Resenhas - Ultimate Marvel #001

HARRY BOSCH 08/08/2010

Ultimate
Na virada para o século XXI, a Marvel lançou o selo Marvel Millenium, com novas recriações de seus personagens, todas elas vivendo em um tal Universo Ultimate. Homem-Aranha, X-Men, Homem de Ferro, Vingadores (quer dizer, agora seriam Os Supremos), todos do zero, para novos leitores que desconheciam a cronologia da Casa das Ideias. Dez anos depois, estes personagens outrora novos passam a colecionar a sua própria cronologia, que vai se complicando a cada dia. Para voltar as origens e reestabelecer a premissa de não afugentar novos leitores, a Marvel promoveu a saga Ultimatum, matou vários heróis e, aos sobreviventes, reestabeleceu o status quo. Depois de tudo isso, nós, os brasileiros, podemos acompanhar o renascimento do Ultiverso nas páginas de Ultimate Marvel #001 , que acaba de chegar às bancas.

No que se refere a qualidade, a Panini acertou em colocar Ultimate Comics: Spider-Man como a HQ de abertura do gibi. Na história (com roteiros de Brian Michael Bendis e arte de David Lafuente), somos apresentados a acontecimentos que rolam seis meses depois de Ultimatum. Em uma Nova York já reestabelecida, Peter Parker se desdobra entre o trabalho no fast food, o namoro com Gwen Stacy e o balançar de teias como Homem-Aranha. A história basicamente retrata a vida pessoal de Parker, com o vilão Mysterio aparecendo mais como um teaser do que virá nas próximas edições.

Por um lado, chama a atenção o fato de Peter Parker ter apenas 16 anos. O personagem original realmente surgiu com essa idade, mas, se lembrarmos que Ultimate Spider-Man já teve 133 edições antes do cancelamento e, depois, tivemos mais seis meses de hiato, soa estranho. Como comparação, o personagem original da Marvel já estava adiantado na faculdade e já havia sofrido com a morte de Gwen antes da edição 133 de Amazing Spider-Man. Também chama a atneção o fato da arte do desenhista anterior, Mark Bagley, tornar os personagens fisicamente mais velho, o oposto do que acontece com o traço de Lafuente.

A história é divertida, com certeza a melhor desta primeira edição da nova revista mensal da Panini. E é isso que importa no final, não é?

Depois do Homem-Aranha, a Panini colocou no mix o primeiro capítulo do arco Guerra das Armaduras, que reimagina a famosa Guerra das Armaduras do Homem de Ferro dentro do Ultiverso. Com roteiros do ótimo Warren Ellis, desenhos de Steve Kuth e arte-final de Jeff Huet, a HQ se passa imediatamente após Ultimatum, quando Tony Stark descobre que estão roubando a sua tecnologia. De certa forma, o descompasso cronológico em relação a HQ anterior acaba por confundir o leitor. Talvez tivesse sido melhor a Panini lançar a mini em separado, ou como encadernado. Ou talvez não, já que, de acordo com o que dá pra analisar dessa primeira história, ela fica bem abaixo do potencial da saga e do próprio Warren Ellis.

E como terceira história para fechar o mix, chega a vez de Ultimate Avengers, nova versão dos Supremos do Ultiverso e que, finalmente, usará o nome Vingadores. Na história, o Gavião Arqueiro conta a Nick Fury fatos que mudarão tudo entre os principais super-heróis da Marvel, levando herói a enfrentar herói. O roteiro de Mark Millar, que volta trabalhar com a equipe mais importante de Marvel Ultimate, e a arte de Carlos Pacheco estão ótimas. No final da HQ, fica a promessa de que vamos acompanhar um ótimo arco.

Pelos Vingadores e pelo Homem-Aranha, com certeza vale a leitura de Ultimate Marvel #001. Pena que não seja assim tão acessível para novos leitores como era o previsto. Na história do Homem-Aranha, apesar de ser o inicio de um novo arco com o Mysterio, dá para ficar perdido dentro da vida do Peter Parker Ultimate e há pouca contextualização. O mesmo cabe no Homem de Ferro, já que Ellis pouco fornece de gancho para entender o personagem. Recomeço mesmo acontece em Vingadores, já que a HQ traz novidades para novos e antigos leitores, além de apresentar a criação de um grupo que, na real, não existia antes dentro do Ultiverso.