Animais cinzentos

Animais cinzentos Marcela Mazzilli Fassy




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Wellington.Pimente 27/09/2023

O lado sombrio do humano.
A escritora mineira Marcela Mazzilli Fassy transmite em seus contos, uma mescla de crise existencial, horror e/ou discussão política. Mostrando o lado cinzento "sombrio" do ser humano.

Portanto, o primeiro conto "A desalmada" conta a história de uma mulher à beira do desespero, que percebe que possuía muito pouco do humano e assim ela procura o diabo para vender a sua alma, o que no decorrer de todo o texto percebemos o quão triste é construirmos o ódio e assim não restar nada do humano em nós. Na sequência vem os contos "Os dias antes do fim" e sua provável continuação em "A reunião" o primeiro conta as pessoas esperando por um general e num comparativo bem interessante, a autora coloca a sensação do calor infernal com a percepção da repressão e como isso deixa o povo letárgico, sem ação, totalmente rendidos ao autoritarismo. Em "A reunião" um grupo se reúne em um local chamado "a toca", que no fundo eles não realizam nada de concreto para mudar a situação de ninguém e num momento "chave/decisivo" um dos integrantes deixe seu lado sombrio falar mais alto e assim ocorre seu dilema moral, a posteriori, sobre o motivo de sua conduta.

Em "Check-out" há questões paradoxais, em que os personagens tentam manter sua resiliência e normalidade, dentro de um hotel de luxo, devido uma forte radiação externa que os levarão à morte.
No "Animais Cinzentos", o conto mais visceral, relata uma mulher perversa com toda a sua força destrutiva e sua necessidade de maltratar todos aqueles que demonstram afeição. Em "O impostor" percebemos o quão tolo é a construção da inveja em nossa mente.

No "Interlúdio" acompanhamos os devaneios de um cara pertubado por questões banais como uma maçã, mas reage tranquilamente, por exemplo, naquilo que ele enxerga como uma assombração. Em "Cadernos de Brauer", uma cardeneta de anotações de um polonês é encontrado por um hóspede no baú do quarto de uma pousada, em que o escritor parecia estar sobre efeitos de drogas ou algum tipo de alucinação pelos desvaneios anotados. A obra encerra com o conto "O moço da cidade" contando a história de um homem que vai para uma cabana, no meio da natureza, num lugar ermo sem energia elétrica, em que começa a surgir eventos sobrenaturais e que vão levando essa euforia inicial para um tipo de tédio, esgotando suas energias e lucidez, além disso as pessoas da região começam evitar a ficar próximo dele, por causa dele ouvir vozes de escravos mortos, como se ele tivesse um tipo de maldição.

A escrita tem ótima fluidez, sendo muito fácil acompanhar seus relatos, mas houve histórias que ficaram sem elucidação/entendimento das ações relatadas como nos contos Interlúdio, Os cardenos de Brauer e em O moço da cidade; a mim faltou um cuidado maior para o desenvolvimento/desfecho que fizesse maior sentido. Mas os outros contos eu achei muito interessante e foi uma grata surpresa conhecer a obra dessa autora.
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