A vida que ninguém vê

A vida que ninguém vê Eliane Brum




Resenhas - A Vida que Ninguém Vê


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JAlia.Lorenzon 16/12/2023

Sensível demais
Livro muito gostoso de ler! Compilado de crônicas de uma jornalista admirável. Histórias mundanas para dar risada, para emocionar? recomendo demais!
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Gabriela 04/12/2023

Eu gosto bastante dessa ideia do jornalismo da Eliane Brum, mas, ao mesmo tempo, a ideia em si me interessa muito mais do que quando to realmente lendo-a, tem alguma coisa que me incomoda (que também senti um pouco lendo ?o olho da rua? dela) mas que ainda não consegui decifrar o que é kkkkk, de qualquer forma, é um trampo muito massa e entendo demais o objetivo dele aqui. Dito isso, gostei mais do posfácio e das considerações finais da autora do que o livro em si.
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Raul Maciel 24/11/2023

A Eliane Brum é uma dessas pessoas que eu ouviria por horas e horas seguidas — ouviria e leria. Eu me lembro de, há alguns anos, sempre ler a sua coluna no El País, com textos geralmente maiores que as colunas dos tempos de jornais impressos e igualmente maiores que o tamanho dos textos que geralmente nos permitimos ler nessa nossa vida de internet. Sempre vi valor em cada palavra dela. Uma das suas habilidades é a de pegar temas atuais, muitas vezes o tema ou a notícia da semana, e não escrever textos necessariamente datados, mas sim textos para serem lidos e relidos — por mais duros que sejam; e muitas vezes eles são. Agora, acabei de ler o seu livro A vida que ninguém vê, de 2006, e vencedor do Prêmio Jabuti 2017 na categoria Reportagem. É, sem dúvidas, um dos melhores livros que eu já li. São 21 dos 46 textos que a Eliane escreveu para a coluna A vida que ninguém vê, do jornal Zero Hora, em 1999. O primeiro parágrafo do texto da orelha do livro já me ganhou:

"É tudo verdade. Da primeira à última linha, todas as palavras foram ditas, todos os sentimentos vividos. A vida que ninguém vê é o resultado da busca de uma repórter pela notícia que não estava no jornal. Os textos são reportagens pautadas pelo exercício de um olhar atento aos pequenos acontecimentos, ao que se passa na existência das pessoas desconhecidas. É a trajetória de uma repórter em busca do extraordinário de cada vida — só aparentemente — ordinária. É o avesso do jornalismo padrão."

São 21 histórias de pessoas e personagens que a Eliane encontrou pelas ruas de Porto Alegre e de cidades próximas. Pessoas e personagens como Israel, que "descobriu nos olhos da professora que era um homem, não um escombro", e Adail, que trabalha em um aeroporto, mas nunca viajou de avião, "a menos de uma centena de passos das asas do avião, jamais conseguiu alcançá-las" — o mesmo que diz "me chateia quando aquele povo exibido que vai pros Estados Unidos desembarca falando mal do Brasil" e "eu não conheço outros lugares, mas sei que não tem melhor que o Brasil". Assim, se são incríveis as palavras da Eliane, também são as dos seus personagens, como Alverindo, o Sapo, um pedinte do Centro que não anda e vive no chão, "lambendo com a barriga as pedras da rua", perguntado sobre como é ver o mundo de baixo para cima, ele responde "é mais bonito de baixo para cima do que de cima para baixo. A gente vê muita beleza…". Ao contar sobre o enterro de um filho que morreu ainda no ventre da mãe, o “filho que dificilmente morreria se o pai não fosse pobre”, Eliane finaliza dizendo que “a diferença maior é que o enterro de pobre é triste menos pela morte e mais pela vida”. E essa história, depois, ganha mais um capítulo. A do Adail também.

Comecei a ler este livro no Ben-Café, que nos últimos meses se tornou um dos meus lugares favoritos. Eles têm alguns livros lá, olhei as lombadas, logo este me chamou e quase o terminei por lá mesmo. Perguntei se eu poderia levá-lo para casa e me disseram que a proposta é essa mesmo, levar um, pegar outro, levar, trazer, deixar; trocar. Ainda lá, li a história do Tierri, o chorador de Quaraí:

"Tierri é o chorador da cidade. Chora os mortos de Quaraí. Todos eles. Os ricos, os pobres, os remediados. Os que sucumbem de paixão, os que tombam de doença, os que caem de cansaço. E também os que arriam por desistência. Até mesmo os que morrem porque esqueceram de viver. Tierri chora os mortos não porque alguém tenha pedido nem porque algum parente tenha pago. Não por contrato, mas por gosto. Tierri o faz porque não chorar os mortos é ofender os vivos. Porque chorar a morte é sua missão na vida.
[…]
E sempre que lhe perguntam por que abre as comportas dos olhos para todo e qualquer defunto, sem ver idade, sexo, raça, religião ou posses, Tierri responde do mesmo jeito. Arregala os olhos como se não entendesse tão descabida questão e despeja seu vozeirão enrolado:
- É meu amigo."

Página após página, fui acompanhando a história de David Dubin, o "doce velhinho dos comerciais", Frida na Câmara de Porto Alegre e Eva no mundão — "todas as fichas eram contra ela e, ainda assim, Eva ousou vencer a aposta" — e mergulhei neste livro como não fazia há um bom tempo. Ao nos introduzir a história de Celina e Vany, "duas mulheres em uma geriatria", a descrição da cena é:

"Da cama, Vany começou a reparar que os velhos não chegavam prostrados. Quando chegavam, ainda havia um elo entre eles e o mundo, entre eles e a vida. Então, as horas mortas iam lhes solapando a consciência e a vontade. Iam lhes roubando o sentimento e o sentido. Um dia se exilavam. Primeiro, morria a mente. Depois, o corpo. A dona da geriatria ocultava a morte, inventava uma desculpa, e o velho sumia da poltrona. No dia seguinte outro tomava seu lugar. A espiral do esquecimento se repetia."

Com uma escrita tão incrível, e não como quem romantiza a dor ou a desgraça alheia, mas como quem homenageia pessoas e cenas invisibilizadas por nós e pelo nosso cotidiano, ela própria descreve A vida que ninguém vê como "contar os dramas anônimos como os épicos que são, como se cada Zé fosse um Ulisses, não por favor ou exercício de escrita, mas porque cada Zé é um Ulisses. E cada pequena vida uma Odisséia". Lendo-o quinze anos após a sua publicação e já mais de vinte anos após a publicação dos textos no Zero Hora, não pude deixar de pensar, texto após texto, no que já pode ter ocorrido nesse período todo, que rumo cada vida ali pode ter tomado. Ali, no café, em frente à Praça Osório, ao ler a história de Camila, que desde os seis anos ganhava a vida nos sinais do Centro e que faleceu aos dez anos, ainda no início de 1999, não pude deixar de pensar muito sobre a brutalidade da vida para tantas pessoas em tantos cantos — elas, sempre marginais, nunca centrais; mesmo que vivam no Centro, nunca centrais. E me levei pela história, pelas descobertas e pelas suposições (e possibilidades e probabilidades) sobre o álbum de Carlita, como pela jornada de Dona Maria, que realizou o sonho de aprender a ler e a escrever aos 55 anos.

"- Qual foi a primeira palavra que leu?
- Igreja. Vi o "i", aí comecei a pensar. E fui juntando. E deu "igreja". Nossa, me deu uma coisa. Foi quase como o primeiro filho. Porque o que eu mais quero é ir na igreja, pegar a folhinha e ler.
[…]
- E afinal, o que é ler?
- É assim. Eu achava que letra era letra. Era como uma toalha de mesa. Não tinha vida. Esses dias tava no colégio, olhei e descbri que as letras têm vida. Eu leio e elas conversam comigo, me dizem o que eu preciso. Contam coisa que eu nem imaginava. Tipo "M" de Maria, né? É só um "M", mas quando junta tudo, a Maria fala comigo. A Maria fica viva."

A escrita da Eliane só existe a partir do olhar dela e de como ela se permite olhar o mundo e olhar cada pessoa como cada pessoa vale e merece. Não sei se neste livro podemos ver o mundo, mas certamente vi ali muito além de Porto Alegre: vi muito do Brasil, desse nosso Brasilzão, dos nossos Brasis, da nossa brasilidade em seus feitos e em suas forças e também em suas maiores dores e contradições. Ao virar a última página, penso como há pessoas e histórias incríveis em todo canto e que é certo que nem todo mundo saberá ou mesmo poderá contá-las com a mesma habilidade da Eliane Brum; talvez, inclusive, nem todo personagem incrível das nossas ruas queira ter a sua história contada de qualquer forma que seja. Mas não nos permitirmos olhar e ouvir é nos brutalizarmos ainda mais. As nossas ruas e os rincões guardam verdadeiros tesouros e em A vida que ninguém vê está uma parcela pequena, mas preciosa.

site: https://medium.com/@raulmaciel/boa-viagem-pela-vida-e0950c73497c
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Mayco2 10/11/2023

A vida que ninguém vê
“A vida que ninguém vê” de Eliane Brum é uma obra que nos conduz pelas histórias ocultas no cotidiano. Com uma linguagem acessível, a autora mergulha nas vidas de pessoas comuns, muitas vezes negligênciadas pela sociedade. O livro é um convite á empatia, revelando as diferenças escondidas por trás das aparências. Ela ultiliza uma abordagem jornalística envolvente, destacando a importância de reconhecer a humanidade nas histórias que muitas vezes passam despercebidas. Cada capítulo é uma porta para universos destintos, repletos de desafios e emoções genuínas. A estrutura fragmentada da obra enriquece a narrativa, oferecendo uma variedade de perspectivas. Os personagens são apresentados de forma verdadeira, permitindo que o leitor se conecte emocionalmente com suas experiências. A pesquisa aprofundada e as entrevistas sensíveis conferem qualidade às histórias compartilhadas. Além de relatar as realidades muitas vezes invisíveis, a autora faz uma critica social, influenciando a reflexão sobre as desigualdades estruturais e as falhas no sistema que dar resultado. O livro não apenas fala, mas também inspira à ação e à mudança. O livro ultrapassado o gênero da reportagem, tornando-se uma expressão artística da condição humana. Ela transforma o livro comum em muito bom, revelando a beleza e a tragédia que ao mesmo tempo que nas sombras da sociedade. Em resumo, este livro é uma jornada fascinante que desafia o leitor a enxergar além das superfícies, reconhecendo a riqueza das vidas que muitas vezes passam despercebidas. Eliane Brum oferece um olhar sensível e provocativo, convidando- nos a repensar nossos próprios preconceitos e a valorizar a singularidade de cada existência, por mais invisível que possa parecer. “ A vida que Ninguém vê “ não é apenas leitura, é uma experiência que é muito além das páginas do livro. Alem disso achei muito interessante e bom esse livro pôr que agora vamos dar mais valor as pessoas excluídas e vamos tentar conversar com elas e tentar se aproximar e tentar ser amigos, até mesmo aquelas pessoas mais quietas que não falam nada por que ninguém merece ficar sem amigo ou alguém para conversar. Tem muitas pessoas que entram em depressão por não ter amigo ou alguém para conversar e desabafar, e a depressão leva as pessoas a morte.
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Renata Vaz 06/11/2023

Maravilhoso!
O ato de ir lendo e se deparando com o fato de ?eu conheço essa pessoa? é sensacional. Eliane traz voz a essas pessoas invisíveis do nosso dia a dia de forma muito cuidadosa e verdadeira, como poucos jornalistas conseguem fazer. Vale muito a leitura!
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alaniskauany 25/10/2023

Profundo.
Eu chegava a usar a Eliane Brum nas minhas redações mas nunca havia parado para ler uma obra dela.

Cada história tem uma singularidade absurda. Você sai totalmente diferente depois de cada leitura.
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iam.jss 14/10/2023

A vida que ninguém vê
"Um ser humano, qualquer um, é infinitamente mais complexo e fascinante do que o mais celebrado herói."
Essa foi a minha primeira leitura de um livro reportagem, eu amei. Sempre penso sobre essas vidas, quantas histórias não são vistas e se quer contadas. A escrita e a percepção da Eliane Brum é admirável.
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Giselle.Zart 28/09/2023

Essa coletânea de crônicas da Eliane Brum, mergulha profundamente na vida das pessoas marginalizadas, muitas vezes invisíveis aos olhos da sociedade. Adota uma abordagem sensível e empática ao contar essas histórias, mostrando uma compreensão profunda das lutas, esperanças e desafios enfrentados por personagens diversos, como catadores de lixo, prostitutas, crianças de rua e outros grupos, dando voz às suas vidas e realidades muitas vezes ignoradas. Uma reflexão profunda sobre nossa sociedade, suas desigualdades e injustiças, mas também sobre a resiliência e a dignidade das pessoas que vivem à margem.
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Jacira.Carmo 18/09/2023

Eu amei esse livro, demorei um pouco para ler ele pois estava em período de provas e também porque chorava. Ele é maravilhoso e na minha opinião todo mundo deveria ler ele
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mariana 09/09/2023

Primeira leitura!
Minha primeira leitura de aluna de jornalismo hehe. ?

achei a obra muito boa, gostei bastante da construção dos personagens.

porém (como meu prof de prática da notícia tinha dito) a narrativa da autora é realmente meio ?sonhadora?. as histórias não são objetivas e direto ao ponto, como na teoria o jornalismo deveria ser. mas é bom ter uma obra que aponta a subjetividade humana.
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Marita13 08/09/2023

É uma leitura bem breve e bem fluida sobre história do cotidiano que muita das vezes é ignorada por nós msm. Por trás de cada pessoa existem infinitas histórias que ninguém ver. Gostei muito da leitura
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buhfarias 04/09/2023

São crônicas que nos despertam para muitas coisas da vida que passam invisíveis e intangíveis para uma grande maioria que vive dos priveligios da sociedade

Eliane é uma mulher brasileira, gaúcha, jornalista com uma escrita poderosa apesar de tudo leve, a escrita dessa mulher mexe muito com os nossos sentimentos.

A crônica desse livro que mais mexeu comigo foi
"Eva contra as almas deformadas", sério,
procurem no google para ler esse texto potente, como eu invejo a Eva e sua
determinado e persistência naquilo que ela acredita.
Que texto poderoso.
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Duda França 18/08/2023

Resumo do livro A Vida que Ninguém Vê, de Eliane Brum
Olá, Guardiões da Leitura ? O resumo de hoje é do livro A Vida que Ninguém Vê. É um livro de reportagem sobre as histórias de diversas pessoas, consideradas simples, anônimas. Mas a repórter Eliane Brum transformou as "mesmices" em crônicas. ? Esse livro faz refletir sobre como existem tantas pessoas no mundo, e quantas histórias são perdidas a cada dia, porque simplesmente não tem alguém para contá-las, ou para conversar com o indivíduo que vivenciou determinado acontecimento. Recomendo esse livro para os leitores que gostam de reportagens e histórias simples que se tornam criativas. ???
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JAQUELINE.ARGOLO 09/08/2023

Singularidades e Singelezas
Nessa obra a autora conta diversos dramas anônimos, escondidos no cotidiano, mas que (quando revelados) denunciam quantos direitos são desrespeitados e quantas existências são diminuídas em nossa sociedade. É um olhar apurado e extraordinário, que observa na universalidade, a singularidade e a singeleza de cada um/uma. Recomendo um bilhão de vezes!
P.S.: Gostaria muito que outras histórias fossem apresentadas.
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pepe 16/07/2023

A vida que ninguém vê como eu vejo
Esse livro é experiência de alma. Nunca vou esquecer o significado que teve pra mim, o aprendizado, o sentimento e a emoção.

Foi meu primeiro contato com alguma obra de Eliane Brum, sem dúvidas despertou profunda paixão em meu coração, não só pela escrita, mas também pela forma de contar histórias, com tamanho sentimento, tamanha humildade e humanidade ao enxergar o próximo, o outro.

Nesse conjunto de crônicas/reportagens Eliane exerce o olhar ao destacar personagens simples e reais do cotidiano com histórias épicas. É quase inevitável terminar o livro sem derramar, no mínimo, uma única lágrima.

Ademais, meu sonho é ser jornalista, o que potencializa ainda mais o valor que esse livro teve para a minha jornada. Mesmo com tantas incertezas e medos, vi aprendizados e garantias para o meu futuro e carreira nessas páginas. Aprendi que tudo bem ter medo e não estar pronto, aprendi a humanizar o outro, mudar a perspectiva e olhar, valorizar o silêncio e a arte de comunicar.

Espero nunca esquecer e sempre lembrar.

"Medo é necessário, faz sentido. Só não dá para ter medo de ter medo, paralisar e deixar as histórias passarem sem encontrar quem as conte. Ficar escondido atrás de um computador, achando que o fato de escolher em que mundo virtual entrar, quando sair, quais e-mails responder e quais deletar é ter a vida sob controle configura, talvez, a grande ilusão contemporânea. Por mais que você escolha não viver, a vida te agarra em alguma esquina. O melhor é logo se lambuzar nela, enfiar o pé na jaca, enlamear os sapatos. Se quiser um conselho, vá. Vá com medo, apesar do medo. Se atire. Se quiser outro, não há como viver sem pecado. Então, faça um favor a si mesmo: peque sempre pelo excesso"

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