Giulipédia 26/12/2020
O flautista inicia sua música sombria...
Aqui se encerra o último volume oficial da série da Anne, os volumes posteriores lançados são livros de contos e histórias recortadas dos personagens de Avonlea e Four Winds. E devo dizer que de todos os volumes, esse em particular, foi o mais doloroso de se ler, pelo menos para mim.
Nessa história conhecemos um pouco mais de Rilla, a segunda mais nova da família Blythes. Ela tem apenas 15 anos, uma adolescente frívola, risonha e sem preocupações sérias da vida, em resumo, Rilla Blythes é despreocupadamente feliz. Até que um acontecimento mundial muda drasticamente a realidade dela e a do mundo inteiro.
O ano é 1914, sabemos pelos livros de história o grande acontecimento e a grande tragédia que se inicia nesse ano maldito.
A primeira Guerra Mundial se deflagra e com ela, o flautista de Hamelin, que Walter no passado previu, começa a tocar sua música sombria, atraindo milhares de jovens com sua melodia sombria.
Esse volume partiu meu coração de uma forma extremamente dolorosa, foi um livro divertido e triste, e um livro de crescimento pessoal da própria Rilla. Crescemos com ela durante a leitura, encarando os horrores que a guerra trás para aqueles que ficaram em casa aguardando aqueles que foram para a guerra, muitos voltam inteiros outros feridos, mas voltam, outros não tem tanta sorte.
Sem perder o divertimento e a leveza, Lucy M. Montgomery introduz o peso da primeira Guerra mundial sendo deflagrada em 1914. Isso pela perspectiva daqueles que ficaram em casa, as esperas ansiosas das cartas, das notícias através dos telefones, dos telegramas. Acompanhamos a leitura como se estivéssemos lá, vivendo aquele período sombrio junto a seus personagens e mesmo sabendo que essa obra é fictícia, não há como não pensar como deve ter sido dura a realidade daqueles quatro anos.
Mas longe de ser um clima mórbido e sombrio, temos uma atmosfera de fé e perseverança, de luta e de sempre esperar pelo melhor apesar dos dias sombrios. E a maior lição desse livro é essa, tudo passa, não se deixe abater pelos dias difíceis, pois eles passam. E quanto aos dias bons, que sejam aproveitados ao máximo e eternizados no coração, pois é com a memória destes que seguimos enfrente nos dias ruins, e temos forças para continuar lutando e não nos tornamos pessoas amargas e abatidas pela vida. Recomendo fortemente a todos, boa leitura!