Resenhas - Nós Não Devíamos

Gabyh 26/04/2024

Que leitura, meus amigos!
Preciso dizer que não tinha ideia do que eu encontraria nesse livro, mesmo com a sinopse, quando eu vi a capa eu genuinamente não tinha ideia do que viria na leitura. Hoje, eu sei que vinha uma avalanche de aprendizados, risadas, traumas e finais felizes.

Essa é a primeira vez que eu leio algo da autora, e meus deuses que escrita boa! Sou extremamente apaixonada por livros que se passem no Brasil e tragam tudo que se tenha direito: cultura, gírias, costumes e o cotidiano de um brasileiro tentando sobreviver nesse país infernal, mas que agente tanto ama. Toda essa ambientação bem cosntruída mais uma escrita fluida e cativante rendeu em eu passando horas na frente do livro, sem conseguir largá-lo.

Ilana foi uma protagonista muito fora da curva das expectativas que eu tinha. Crescida em um clássico lar religioso e conservador, eu não esperava que ela fosse ter tanta consciência sobre seu redor, e mesmo tendo medos e inseguranças tinha suas próprias opiniões e sabia se impor, e todas as decisões que ela vai tomando conforme a história se desenrola mostram o crescimento de uma jovem com medo de Deus para alguém que genuinamente gosta delle e entende o real propósito da sua vida: ser feliz. Além dela ser uma beldade né, pelo amor que mulher, se quisesse pisar em mim eu deixava.
Falando em mulheres que eu deixaria pisarem em mim, Évora é um mulherão que se mandasse em mim eu obedecia. Sou apaixonada pela sua personalidade forte, seu modo de pensar e viver, sua família (que é literalmente super parecida com a minha, em quesito de agir), sua cultura, suas fortes opiniões e como ela corre atrás de sempre fazer o melhor (adorei o direcionamento que ela se deu no curso, e ela falando isso na cara do pai da Ilana foi incrível!).
Eu definitivamente não sei qual é minha dinâmica preefrida: entre Évora e Ilana ou entre ambas, Jéssica e Felipe. O que eu ri com os diversos papos aleatórios desses quatro não está escrito, sério kkkkkk, eles sabiam se aconselhar e se divertir quando estavam juntos.

"Nós não deviamos" é um livro muito bem feito que mostra o efeito de uma religião deturpada pelos seus "fiéis" que facilmente ass4ss1nar1am se Deus resolvesse passar um dia na Terra, além de mostrar que, no final, passar a vida temendo ir para o inferno não é o que Deus quer. Nós podemos errar, podemos acertar, podemos ser a decepção para os nossos pais, podemos nos afastar dos nossos amigos, podemos nos descobrir, podemos ter medo disso, podemos correr atrás disso; no final, o que vale para Ele é viver, aprender e crescer, claro que ter consciência é bom, mas o importante é se conhecer e viver bem, satisfeito e em paz consigo mesmo e com o seu redor. Ninguém merece passar a vida refém do medo, da insegurança, da repressão, da dor.

Se a Ilana não merece isso, você também não.

lo.cassim 20/05/2024

Nós devíamos?
Preciso começar dizendo o quanto essa leitura me tirou da zona de conforto apesar de estar acostumada a ler livros com representatividade LGBTQIAPN+,nesse caso pude ver um processo de autodescoberta sobre a sexualidade de nossa protagonista,com influência inevitável da religião/igreja em seus pensamentos,questionamentos afinal Ilana é filha de um pastor.

E com esse peso sobre si e ansiedade pela faculdade ela conhece Évora uma mulher (inclusive sou cadelinha kk)que a princípio se torna sua amiga mas que vai fazê-la questionar muito sobre si e quem realmente é.Vemos um interesse amoroso surgir com essa relação que amei tanto acompanhar porque é real,tem uma tensão,aproximação natural,que faz a gente ansiar por cada momento.

Consegui quase que viver cada capítulo pela ambientação incrível,na medida certa,me fazendo desejar cada ponto turístico e até mesmo uma noite de diversão com Évora,Ilana,Jess e Lipe,nosso quarteto mais que fantástico,que me encantou,deixando nítido como as personalidades são bem definidas,diferentes a ponto de conhecermos cada um seja pelo modo de falar ou agir e isso agregou muito.

Acompanhar todo a jornada de Ilana foi uma experiência tão intensa e ainda mais com a realidade da qual vemos aqui,afinal quantos casos de LGBTFobia vemos atreladas muitas vezes a religião como forma de condenação a alguém pelo que se é,visto como errado,pecado ou até abominável.Levi o pai da nossa protagonista representa toda essa forma de opressão,destila intolerância religiosa,é contra movimentos sociais,homofobia sem remorso,comportamento autoritário,ele é o retrato de tantas famílias que foram destruídas por puro ódio,violência,ignorância,um lembrete claro para os combatermos e acolher suas vítimas.

Pude ter duas das minhas tropes literárias favoritas juntas,friends to lovers e uma found family que me fez querer entrar nesse livro e ser tão acolhida quanto a Ilana foi.Ao finalizar esse livro refleti sobre como a mensagem aqui é clara,nós deveríamos nos conhecer,sentir honra do que somos!Me senti honrada e abraçada com essa leitura e para nunca esquecermos;se um espaço não te permite ser quem você é,então há algo de muito errado ali.