Saleitura 13/04/2016Rosana Rios e Helena Gomes, duas autoras brasileiras, se juntaram para compor a obra e colocar no papel essa história incrível que me fez perder - pelo menos um pouco - meu preconceito com histórias de lobisomem.
Devido a tal preconceito, eu iniciei a leitura com um pé bem atrás. As 409 páginas e a falta de tempo me deixaram um tanto quanto receosa com a leitura. Mas posso dizer, felizmente, que o livro me surpreendeu.
Sinto que vou começar a soar repetitiva em algum momento, afinal quase todas as minhas resenhas literárias aqui pro Saleta dizem isso. Mas a verdade é que, no começo, eu estava bem duvidosa quanto à leitura. Não sabia se gostava do rumo que tudo estava tomando, e principalmente se os personagens me agradavam, mas no fim, a história se tornou tão interessante que superou meus desprazeres com alguns personagens.
Como já disse anteriormente, os personagens não foram exatamente o ponto forte do livro para mim, em especial aqueles dos dias atuais (A história, em uma boa parte, retrata também o que o livro que as meninas encontraram conta). Mas a história e os mistérios nos quais os personagens de ambas as épocas se afundaram cada vez mais, foram me conquistando e tornando a história cada vez mais interessante. Rendendo ao livro quatro estrelas.
O mistério central do livro foi bem desenvolvido e consegue surpreender o leitor, por mais que alguns outros fatos no decorrer da história tenham sido, ao menos para mim, bem previsíveis.
Extremamente bem escrito e inspirador, foi este livro que me tirou do meu bloqueio de criatividade, por mais que não tenha nada a ver com o que eu normalmente escrevo. De alguma forma, o modo que as autoras escrevem me fez imaginar certas cenas perfeitamente. Elas conseguem descrever os detalhes na medida certa, sabendo relatar as coisas importantes, mas deixando espaço para que o leitor imagine as coisas por si só.
Investindo em finais surpreendentes de capítulos, o livro prende o leitor, e só me levou tanto tempo para ler por conta de deveres da vida pessoal. Se não fosse isso, eu certamente devoraria as mais de 400 páginas em menos de uma semana.
Encontrei um problema ou outro quanto ao fato de que as autoras muitas vezes deixaram-se influenciar pela definição "superdividida" dos gêneros masculino e feminino. Criando personagens que por vezes caiam demais essa generalização de mulheres são assim, e homens são assim, seguindo muito os padrões sociais e esquecendo-se de que estamos vivendo uma fase da literatura e da cultura em geral dominada por mulheres poderosas e dignas de destaque.
Como se trata de um livro escrito por não uma, mas duas mulheres, este fato me preocupou um pouco, mas não necessariamente atrapalhou minha apreciação da história.
Se indico? Com certeza. Afinal, o livro se mostrou um ótimo valorizador das paisagens e cultura brasileira, sem tentar se americanizar demais como muitos livros brasileiros vêm fazendo. É um ótimo exemplar de como o preconceito com a literatura brasileira é infundado, e ainda me fez repensar um preconceito que tinha há muito tempo contra os tão falados lobisomens.
Resenhado por Ana Carolina
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