livrosepixels 02/08/2023Quem controla o futuro?Há muito esperado, Nova não foi bem a leitura que eu esperava que fosse. Mas vamos por partes. Primeiramente, é muito bom saber que o autor está ganhando mais visibilidade em terras brasileiras. E merece viu, porque a escrita dele é diferente, foge do modelo Asimov/Clarke e afins. Samuel é tipo o PKD, o cara que escreve com perspectivas diferentes, mundos diferentes, até estranhos, mas que são um prato cheio para ótimos enredos.
Mas voltando, eu li Babel-17 e gostei bastante, apesar de achar um pouco confuso em algumas partes, e Estrela Imperial, sem dúvida meu favorito do autor. Nova me deixou com bastante expectativa, mas que não foi bem atendida. Resumindo, as partes que, ao meu ver, tiram um pouco do brilho da narrativa, é a enrolação sobre "o poder das cartas de tarô no futuro das ações das pessoas" e também alguns personagens que estavam alí só pra encher página mesmo. Se não fosse isso, e a inimizade de Lorq Von Ray com os Red fosse mais bem contextualizada, acho que traria mais brilho ao livro.
O diferencial do autor é por os opostos em cena. O protagonismo todo da história é nos povos oriundos de outro lugar que não seja Draco, e com isso, ele nos apresenta uma seleta de personagens ricos em culturas e costumes próprios [ainda que alguns estejam alí só pra fazer número mesmo], tirando a narrativa de uma perspectiva elitista e tornando-a mais democrática. Samuel dá voz a uma parcela da população que na maioria das histórias é posta de lado, esquecida.
A trama gira em torno de uma antiga rivalidade das famílias Von Ray e Red. A família Red é a detentora de grande parte das tecnologias de transportes interestelares, enquanto a família Von Ray é uma das principais fornecedoras do mais precioso combustível de viagem espacial: o ilírion. Também são a família mais rica da Federação das Plêiades. Por muito tempo o pai de Lorq Von Ray (o capitão da nave da história) tentou estabelecer a paz entre as famílias Von Ray e Red (do sistema Draco, no caso Terra). Mas a rivalidade econômica e social entre os dois sempre foi crescente, passando para os filhos e se estendendo até a vida adulta.
E aí que as coisas "pegam fogo". Lorq decide que está na hora da Federação das Plêiades virar o jogo e ser reconhecida como tal, com importância e merecimento, a ser respeitada pelos outros sistemas, principalmente por Drago (Terra e afins). E como ele faria isso? Coletando a maior carga de Ilírion possível. Assim como quem dominasse a produção de especiaria dominava o império em Duna, aqui também, quem tivesse o maior estoque de Ilírion dominaria o sistema econômico vigente.
Tem muitas coisas bacanas na leitura desse livro, e acredito que uma releitura seja válida para absorver ainda mais conteúdo. Entretanto, não foi de primeira que me conquistou. Mesmo assim, minha admiração pelo autor contínua e desejo ler mais histórias dele o/
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