Natureza urbana

Natureza urbana Joana Bértholo
Joana Bértholo
Joana Bértholo




Resenhas - Natureza Urbana


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Diego Piu 29/11/2023

Curtinho, mas tão eficiente!
Em poucas páginas o livro traz diversas reflexões interessantes. Tem algo (ou muito) de Macabea na protagonista.

De início, pela narração em primeira pessoa, entrei num conflito de como uma personagem que se diz tão simples e burra barra a própria vida com um vocabulário tão rebuscado. Mais tarde fica implícito o motivo e essa conta fecha.

Trecho que me marcou: A melhor forma de aprender a andar devagar é não ter pra onde ir.
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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023 | Cortesia

Natureza urbana [2023]
Joana Bértholo (Portugal, 1982)
Dublinense, 2023, 64p.

Uma mulher na faixa dos 30 anos, com pouco estudo e sem filhos, encontra-se da noite para o dia livre de 2 grandes amarras: uma afetivo-psicológica, outra social. Menos de 24hs após a morte de sua mãe, que lhe exercia um controle abusivo e perverso, é também demitida do salão de beleza onde cuidava de lavar os cabelos das clientes. Um excesso repentino de tempo livre se transforma na busca por “aprender a andar devagar […] para olhar as coisas e pensar nelas de forma completa e sem interrupções”. Assim tem início "Natureza urbana", espécie de desnovelo do antropoceno no qual me parecia, às vezes, ouvir a voz de nossa inesquecível Macabéa, não fosse aquele automóvel de luxo lhe interrompendo a estupefação e os desejos de futuro.

Lida de uma sentada assim que chegou (e relida, em seguida, em doses comedidas), esta novela comporta muitos outros modos de leitura, uns e outros igualmente capazes de revelar as engrenagens precárias que movimentam o caos citadino ao qual sobrevivemos em profundo costume. Vivendo apenas com o mínimo necessário para sua subsistência, a narradora descobre um mundo interior e exterior para além do massacrante utilitarismo e do hedonismo alienador das sociedades orientadas pelo consumo e para o acúmulo. Onde antes sequer tinha noção do quanto profundamente se desconhecia, um novo (e arriscado) propósito toma conta de sua existência, quando se torna capaz de enxergar nas clivagens outras formas de afeto e de ocupar o mundo.

Um livro breve contra a urgência destes tempos e contra os enquadramentos sociais que transformam o outro-humano em indiferença ou ameaça, e o outro-animal em presa ou fetiche. Uma voz que produz sua própria emancipação, ciente de que “o amor ao não humano não é sintoma de misantropia, é apenas uma extensão da função humana de amar, um reconhecimento de que somos uma pequena parte na escala maior das coisas.” Ao revolver a cidade com suas deambulações, nossa protagonista desentranha uma memória da terra ansiosa por reencontrar o que ainda pode existir em harmonia neste presente insustentável.
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naoesteves 16/10/2023

Muito agradável!
Foi curioso ler este conto pouco depois de "Ecologia". De certa forma os dois trazem perspectivas que conversam a partir de dois extremos, levando em consideração as personagens de um e outro. É interessante ver essa construção, como a autora transita entre personalidades tão distintas tratando de alguns assuntos em comum.

Essa é uma história gostosa de ler, rápida, sensível como é a prosa da Joana Bertholo, e o desenrolar da trama vai se tornando surpreendente. A narradora conta como a morte de mãe e uma demissão inesperada permitem que se coloque atenta à cidade onde vive, cenário que é rompido por uma sequência de acontecimentos que podem ser familiares a muitas pessoas que vivem numa cidade grande, mas o sentimento que tive é o de que Joana realmente define as palavras perfeitas para traduzir pensamentos cotidianos de uma maneira muito calorosa, afetiva, cheia de sensibilidade e que em certa medida consegue também mudar nosso olhar sobre o entorno.
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Andrea170 25/02/2024

Reflexões
Leitura leve e fluida de uma delicadeza profunda sobre a relação humana com a natura, diferenças e pertencimento. Nos faz pensar nosso lugar no mundo.
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isa.dantas 19/11/2023

Novela curta para ser lida em um só fôlego em que temos uma protagonista sem nome que, a partir da morte da mãe, começa e observar e entender sua relação com a cidade em que vive. Uma história curta que nos faz refletir sobre a forma como estamos nos relacionando ou como apartamos a natureza de nós.
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Juliana Ascoli 11/12/2023

Observar a natureza
Considerando que o livro é pequeno, não dá pra dizer muito pra não estragar a experiência de leitura.
A personagem, após perder a mãe, passa a observar a natureza e busca conhecimento através dos livros também.
Começa a reparar em seres e circunstâncias que antes não percebia.
Vale a leitura!
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nay.gba 04/01/2024

Um grão de estrela, um grão de poeira
Um livro curtinho, um conto de poucas páginas, mas de uma riqueza incalculável.
Uma história disruptiva e revolucionária.

Estou há alguns dias tentando organizar em palavras as emoções que senti com Natureza Urbana. E não deu, não consigo verbalizar a experiência que foi a leitura e como ela mexeu comigo.

São tantas reflexões, tantos temas sutis por trás do pano de fundo concreto que não há um só resumo. Em uma palavra diria Valor. E não preço.

Natureza Urbana é uma sequência veloz que explode a nossa mente enquanto acompanhamos as descobertas da protagonista. Como a energia de uma estrela que nasce, o ritmo é explosivo.

É curiosa a percepção de tempo enquanto lemos. É como se eu estivesse vendo um documentário do espaço que mostra com detalhes toda a infinita magnânima do universo enquanto associa nós aos elementos que nos torna poeiras cósmicas.

Poeira. Acúmulo indesejado, que precisa de tempo pra ser notada. Tal qual, quem vive às margens dos meios de produção, é invisível e depende de alguém pra ver o que o tempo e a luz tentam expor.
O adoecimento é coletivo, social e pelo capital.

Leitura Recomendada.
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Gláucia 01/03/2024

Um olhar diferente sobre a natureza e a vida
Natureza urbana traz uma protagonista sem nome que, ao perder a mãe, depara-se com um tempo ocioso com o qual ela não sabe o que fazer. Então, ela começa andando devagar pela cidade, observando seus detalhes, o que traz um novo olhar sobre a relação com a natureza e sobre si mesma. Ao descobrir a biblioteca e se interessar pelo atencioso bibliotecário, ela mergulha no mundo dos livros , a partir dos quais, ela reflete e questiona sobre vida, morte, trabalho e natureza, da qual ela se sente parte.
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luizdgv 12/11/2023

Natureza Urbana, de Joana Bértholo (Dublinense, 2023)
?Que diferença faz? Que diferença faz estar no mundo e mexer coisas de um lado para o outro, ou estar onde se estiver, só sendo? Porque insistimos em cortar o cabelo, se volta a crescer, ou em lavá-lo, se volta a sujar-se??

Natureza Urbana é sobre uma mulher que se encontra, de repente, sozinha no mundo e decide viver de um jeito mais simples, conectando-se mais à natureza, às coisas essenciais que importam, deixando de lado as necessidades materiais.

A narradora nos faz refletir sobre a relação (leia-se destruição) do ser humano com seu meio, porque a vida urbana é do jeito que é, qual a nossa relação com a natureza e os animais, entre outras coisitas.

É um daqueles livros curtinhos (62 páginas), mas com uma história grandiosa e inspiradora, pra ler de uma vez, em um respiro. Recomendo pesado!
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Fabio.Nunes 17/11/2023

Decepção
É frustrante falar que fiquei decepcionado com uma autora que já me surpreendeu esse ano. Mas é a verdade. O livro, escrito em prosa poética, me enganou com sua sinopse. Imaginei encontrar aqui uma visão poética da cidade, de suas contradições, encontrar ressignificados.
Foi menos do que esperei, e talvez a culpa tenha sido minha.
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Vitoria 20/05/2024

A primeira metade do livro me encantou. A forma como autora apresenta novos elementos e novas camadas, a trajetória da protagonista que vai se delineando...

O final não me pegou, não despertou as esperadas reflexões.
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Ricardo 05/04/2024

É extraordinário. Daqueles livros que nos assolam, nos lançam de volta ao universo da totalidade. Um olhar compassivo e ao mesmo tempo demolidor...
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Marcus 18/11/2023

Um olhar inocente do mundo
Reprimida pela mãe controladora, a protagonista que não é nomeada nesse romance curto passa a descobrir a cidade e cenários desconhecidos quando passa a se ver sozinha e sem emprego. Na narrativa em primeira pessoa, transita entre a surpresa e o choque em suas descobertas.
Joana Bértholo, escritora portuguesa, desenvolve uma narrativa envolvente. Vi muita similaridade na crítica social de fundo com o romance "Saboroso Cadáver", da escritora argentina Agustina Bazterrica.

site: https://www.youtube.com/@BichodePrata
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NazaSicil 20/01/2024

Gosto muito de literatura portuguesa e esse pequeno livro é grande em sua entrega.

Após a morte da mãe, a protagonista dessa história é demitida do salão de beleza em que trabalhava e experimenta um sentimento de total solidão e desamparo.

De repente, ela se despe de tudo que não é essencial e desacelera o passo. Será que isso a torna mais feliz ?
Talvez se prestássemos mais atenção ao que nos rodeia, a vida seria mais simples ?

Leitura inquietante que nos faz pensar no fim. Fim do mundo, fim de nós, fim das nossas esperanças.

Urge pensarmos na condição humana, no que estamos fazendo com o planeta, o que estamos fazendo com os animais e sobretudo, o que estamos fazendo com o futuro da humanidade.

Acho que esse livro deixa marcas indeléveis no nosso pensamento. Quero ler outras obras da autora.

Já leu ?
Se não leu, procure ler !

? "Era dona do meu tempo e não percebia a fortuna."

? "A Dona pediu que me fosse, que não voltasse, repetia que o meu trabalho já não existia. Como não, se estão ali duas meninas a lavar cabeças? Se há tantas cabeças no mundo por lavar e isso não vai mudar nunca ?"

? "Queria ter-lhe dito que a nossa vida depende destes seres que maltratamos, animais e plantas; e que a Vida é o valor mais alto."
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