Marta 12/09/2023
“Se as pessoas estivessem dispostas a ler umas às outras e ver a luz de outras culturas, não haveria guerras.”
Atrevo-me a começar essa resenha escrevendo que esse foi com certeza um dos livros mais tristes que li na minha vida, em alguns momentos cheguei a pensar em abandonar a leitura, mas a vontade de ver as coisas mudarem para melhor me fez prosseguir. É muito difícil uma história que fala de guerras e fome ser uma leitura feliz e o pior saber que embora seja um livro de ficção aquilo tudo realmente aconteceu com um povo, povo esse inclusive que conheci em uma de minhas viagens de voluntariado, mas não é um livro somente sobre guerra é também sobre perdão, solidariedade, pertencimento e reconciliação. No livro acompanhamos as vivências de quatro gerações da família Trân, que foi muito próspera, em eventos históricos que marcaram o país asiático no último século. O livro é narrado majoritariamente por Hu’o’ng, apelidada de Goiaba por sua avó Diêu Lan. A matriarca é a figura central na história e tem parte em vários capítulos. Entre idas e vindas durante o século, as datas iniciais dos capítulos ajudam na localização e no contexto histórico. A riqueza dos detalhes vem das experiências da autora, que nasceu em 1973 no norte do Vietña, comandado pelo governo comunista. O estranho é que a maioria de nós efetivamente desconhece o que aconteceu no Vietña, só temos conhecimento da famosa guerra do Vietña mostrada pelos filmes americanos, mas o Vietña passou muitas coisas tais como: domínio colonial francês, ascensão do nacionalismo, invasão japonesa, grande fome, primeira guerra da Indochina, divisão do país e a guerra do Vietña, por tudo isso dá para imaginar o tanto de sofrimento de seu povo. Embora o livro seja bem triste, recomendo sua leitura firmemente principalmente para quem gosta de dramas históricos, literatura asiática e tramas familiares.