Carla Maria 14/02/2023
Dilacerante
Finalmente, após minha quinta leitura do ano, eis que apareceu o primeiro livro favoritado de 2023. Que história impactante e completamente dilacerante. Meu coração ficou em frangalhos e minha mente borbulhando. O que eu seria capaz de fazer se eu estivesse na posição de dominador perante meu algoz? O meu lado racional conseguiria vencer o lado totalmente destroçado, chamado de emocional? Eu conseguiria colocar em prática todos os meus ensinamentos religiosos? Eu faria justiça com as próprias mãos, eu acreditaria na justiça terrena ou apostaria todas as fichas na única justiça que não falha, a divina? Esses foram apenas alguns, dos vários e vários questionamentos que eu fui capaz de engendrar nesta mente endagadora. Fora os tais questionamentos, estes que sempre estarão em constante movimento, eu fui capaz de compreender com profundo pesar, o porquê dos traumas e paranoias vividos pela vítima. Eu fui capaz de vivenciar cada atrocidade relatada. Eu sofri e eu mesma quis fazer o que jamais se deve fazer, justiça com as próprias mãos.
Esse livro foi capaz de me levar aos maiores níveis de questionamentos já imagináveis. Foi uma experiência sem igual.
A Morte e a Donzela era para ser um romance, mas acabou desbravando o mundo, não como um romance, mas como uma peça teatral. Ela é o retrato de um grito de horror e desespero, causado pela época em que o Chile era abraçado pela temida e cruel ditadura.
Uma peça extraordinária, que vale toda a sua atenção.