spoiler visualizarariel.php 16/01/2023
O último livro do box
Enfim terminei o box "As melhores histórias de Arsène Lupin", e o último livro que me acompanhou nessa experiência foi "Arsène Lupin: as oito pancadas do relógio".
Lançado em 1923, tem a mesma base que os títulos anteriores: um homem com capacidades físicas e intelectuais acima da média (principalmente a segunda característica) que vive aventuras pela França do início do século XX. No entanto, Maurice Leblanc soube reinventar o personagem para que lhe coubesse um enredo diferente dos livros acompanhantes deste. Tal manobra foi realizada no núcleo de protagonista: Lupin, apaixonado, abdica (indefinitivamente) de seu papel de "o maior ladrão da França" para encarnar o príncipe Serge Rénine, um homem empenhado em socorrer os necessitados de narrativas sem saída aparente.
Nesse contexto, o novo modo de escrita adotado por Leblanc também solucionou um dos fatos apontados como negativos por mim em "Arsène Lupin: ladrão de casaca": o raciocínio de Lupin, agora, é totalmente exposto para o leitor, o que permite que o leitor especule soluções durante a contemplação do capítulo. Porém, isso também serviu para ratificar a determinação e a inteligência do protagonista.
O que me incomodou foi o que Leblanc (não) fez com Hortense. Após o primeiro capítulo, a justificativa para a permanência de Hortense no livro é o cumprimento de um acordo selado com o protagonista. A questão é que ela não faz algo além disso. Hortense é escrita como uma espécie de expectadora imersa nos causos: ela tem acesso às mesmas informações Lupin, então se esforça para confabular uma hipótese, mas sempre erra. No máximo, ela passa a também ser personagem dos conflitos, mas sem ofertar diferença significativa na solução desses.
Outro fato que me desapontou foi Leblanc não ter feito Rénine se revelar como Arśene Lupin para Hortense. Assim, a obra termina com a jovem entregando-se a uma personagem de Lupin.
Isto posto, a leitura foi tranquila e com pequenos plot twists, de modo que considero a segundo melhor da trilogia lida. Se você busca por um livro com páginas de climax intenso, é melhor voltar à procura. Por sua vez, caso tenha interesse numa literatura leve e divertida para passar o tempo, "Arsène Lupin: as oito pancadas do relógio" pode ser uma boa opção.