Resenhas - Marinheira no mundo

Érica 02/05/2024

Retratos da minha gente
Ruth é da minha terra, mas quase que desconhecida por lá. Eu mesma, que sempre li muito e de tudo, só a conheci há pouquíssimo tempo por intermédio de minha amiga mais leitora ainda, Mariana Bastos, que não perde a oportunidade de louvar essa figura notável.
Mariana trabalha na Primavera Editorial e, claro que levou Ruth para ser publicada lá, e também claro que ganhei um exemplar!
Sobre o livro, são crônicas escritas ao longo da vida da ilustre cachoeirense, meio que divididas por temas, não são datadas e portanto podemos só viajar na leitura ou ficar encafifados tentando descobrir quando é que foram escritas ou publicadas (muitas foram publicadas no jornal O Vale, da minha cidade natal).
Eu amei MUITO a primeira parte, lindas homenagens à nossa terra, à nossa gente, ao nosso canto no mundo. E por nossa, digo o fundo do Vale do Paraíba, Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, Cruzeiro, Areias, Silveiras, a terra que eu amo e que escolhi como minha. Triste quem não a conhece.
As demais crônicas já me provocaram um mix de sentimentos, me incomodou bastante algumas falas conservadoras, religiosas. Mas é bem curioso que no mesmo texto ela está sendo conservadora pra caramba e solta uma frase boa e até progressista e depois, do nada, emenda religião.
Refletindo sobre essas questões, chego à conclusão de que, por mais estudiosa e vanguardista que Ruth fosse, o Vale é conservador, o País é conservador e acho que não é nenhum exagero dizer que o mundo é conservador, alguns mais, outros menos, alguns o tempo todo, outros em determinados momentos.
Essa resenha imensa para dizer que ler Ruth é fundamental, mulher, negra, caipira, vanguardista.