Zé - #lerateondepuder 30/08/2022
Crimes em Copacabana
Gosta do tema “empoderamento feminino, típico de mulheres que protagonizam uma obra feito a verdadeira heroína? Então, a grande dica é ler a história fictícia de Iolanda Braga, uma Inspetora de Polícia lá nos anos 1980. Atente que estamos falando de uma policial na penúltima década do século passado, quando não se via o gênero feminino em atividades com essa, considerada um reduto dos homens.
Mas, “Crimes em Copacabana – Caçada ao Dono da Babilônia” é um daquele livros eletrizantes, cuja primeira cena já começa com um chefão do tráfico do Morro da Babilônia, um criminoso para lá de temido, escapando de uma delegacia da cidade do Rio de Janeiro, não sem enfrentar a destemida Iolanda.
E a trama continua com o bandido, cujo nome é Touro Bravo, escapulindo da mira da arma de nossa policial, que não se dará por vencida e começará uma busca frenética, na caça desse meliante. Iolanda, mesmo quando ferida, não se acovarda e parte para cima, declarando que, se for o caso, honra seu trabalho com o sacrifício da própria vida.
O livro, além de uma literatura bem ao gênero policial, um dos que nem tanto são vistos, sendo escritos por autores nacionais, não falará somente da trama policialesca ou dos detalhes de como conduzir uma investigação e suas intercorrências. É uma daquelas histórias que a protagonista tem de provar seu valor como mulher, boa parte do tempo, em meio às descrenças e chacotas dos parceiros.
Iolanda, entretanto, no percurso da investigação, irá se deparar com uma afetividade que vai de forma progressiva, em um começo de romance por seu parceiro Carlos. Tudo vai acontecendo aos poucos, muitas vezes, retomando à estaca zero, uma vez que nossa orgulhosa agente não abre, assim, seu coração tão facilmente.
Crimes em Copacabana é, acima de qualquer coisa, uma bela literatura nacional, super contemporânea, embora retrate com todos os detalhes, as cenas de década de 80, de um Rio de Janeiro que já se via com problemas com as drogas e outras substâncias ilícitas e com uma criminalidade crescente, com ligações internacionais.
É, sim, uma leitura para lá de agradável, daquelas que fluem para valer. A autora emprega a linguagem bem específica, com “palavrões” que só bem contextualizam a linguagem, nunca desmerecendo a leitura, além de poder ser lida bem rápido, com menos de 200 páginas, divididas em capítulos curtos, que sempre alternam as cenas, ou seja, com boas reviravoltas, engendradas em um clima de mistério crescente, a ser solucionado somente ao final.
Escrito pela autora Brasiliense, mas de coração carioca, Luciana de Gnone tem se lançado com muita maestria no universo policial. Esse é o quinto livro do gênero dessa autora, precedidos por “Súplica em Olhos Mortos, Vestígios, Delito Latente e Evidência 7”, obras maravilhosas que, com certeza, conquistam todos que a leem.