Silent Treatment

Silent Treatment Lisa S. Lewis




Resenhas - Silent Treatment


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rxvenants 06/04/2024

Feito pra me mostrar os sentimentos que a poesia carrega
Ao me deparar com Silent Treatment, a primeira coisa que eu fiz foi pesquisar a capa com Google Lens e tentar entender o que era o cavalo laranja.

Descobri então que ele é uma escultura de Deborah Butterfield e uma grande representação dela mesma e do poder feminino: cavalos, sempre considerados algo "masculino", companheiros de guerra e um símbolo de força, agora tomam uma perspectiva diferente, uma declaração feminista.

Walt Whitman disse que as obras de Butterfield "[...] são presenças sobrenaturais, lembretes da natureza destrutiva da humanidade e da vontade de se adaptar e sobreviver" e eu acho que essa é a minha opinião sobre o livro de Lisa Lewis.

Eu não sou o tipo de pessoa que me conecto muito com poemas, mas eu queria muito uma leitura sobre tratamento de silêncio e o silêncio em si e eu estou MUITO feliz de ter encontrado esse compilado.

Eu acho Silent Treatment uma coleção super honesta e forte sobre solidão, o que é ser mulher, a hipersexualização de corpos femininos (há inclusive um poema bem gráfico sobre abu'so sexu'al e como a mulher vive falando o que aconteceu, mas ninguém liga), o silêncio que carregamos, transtornos mentais, os desejos que temos que guardar, a força feminina que é constantemente apagada, o medo de envelhecer enquanto mulher e perder "a beleza" perante os padrões da sociedade e até mesmo sobre classe trabalhadora e capitalismo.

Não vou dizer que os poemas são fáceis de serem lidos (eu inclusive sinto que preciso fazer uma releitura com muita calma e realmente pensando sobre várias passagens aqui), mas eles foram extremamente fortes pra mim.

Eu procurei livros sobre temas específicos por um motivo, mas não esperava me conectar tanto com esses poemas. Ainda mais com o tempo de publicação dele.

Lewis conseguiu colocar nas suas linhas vários dos meus medos e muita coisa me pegou de forma MUITO específica. Foi surreal. E os poemas são tão honestos que eu fiquei até meio desnorteada de como tanta coisa que eu nunca consigo falar estão expostas ali de forma muito real.
Nossa, como é uma delícia ler poesia e se identificar nas entrelinhas da mensagem da autora.

Desde poemas que se relacionam com a capa de Silent Treatment com o imaginário de cavalos que a autora menciona o tempo inteiro que, pra mim, funcionou como uma alegoria da força interior feminina, até poemas sobre viver dentro de uma casa e ter medo das mudanças que você traz a si mesma e ao mundo ao andar pela primeira vez na rua, dá pra perceber que a prosa de Lewis é incrível.

Não sei se ele vai afetar outras pessoas como me afetou, já que muita coisa do que eu senti vem das minhas experiências de vida que, afinal, são só minhas. Porém, eu recomendo muito se você quiser dar uma chance e ler a perspectiva do que é ser uma mulher, nas palavras de alguém que publicava há mais de 25 anos atrás.

Leiam se tiverem interesse e eu espero que gostem e se afetem pelas palavras de Lisa, tanto quanto eu gostei e me afetei.

Alguns dos meus versos favoritos, mas que fazem mais sentido e ficam ainda melhores acompanhados dos poemas que estão inseridos:

"I don't know how often to water an iris"

"She makes me want to save her life. I know
Her troubles are simply women's troubles; but I can't say so, I'd sound didactic"

"I don?t feel anything about their house, cathedral
Ceilings, framed homilies on family and refuge
From what I braved to make it back where I live
Alone. They?re good people, I just can?t stand to be
Near them, talking about what the kids watch
On tv, three boys, eleven, eight, and two, the eldest
Already showing he?ll be an ordinary man."

"I don't give him that much credit. Dumb Shit. Just another ra'pist. Mother didn't
Turn my father in, either. A family trait,
That's what it is. Get ra'ped, and let it go." Esse me pegou MUITO, não só pelo tema, mas sobre ser também sobre trauma geracional.

"But you keep talking. You're talking the leaves down,
I wish you'd let the wind do it, time already alters its mysteries"

"I could've stayed in that town and died. Aunt Polly
Was the first of the Musselman sisters to go.
Rheumatic fever in girlhood swelled her chest
Inside, closing down the open spaces a good heart
Needs to do its work."

"I was walking
With a new friend, we weren't looking hard
At the art but talking, comparing notes
On men we'd loved, other poets who couldn't
Stand the strain of knowing their girlfriends
Loved writing too. God, we're bitter, but we
Cover it up."

"I'm grown up. And you are too. Whoever
You are, you're biding your time till something
Happens, a hole in the heart, or, like the woman
I heard about from my young friend the church
Secretary, strokes. I wish she'd never told me
That story. I'm afraid of what I'm going to say
When my insides open inside my brain and I think
I'm saying something but it comes out something else."

"My friend
And I agree, we're used to violence.
When it's not there, we miss it."

"And there was its body. It had worn itself out.
Goddammit, I don't know why that makes me so mad.
Maybe because I didn't try to help. Worried for my
Own sake if I were clumsy, worried I'd have to pay
For a broken skylight, I hadn't even tried to do
What I could; it might not have mattered, but now
I'll never know. It could be you ? I want to say
To no one in particular, mostly to myself, since I'm
The one listening. But everybody knows. They
Turn from believing it. They have better things
To do than get worked up over nothing. God, I feel
Awful. And it shouldn't be that bad."

"Secret hurts
Don't mean much uncovered."
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