Cada homem é uma raça

Cada homem é uma raça Mia Couto




Resenhas - Cada homem é uma raça


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Aione 15/09/2015

Mia Couto é, sem dúvidas, um dos grandes nomes da literatura do século XXI, sobretudo da de Língua Portuguesa. Por saber do renome do moçambicano, optei pela leitura de Cada homem é uma raça, antologia de contos publicada originalmente em 1990, para ter meu primeiro contato com sua escrita.

A obra é composta por 11 contos de temáticas diversas, além de um glossário, ao final, o qual reúne expressões e palavras africanas que aparecem ao longo dos textos. Ainda, a escrita do autor traz consigo as marcas do português de moçambique não apenas por tais palavras e expressões, mas também pelas construções utilizadas.

A narrativa não demora a envolver. Através de histórias variadas, Mia Couto revela toda a sensibilidade de sua escrita, criando um universo mágico, cativante e repleto de perceptibilidade. Além disso, é inegável o aspecto poético que a narrativa do autor assume.

Há contos nos quais predomina uma temática mais politizada, demonstrando diversos problemas locais, embora não exclusivos da região. Neles, aparecem tanto as desigualdades sociais e econômicas quanto políticas, expondo, assim, parte dos problemas lá enfrentados. Em outros, se faz presente, até mesmo, certo ar de humor e leveza, existindo, também, aqueles mais místicos. Independentemente da temática prevalente, o homem, desprovido de julgamentos, e suas facetas são as características comuns aos contos, bem como a sensibilidade de Mia Couto.

Por ser uma obra curta e fluida, a leitura de Cada homem é uma raça não é demorada. Contudo, lê-la degustando cada parte, buscando apreciar seus detalhes, é a melhor maneira de aproveitá-la e de compreendê-la. Acredito que fiz uma ótima escolha para ser apresentada ao trabalho de Mia Couto e, agora, sem dúvidas pretendo fazer também a leitura de algum de seus romances.

site: http://minhavidaliteraria.com.br/2015/09/15/resenha-cada-homem-e-uma-raca-mia-couto/
Daniel 20/09/2015minha estante
Eu já li um romance dele: " Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", aliás muito bem escrito e com uma forma bem peculiar de nos fazer pensar!


Aione 20/09/2015minha estante
Vou anotar a indicação, Daniel! Depois do contato inicial com os contos, quero ler um romance dele mesmo!


Daniel 24/09/2015minha estante
Ok.




Felipe 16/06/2015

faz isso mais não, Mia...
Thiago 04/07/2015minha estante
KKKKKKKKKK.


Alê | @alexandrejjr 30/07/2019minha estante
O que ele não deve fazer, Felipe?




Jacqueline 27/07/2014

Todo mundo tem uma história de amor
Basicamente um livro que fala sobre amor, essa eterna busca (ainda que de amores nem tão convencionais). Os contos são povoados por personagens inusitados: uma corcunda, que se relaciona com estátuas e se enamora de um velho, cardíaco, sustentado pela mulher, que aluga sapatos; um órfão, cheio de ausências, criado pelo tio, que conhece o primeiro amor; a mulher que foi primeiro viúva e depois esposa; um vendedor de pássaros (“que não tinha sequer o abrigo de um nome”); um empregado negro, que no confessionário revela como traiu a confiança da patroa, uma Princesa Russa, que abandou seu amor na Rússia e sofre com o marido que a subjuga; um pescador que fica cego ao oferecer seu olhos como isca e que não consegue mais prover o sustento da família; uma linda moça que se apaixona por um seminarista; um forasteiro que desperta os temores de uma comunidade (sempre a dificuldade de lidar com o diferente); um barbeiro que já atendeu o Sidney Poitier; um colono, pai de um casal de filhos, que os proíbe de ir para Paralém das montanhas).

Três contos merecem destaque (não que os outros não sejam bons):

A lenda da noiva e do forasteiro

Na superfície, outro conto sobre amores. Em outras camadas, nos deparamos com metáforas várias e histórias arquetípicas: a mulher oferecida ao estrangeiro para salvar a cidade, a escolha entre a tradição e a ruptura, o conhecido e o novo, o previsível e controlado X o esperado e fora de controle. Os quase últimos jovens de uma aldeia, noivos, deveriam dar continuidade a tribo. Um estrangeiro que chega e desperta as mais tenebrosas fantasias ameaçadoras. A moça que parte em sacrifício para salvar a tribo, por sugestão do sábio ancião, no melhor estilo Geni. Sua demora faz com que o noivo parta para resgatá-la. Ele mata o forasteiro e encontra a noiva chorosa porque dele havia se enamorado. O falecido tinha como missão proteger um lugar, garantindo que nele a solidão pudesse estar, combatendo assim o tempo (como não se apaixonar?). Ao final, o jovem é colocado diante da decisão de ganhar o mundo com ela ou retornar à aldeia sozinho.

Rosalinda, a nenhuma (ou o caso da mulher que primeiro foi viúva e só
depois esposa)

Um dos melhores contos do livro, conta a história de Rosalinda, “que não era nem Rosa nem linda”, como fazia questão de lhe dizer o marido, que pode enfim se tornar esposa quando seu cônjuge, estafermo e bêbado, parte dessa. A felicidade se sentir não mais um numeral ("uma" das), mas de ser finalmente coloca no seu lugar (definido) de oficialidade – "A" mulher - é ameaçada quando vê outra mulher chorando no túmulo do falecido em uma de suas visitas diárias ao cemitério.
De “uma”, ela passa a “a” e daí para “nenhuma”, como expresso no título do conto, é um pulo.

O ex-futuro padre e sua pré-viúva

Uma linda jovem se apaixona por Benjamin, um seminarista convicto, e faz de tudo para tê-lo. No melhor estilo “o que quer uma mulher?”, que nem Freud consegue responder, Benjamim padece, enredado pela jovem. Um toque de realismo fantástico deixa no ar as veracidades dos fatos e a autoria dos atos.

Para além das tramas dos contos em si, o autor nos brinda com:

- O abuso de prefixos negativos que engrandece o incômodo e a dor

“Ela se condizia sozinha, despovoada.”

“Nessa noite eu desconsegui de dormi. Saí, sentei a insónia no jardim da frente.”

“Desorfanar”

“Desmininava”.

“Vivemos longe de nós, em distante fingimento. Desaparecemo-nos.”

- Personificando e coisificando (e ampliando o efeito poético):

“Um mocho piou, incriminando o porvir.”

“Naquela noite, as horas me percorriam, insones ponteiros. Eu queria só me esquecer-me.”

“Somei dúvidas”.

“Ficou numerando dúvidas.”

“O tamanho daquela verdade não cabia em si.”

- Os contrastes:

“Chiquinha, ainda tão filha, como podia já ser mãe?”

- Os adjetivos inusitados e as regências inventadas:

“Um dia me trouxe uma bota de tropa. Grande, de tamanho sobrado. Olhei aquele calçado solteiro, demorei o pé.”

- E as ideias deslocadas de seus lugares de origem:

“A beleza dessa menina, meu sobrinho, é você que lhe põe.”

“Porque a saudade dos homens é toda no presente, nasce do amor não cumprir, na hora, os seus deveres.”

Mia Couto, sempre vale a pena!
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Kirla 24/10/2022

Gosto do Mia Couto pq tu tens uma visão das pessoas normais e das anormalidades da vida delas. São vários contos, eu li um por dia pra aproveitar mais. O que incomoda é que por mais que um conto comece divertido, fica aquele aperto no peito, pq vai acontecer algo ruim. Mas a vida é assim né?
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Zuca 17/06/2023

O português de África do moçambicano Mia Couto já é, em si mesmo, um veículo carregado de conteúdo extra nas entrelinhas (seja pelo vocabulário local incorporado, pela ressignificação das palavras importadas ou pela síntese da sabedoria antiga em novos ditos na língua invasora) e traz consigo o valor inerente de propor visões de mundo únicas e peculiares a leitores ditos “ocidentais” – alfabetizados linguística e cognitivamente por parâmetros europeus.

Para além disso (e também por isso), as estórias de Mia – mesmo as marcadas por sofrimento e melancolia – incorporam sempre às narrativas a sensação indefinida de pertencimento na forma de uma espiritualidade cujos domínios avançam para muito além dos eventos individuais e passageiros narrados naquele momento. Aqui, como na natureza (que bem pode ser a divindade maior nesse sistema milenar de lógicas abstratas porém profundas), todas as coisas se transformam – nunca deixando simplesmente de existir; e a esperança de que essas mudanças eventualmente sejam positivas permeia cada canto de cada conto.

site: https://sucintandoresenhas.blogspot.com/
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Brenda921 16/02/2024

Li para prova de literatura
Esse livro me surpreendeu e me frustou, ele começa com Rosa Caramela q tem um plost incrível, mas ao decorrer dos contos as histórias acabam ficando massivas, talvez porque seja o português de Muçanbique eu tenha tido essa impressão.
Mas mesmo com essa característica o livro não é ruim, cada conto tem um universo diferente, alguns de teor político e outros q são ligados ao extraordinário.
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Carina 11/09/2013

Contos com raça
O livro de J.K. Rowling, apesar de ser pouco mais que um apêndice da saga original de Harry Potter, não deixa de possuir suas virtudes. Os contos “O Mago e o Caldeirão Saltitante”, “A Fonte da Sorte”, “O Coração Peludo do Mago”, “Babbyty, a Coelha, e seu Toco Gargalhante”, e é claro, “O Conto dos Três irmãos” são semelhantes aos tradicionais contos de fadas. Entretanto, a autora aproveita a intertextualidade para modificar o que não lhe agrada no gênero, como a passividade das heroínas.

A linguagem utilizada brinca com a da própria análise literária, nos comentários de Dumbledore. J.K. inova também ao resgatar a origem trágica dos contos de fada, fazendo literatura infantil na qual estão presentes a morte e a crueldade.

Quem se prende à imagem de Harry Potter dos filmes (ruins), deixa de conhecer uma boa autora que sabe brincar com os limites da linguagem e explorar o universo lúdico, como provam os contos de Beedle.
Rodrigo 12/09/2013minha estante
Acho que se enganou na resenha!!


G. 03/10/2013minha estante
haahaahahahahahahahahah


Adriana1037 20/01/2014minha estante
hein?!?!?


Thiago 04/07/2015minha estante
Aí sim, resenha sensacional kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.( ?° ?? ?°)


Samir 25/06/2017minha estante
É... O.o


Marianna 19/07/2017minha estante
Resenha do livro errado...


Marianna 19/07/2017minha estante
Resenha no lugar errado...




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