Marjory.Vargas 15/11/2021“– Não sei por que essa gente só pensa em política.
– Eu sei. É porque a política lhes dá as coisas que eles mais ambicionam: posições de mando, força, prestígio. E não há quem não goste disso.”
💣ALERTA GATILHOS💣
ESTUPRO, ABORTO E SUICÍDIO
Os acontecimentos desse segundo tomo se passam entre 1910 e 1915: em Santa Fé, Rodrigo Terra Cambará, superando todas as expectativas, constrói uma imagem de político do povo, sendo extremamente generoso e reafirmando sua ética e coragem.
Porém, no campo pessoal, as coisas são bem diferentes. Casado com Flora, beirando os 30 anos e pai de dois filhos, Rodrigo trai constantemente a mulher. É chocante (e nojento) acompanhar os processos mentais de Rodrigo e como ele “justifica” suas atitudes a partir do contexto da época da relação entre os homens e as mulheres. Para ele, e praticamente todos os homens da época, a mulher existe única e exclusivamente para satisfazer suas necessidades físicas. E ainda há a diferenciação entre a mulher para casar e a mulher para se divertir. O pior é que ainda hoje, mais de 100 anos depois, identificamos muitos desses preconceitos em relação às mulheres.
Essa segunda parte é talvez a que as pessoas menos gostam, por ser centrada quase que exclusivamente em um personagem: o Dr. Rodrigo Terra Cambará. Porém, é muito importante. É diferente de O continente sim, e mesmo não morrendo de amores pelo protagonista, não conseguia largar a leitura. Rodrigo é um personagem muito complexo. Não é possível amá-lo, mas também não dá pra odiá-lo. Eu vejo ele como uma reencarnação do capitão Rodrigo: a alegria de viver, a paixão pela vida, pelas coisas boas, pelas mulheres...
Temos também um evento bem traumático ao final desse tomo, que mexe bastante com Rodrigo, mas, infelizmente, não vai fazer com que ele melhore. O capítulo final, que se passa em 1945, com Rodrigo a beira da morte e seus filhos já crescidos, nos instiga a dar continuidade a leitura, para descobrir o que aconteceu à essa família.