A velha Nova York

A velha Nova York Edith Wharton




Resenhas - A velha Nova York


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Diego Rodrigues 17/05/2023

Sambando na cara da alta sociedade
Primeira mulher a vencer o Prêmio Pulitzer de Ficção, Edith Wharton possui, entre contos, romances e poemas, uma extensa obra literária, sendo a maior parte dela escrita após o fim do conturbado casamento com Edward Robbins. "A Velha Nova York" reúne quatro novelas escritas naquele que é conhecido como o período mais efervescente de sua carreira. São histórias marcadas por um realismo visceral e que contrapõem o teor dos romances mais açucarados de sua época. Fortes personagens femininas, ácidas críticas sociais e um sarcasmo pra lá de afiado dão o tom por aqui.

O volume abre com "Falso amanhecer", onde vamos acompanhar um jovem que roda o mundo com o objetivo de coletar renomadas obras de arte para abastecer a galeria de sua nobre família. Como resultado temos um desentendimento entre pai e filho, que vai esbarrar em temas como o conflito de gerações, a prostração da aristocracia e o papel da arte em nossas vidas. No clássico "A solteirona" temos o desenrolar de um complexo drama familiar envolvendo duas primas e uma bebê enjeitada. Vida conjugal, maternidade, amadurecimento e o papel da mulher na sociedade são discutidos aqui. "A faísca" é uma narrativa mais misteriosa, e até melancólica, que gira em torno de uma relação extraconjugal e traz á tona as hipocrisias da alta sociedade. Por fim, temos "Dia de Ano-Novo". Aqui, o incêndio de um hotel acaba por desmascarar um suposto caso de traição. É mais um conto que levanta questionamentos sobre o casamento e sonda as profundezas do coração feminino.

Não bastasse os bons plots e a importância dos temas discutidos, a escrita de Wharton é um show à parte. Com uma ironia cáustica, a autora destila seu veneno em doses sutis, mas letais, e samba na cara da alta sociedade. Apesar de direcionadas para a sociedade novaiorquina da virada do século XIX para o XX, suas críticas podem ser facilmente trazidas para o nosso contexto e conversam, e muito, com a sociedade em que vivemos: preconceituosa, conservadora e repleta de falso moralismo, tudo encoberto pela tênue máscara de "defensora dos bons costumes". Com certeza voltarei a ler a autora e recomendo!

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Mariana Dal Chico 27/03/2023

Conheci a escrita de Edith Wharton com o romance “A casa da Alegria” e foi amor à primeira lida. Dessa vez me aventurei pelas novelas da autora que estão em “A Velha Nova York”, publicado pela @unespeditora que gentilmente me enviou um exemplar de cortesia.

Falso amanhecer (os anos 1840)
Mostra bem alguns valores hipócritas da sociedade e como a vida de uma pessoa pode mudar pelas escolhas não convencionais que ela faz.

A Solteirona (os anos 1850)
Sobre uma mulher que teve uma filha não planejada fora do casamento e é obrigada a abandoná-la, seguindo os conselhos de sua mãe e prima. Trabalha muito bem o tema da maternidade, tem muita ironia e é o meu favorito da coletânea.

A Faísca (os anos 1860)
“(…) as únicas pessoas que nunca se chateiam são pessoas que não se importam; e não se importar é talvez a ocupação mais triste que existe (…)”p.162
Nesse, o personagem participou da Civil War e não conseguia se lembrar do nome de um homem que o ajudou quando se machucou e quando ele se lembra… o grito que dei!

Dia de Ano-Novo (os anos 1870)
Uma mulher que é julgada pela sociedade por ser adúltera surpreende o leitor ao descobrir mais sobre seus motivos para traição.

A autora é muito habilidosa ao mostrar tanto os detalhes quanto o panorama geral dos costumes da alta sociedade de Nova York. Eu daria maior destaque para suas personagens que são sempre atípicas e a abordagem clara e irônica que ela faz de temas que eram tabus para a época em que suas histórias foram escritas.

site: https://www.instagram.com/p/CqTk49UPI9u/
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voandocomlivros 02/07/2023

Meu primeiro contato com Edith Wharton não poderia ter sido melhor. "A Velha Nova York" é um volume com 4 novelas que traçam um importante afresco social dos anos 40, 50, 60 e 70 respectivamente. Nessas histórias, a autora transmite uma fotografia semelhante das relações sociais, econômicas e familiares da época sem descuidar da psicologia das personagens, o que é realmente incrível.


🧡"Falso amanhecer" nos guia pela sociedade, ensinando-nos a acreditar em nós mesmos e até em coisas que a sociedade considera, de forma antiquada, algo vergonhoso.


🧡"A Solteirona" trata sobre estar ao lado da pessoa que você ama na riqueza e na pobreza. Uma mãe escolhe cuidar de sua filha nas sombras, sacrificando sua própria identidade para ver a filha feliz e quem sabe ter alguns minutos de sua companhia.


🧡"A faísca" traz um narrador que tenta decifrar o mistério de um homem bastante apagado, subserviente à esposa e traído, que sempre erra. Surpreendentemente, algumas coisas interessantes virão à tona sobre ele.


🧡"Dia de Ano-Novo" coloca o narrador relembrando sua infância quando morava com sua avó que recebia muitos convidados no Ano-Novo. Como a casa ficava em frente a um hotel, em uma das ocasiões, tiveram a oportunidade de acompanhar a deflagração de um incêndio no interior desse edifício. Enquanto a maioria das pessoas fugia do fogo, os convidados reconheceram um casal que parecia ter um relacionamento secreto. A mulher tentou garantir que não fosse vista porque era casada. Mais tarde, ela descobriu que seu marido estava na casa da vovó e ficou confusa se ele a viu ou não. É uma história muito profunda sobre a alma de uma mulher e a protagonista acaba por ser muito interessante.


"As únicas pessoas que nunca se chateiam são as pessoas que não se importam; e não se importar é talvez a ocupação mais triste que existe."


Gostei muito da escrita de Edith Wharton. ela é muito atenta aos detalhes e muito conhecedora da natureza humana. Ela tem desenvoltura e eloquência, uma forma de escrever muito particular, sendo muito sensível e, ao mesmo tempo, lúcida.
Conhecer muito bem o mundo do qual fazia parte a ajudou na caracterização e criação de personagens únicos. As quatro novelas são verdadeiras preciosidades que carregam o encanto de uma sociedade há muito desaparecida.

site: https://www.voandocomlivros.com/post/a-velha-nova-york-resenha
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