítrio, não há poder de escolha?

Com personagens detestáveis e um enredo distópico cruel, Laranja Mecânica é um clássico atemporal, um livro que vale a pena ser lido!

?É melhor ser mau por conta do próprio livre-arbítrio do que ser bom por meio de lavagem cerebral científica". - Anthony Burgess
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Rafilds 07/01/2022

Horrorshow
A leitura começa arrastada devido ao dialeto criado pelo autor, mas assim que familiarizada se torna fluída e passa a fazer todo do sentido o uso da linguagem. O poder do estado sobre o individual e deste, o direito de escolha seja para o bem ou para o mal são abordados nesta distopia violenta e perturbadora, Ó, meus irmãos.
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bibicortez 04/10/2020

Homem mecânico
Eu sei que essa resenha vai ter controversa. Laranja mecânica é um clássico da distopia e tem uma mensagem muito importante sobre controle social e lavagem cerebral. Minha nota foi baixa porque não foi uma leitura que me envolveu, pra mim também faltou uma explicação mais detalhada do governo. No fim das contas, não consigo de verdade apontar um erro, dizer que não gostei disso ou aquilo, a leitura só realmente não me tocou. Enfim, estou um pouco chateada porque tinha expectativas altas para essa leitura.
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nkog.neato 22/02/2023

Horrorshow
No decorrer da história, o protagonista, Alex, conta de uma forma natural e divertida todos os absurdos cometidos por ele e seus druguis, como: estupros coletivos, assassinatos, abuso de drogas e violência desenfreada. Entretanto, a diversão acabaria em algum momento, não é? Tudo têm limites! Alex acaba preso e narra todo o percurso da prisão até a "cura" com o tratamento Ludovico, momentos sensíveis para pessoas sensíveis, além de comentar sua vida após a liberdade.
Pessoalmente, o mais chocante na narrativa é o fato da plena consciência apresentada, o tempo inteiro, pelo Alex, uma vez que ele demonstra saber que pessoas como ele são perigosas e, ao mesmo tempo, não muda de atitudes. A obra me fez lembrar, constantemente, da juventude atual e de como valores são importantes e necessários na vida de uma pessoa - observa-se que a realidade de Laranja Mecânica considera a maioria das atitudes do jovem Alex normais, já que muitos dos jovens agem da mesma forma e não são punidos por isso. Bem, de qualquer forma, é um ótimo livro! A linguagem nadsat é uma das coisas mais divertidas que já tive a oportunidade de ver e experimentar e os personagens são muito bem desenvolvidos (bem mais do que no filme, por exemplo).
Concluo que, a obra de Anthony Burgess, é a melhor das três pertencentes à famosa TRÍADE DISTÓPICA (1984, Admirável Mundo Novo e Laranja Mecânica), sem dúvidas!
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13marcioricardo 10/11/2022

Muito horrorshow, Ó, meus irmãos!!
Este vosso amigo, na sua mui humilde opinião, skazavata que esta obra é um clássico, daqueles poucos, que tem a felicidade de ter uma obra prima do cinema ao seu nível. Poneio então que deve ser leitura obrigatória, pese embora ache que a quantidade de nadsat seja exagerada.
Acreditem em mim, ou ...
Canteli Marcio 12/11/2022minha estante
Ler esse livro foi tão impactante quanto assistir o filme




Patricia 06/05/2021

Uma experiência marcante
Gostei muito de ler o livro. Aos poucos vamos nos acostumando com as gírias do personagem. Acho interessante essa sensação de estranhamento, onde o leitor se sente alheio aquele universo, sem compreender o vocabulário e o modo de "diversão" daqueles jovens.
Fiquei surpresa com o final da história. Como sou fã da versão cinematográfica, estava acostumada com aquele fim, marcado pelo deboche e o sarcasmo constantes de Alex.
Foi uma experiência marcante.
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@apilhadathay 17/01/2022

QUE LIVRO - Muito "horrorshow"!
- Então, o que é que vai ser, hein? (p.41)
Mais uma vez fazendo essa leitura, com uma diferença de quase 10 anos. Laranja Mecânica ainda me surpreende, apavora, emociona e choca, mesmo. Um livro de 1962 e cuja influência ecoará por muitos anos, décadas!

"Violência gera violência" (p. 126)
Uma das distopias mais importantes do século XX nos apresenta um protagonista de apenas 15 anos em uma sociedade que fez parecer a ele que saques, estupros coletivos e a ultraviolência eram perdoáveis. É um personagem curioso e que mexe com você, pois ficamos divididos entre o Alex inicial e o Alex pós-Ludovico. O livro não deixa de trazer uma reflexão sobre a prisão e o que fazemos dela; sobre a bondade e quais as desvantagens de ser bom neste mundo;

"Empilhe os criminosos juntos e veja o que acontece. Você obtém criminalidade concentrada, crime no meio do castigo" (p. 151-152)
É uma obra que nos faz pensar sobre o poder das nossas decisões pessoais, a escolha dos nossos amigos, a falta de consideração pelos sentimentos dos outros e como reagimos quando esses mesmos sentimentos são provocados em nós. Tudo isso banhado por uma linguagem, a NADSAT, genial, que vejo como uma criação para reagir contra o governo e a sociedade, de ter uma comunicação específica entre grupos. A experiência foi como a imersão em um país estrangeiro.

"Será que deus quer bondade ou a ESCOLHA da bondade?" (p. 156)
Um livro para ser lido, relido, analisado e debatido! É uma obra que tira você de qualquer lugar-comum.

"Bem, tudo na vida é uma lição, não é? A gente aprende o tempo todo" (p. 188)
"Um homem que não pode escolher deixa de ser um homem (...) Transformar um jovem decente em uma coisa mecânica não deveria, certamente, ser encarado como triunfo para nenhum governo, a não ser aquele que se gabe de sua capacidade de repressão" (p. 233)

site: www.instagram.com/apilhadathay
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Luiz 30/03/2023

Uma pessoa condenada a ser bondosa, é uma boa pessoa?
É até esquisito gostar tanto do Alex, nosso Mui Humilde Narrador, depois de todos os crimes hediondos que ele cometeu, é assustadoramente carismático. Até onde vai a legitimidade do estado, como detentor do monopólio da força política, em suas tentativas de resgatar e reabilitar jovens criminosos de volta à sociedade? O estado tem direito de acabar com o livre arbítrio?Uma pessoa condenada a ser bondosa, pode ser vista como uma boa pessoa?

Enquanto está cumprindo sua prisão, Alex se voluntária ao novo programa experimental que garante curar os detentos para que nunca voltem a cometer delitos, após participar do experimento , nosso protagonista é condenado a ser "bom", devido aos procedimentos realizados em seu corpo que o causam aversão (sintomas físicos) a qualquer ato minimamente violento, retirando do mesmo a característica primordial o faz humano, o livre arbítrio, agindo como um robô que só pende para o bem, se tornando uma criatura sem nuances e formas, tal qual uma laranja mecânica.

Acredito que a laranja mecânica funcione como motor primário de discussões sobre livre arbítrio, eficiência do encarceramento de jovens e medidas de segurança, não necessariamente como um argumento em defesa de alguma medida específica.

Chega a alfinetar aqueles que se importam mais com a causa do que com o fim, quando a tentativa de suicídio de Alex é interpretada como uma boa notícia para o grupo político contrário a experiência Ludovico.

As primeiras cem páginas foram terríveis, já havia desistido do livro outras duas vezes, devido ao vocabulário adolescente (nadsat) inventado pelo auto. Muito "horrorshow" [que inclusive estou descobrindo agora que não era "horroroshow"].
Máira Savenhago 30/03/2023minha estante
Já abandonei o livro 3 vezes e amo o filme, fiquei frustrada com as primeiras páginas também. No final vale a pena?


Luiz 01/04/2023minha estante
Acredito que sim, e em relação a linguagem, antes da metade do livro já dá pra se "acostumar", afinal a edição original nem vinha com o dicionário. Eu tentei ler ele de uma vez só, todos os dias, sem pausa, acho que assim fica mais fácil




Bill 03/10/2010

Robozinho obediente.
O tema deste livro é o livre-arbítrio.

Este livro refere-se a um jovem delinquente e extremamente violento que o Estado colocou em um "processo educacional" severo e experimental, a fim de devolvê-lo à sociedade saudável.

Ele passou por um tipo de lavagem cerebral em que a consequência era sentir enjôo, fraqueza, dores terríveis, vontade de desmaiar e etc toda vez que estava diante de qualquer tipo de violência (até mesmo quando mencionavam perto dele a ideia de matar uma mosca), era uma sensação tão terrível, que o jovem sentia como se fosse morrer, por isso, ele se esforçava por ter pensamentos antiviolência. Por exemplo, se alguém ameaçava bater nele, ele não oferecia resistência alguma a isso, não se defendia (defesa é violência), inclusive colocava-se voluntariamente em situações humilhantes, como lamber a bota de quem o agredia com o objetivo de fazer com que não o espancassem, por exemplo.

Isso, então, significava que ele se tornou uma pessoa melhor?

Não.

O bem foi imposto a ele, não foi sua escolha, por isso ele não era sincero em sua bondade recém adquirida, mas era forçado a ser bom por causa do "programa" colocado em sua mente, esse programa o punia toda vez que apenas pensava em violência.

Esse jovem usava muitas gírias e, em sua linguagem, ele dizia que tornou-se uma "Laranja Mecânica": um objeto inanimado que se move mecanicamente, sem vida.

Ele não mudou seus valores, sua mente continuava a mesma que sempre foi, mas ele era obrigado a ser bom contra sua vontade.

É óbvio que tal sistema trouxe problemas.

Leitura interessante.
Luci Eclipsada 04/10/2010minha estante
Nossa, esse livro pacere muito interessante e agora fiquei com vontade de lê-lo também, pois nunca ouvido falar de um livro com temática tão diferente. Seria uma loucura se as coisas fossem assim, mas quem sabe daria certo se existesse algo semelhante nos dias de hoje, se bem que nada do que é imposto é legal, mesmo que seja "praticar o bem". Parabéns pela resenha Bill ;)


Bruno Oliveira 14/03/2013minha estante
O problema é que essa parte relativa a liberdade ocupa somente uma parte do livro e nem é tanto pensada do ponto de vista da escolha do indivíduo pelo "bem", mas da imposição externa que condiciona suas escolhas e circunscreve o que ele pode ou não escolher.

Livre arbítrio, inclusive, nem é um termo muito bom para designar isso, pois vem atrelado a algum contexto religioso, o que não é propriamente a discussão do livro. É algo menos moral e mais social.

Alex não passa agir "bem" (aliás, bem segundo quem?), mas condicionalmente. O estado não quer transformá-lo numa pessoa moralmente boa, mas numa pessoa ajustada e conveniente à política que impera ali, ou seja, em alguém útil. Se uma pessoa útil for, além disso, boa, melhor ainda... Para a política.


Bill 14/03/2013minha estante
Olá, Bruno de Olivei!

Obrigado pelo comentário!

Acredito que a Liberdade é o foco central da trama, pois descreve um Estado ditatorial que determina arbitrariamente o que é permitido e o que não é, independente de opiniões.

Livre-arbítrio é liberdade de escolha, apenas isso, isso nada tem a ver com religião. Ou podemos escolher o que queremos ou não podemos, simples assim. O estado pode funcionar como um agente limitador, a ditadura militar brasileira foi um bom exemplo disso.

O estado, no contexto do livro, quer de fato transformar o protagonista em alguém útil, você observou bem, mas a ideia do bem também está embutida nisso, afinal, o bem, querendo ou não, é um conceito lógico. Talvez alguém diga que um ladrão é ladrão apenas por que pensa diferente, então, pra ele o roubo não é um mal. Mas o ladrão aceita ser assaltado? Um assassino topa numa boa ser assassinado? É evidente que não. Conceitos como amor, inveja, lealdade, justiça, roubo, segurança pública e etc. são conceitos universais e estão presentes em todas as culturas do mundo, mesmo em culturas muito diferentes entre si.

São conceitos lógicos que tem como consequência a sobrevivência do indivíduo e da sociedade, sem isso reinaria a barbárie total.
Alex espancava as pessoas na rua por pura diversão, por exemplo. Corrigir isso é um ato de segurança pública e, portanto, um ato moral também.

Sua nova conduta é boa para a política, mas é boa para a sociedade também.

O problema é que Alex foi programado a ser bom sem de fato ter se tornado uma pessoa boa, daí a sua luta e seu martírio.

A liberdade e a ideia do bem é que são os pontos centrais desse livro, o modo como esses conceitos podem ser manipulados e até corrompidos sob o pretexto de uma boa intenção.


Bruno Oliveira 19/03/2013minha estante
Oi, Bill, de nada, acho bem legal debater, sempre me faz ver coisas que eu não veria por mim mesmo.

Vou comentar o que disse numerando os parágrafos que estou a considerar.

3-4 - Eu acho que a liberdade é uma das questões centrais, porém, não a colocaria como o foco, pois ela surge mais depois da prisão, havendo toda uma discussão anterior sobre a violência e o Estado. A liberdade começa a ser problematizada depois que o livro mostrou que a "natureza humana" conduz a tantos problemas que atingir uma de suas manifestações pode até se tornar uma escolha aceitável para um governo ineficiente.

O problema do livre arbítrio que aludi é o seguinte: livre arbítrio é normalmente pensado como possibilidade (e não liberdade) de um arbítrio entre situações determinadas; enquanto liberdade é pensado como escolha dentre possibilidades indeterminadas. No primeiro caso aquilo que podemos escolher já está dado, no segundo caso não. Não se trata tanto de escolher dentro de um âmbito moral que limita e explica as possibilidades, mas simplesmente de escolher.

É mais um problema de contaminação teórica do termo, porque normalmente o livre-arbítrio é pensado como escolha entre as possibiilidades que deus ou a moralidade dá, mas, enfim, não é uma questão muito importante, entendo o que quer dizer.

5- Agora essa parte de Bem é mais complicada de afirmar.

Não sei se entendo o que você quer dizer com bem ser um conceito lógico, então vou comentar mais a ideia posteriores a isso e mostrar os problemas que percebo nisso.

No seu exemplo do ladrão concordo que ele não deseja que aquilo que pratica seja repetido contra si, no entanto, isso não implica numa ideia moral de bem. O ladrão pode não querer ser assaltado simplesmente porque isso é inconveniente, danoso, afinal, subtrai-lhe seu dinheiro, assim como também não quero levar um raio na cabeça e nem por isso penso que o raio é uma coisa moralmente má. Nos dois casos não preciso de uma ideia de bem moral (a menos que você esteja pensando o bem como utilidade ou coisa do tipo), não está em questão o que é moralmente bom fazer, mas o que ajuda ou fragiliza o ladrão.

6- Sobre essa coisa de conceitos universais, a resposta é que, no melhor dos casos, depende... Principalmente se o seu "etc" for muito grande. Um conceito ser lógico (estou pensando em algo como "quadrado" ser lógico e "bola quadrada" ser ilógico) não implica sua universalidade. Átomo é um conceito lógico, mas nem todas as culturas o tiveram, por exemplo, ele tem sua origem historicamente datada.

Acho que um antropólogo radicalizaria minha posição e diria simplesmente que não há conceitos universais, mas eu simplesmente não sei.

O problema da afirmação da universalidade é que para comprovar isso sempre tentaremos ler as outras culturas segundo nossos próprios par?metros. Por exemplo, podemos falar de "cultura", mas há povos que não tem essa palavra, não tem esse conceito e nem representam o que fazem da mesma maneira que nós e sequer aceitam se ver assim, embora o que pratiquem certamente seja uma cultura (do nosso ponto de vista). Isso só mostra que estamos tentando buscar identidade de nossos princípios com os alheios e que, ao invés de valorizarmos a singularidade deles, o que são em si mesmos, pensamos suas culturas como aquilo que temos em comum e de diferente (nos pondo como parâmetro, portanto), como uma espécie de cálculo avaliativo que supervaloriza as semelhanças e desvaloriza as diferenças porque afirmar nossa similaridade é conveniente. Deus é um conceito universal? Bem, mal também? Se pensarmos na nossa concepção de mundo e assim partimos para encontrar similaridades dela com outras, sim, mas isso só diz que no fundo nunca saímos de nosso próprio conceito e estamos o reforçando sem olhar as singularidades dos outros.

O mesmo vale para justiça, lealdade, etc. (Inclusive, estou muito a fim de comprar um livro que é sobre uma tribo brasileira (piranã) que não tem conceitos para deus e acabou desconvertendo um missionário que foi lá para cooptá-la. Chama-se Dont sleep with snakes.)

7-8-9 - Acho que os argumentos daqui são atingidos pelos que já dei antes, mas vou ressaltar duas ideias neles que achei interessantes e podemos acabar discutindo.

Primeira, a no parágrafo 7 de que o que Alex faz é bom para a sociedade. O problema nisso é que ele também faz parte da sociedade e que a conduta dele só é boa para quem sofreria com o que ele fez. O crime é bom para o criminoso impune, para os outros criminosos que estão com ele, mas não para outras pessoas.

A segunda seria a do parágrafo 8 de que Alex faz o bem coagido mas não é do bem. Minha pergunta seria: se sou um monstro por dentro, mas tenho ações moralmente impecáveis, continuo sendo mal? Mesmo que eu acabe fazendo mais bem que alguém que é bem por dentro e por fora?

Minha objeção-pergunta é a seguinte: o que é bem senão praticar boas ações?

Acho que ficou enorme, mas, enfim, vamos discutindo isso sem pressa, não precisa responder logo.

Um abraço.




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