ce' 22/12/2023
"Auto da Compadecida! uma história altamente moral e um apelo à misericórdia.
? Ele diz ?à misericórdia?, porque sabe que, se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada."
Eu tentei ler este antes de assistir ao filme, mas não entendi nada do modelo de livro (por não ser um livro, e sim uma peça) e desisti. Depois de ver à adaptação cinematográfica decidi tentar ler novamente, e dessa vez deu certo. É uma leitura rápida devido à forma como é escrita, e é muito importante para mim. O filme é um de meus favoritos, não ri tanto na leitura, até porque não foi feita com a intenção de ser lida, e sim com a de ser assistida ao vivo.
A reflexão que essa obra me trouxe e que mudou a minha forma de enxergar a vida é sobre a moralidade, sobre o céu e o inferno, a justiça e nossas punições. Quando assisti pela primeira vez torci tanto pelo João Grilo mesmo ele fazendo coisas imorais, e todos os personagens que odiei durante a trama, todos eles agiam de forma errada. Todos eles possuíam defeitos e não eram santos, mas no final eu senti pena mesmo dos personagens que eu odiava. (Ódio é uma palavra muito forte, eu não odiei nenhum dos personagens, apenas não gostava deles). Isso me deixou chocada porque percebi que nós sempre enxergamos as coisas à nossa maneira, sempre vemos o que o outro está fazendo agora e nunca o que ele passou, nunca o motivo dele para agir de forma anti-ética.
Nunca sabemos sobre os abismos do coração de outras pessoas, e quando eu penso nisso acho que ninguém merecia ir para o inferno. Ninguém merece o sofrimento, apesar de cometer pecados, ninguém merece sofrer.