Alesson0 01/05/2014
“Ana Terra” (Editora Globo, 2003, 160 páginas) obra de Erico Verissimo, um dos célebres escritores brasileiros, muito popular no século XX. Tem como principais trabalhos Clarissa (1933), O tempo e o vento (1949-1962, que tem Ana Terra inserido), Incidente em Antares (1971), entre outros. A história começa em 1777, no estado do Rio Grande do Sul, onde ainda vivia sobre ameaças de índios e castelhanos em todo seu território. Ana Terra, era uma jovem de 25 anos, cabelos e olhos negros, lábios avermelhados e pele clara, que morava em uma estância com seu pai, seus irmãos e sua mãe. Viviam isolados de todos, para não sofrerem os ataques que eram constantes na época. Ana Terra era uma mulher trabalhadora, solidária e queria uma vida melhor para si. Ajudava sua mãe, D.Henriqueta, a cuidar da estância, a lavar roupa e servir comida para seu pai e seus irmãos. Maneco Terra, junto com seus filhos Antônio e Horácio, trabalhavam o dia todo nas lavouras e na criação de gado. Maneco era um homem de bem, porém todos tinham que seguir suas regras, pois era o dono da casa. Horácio ia sempre ao Rio Pardo, para trazer mercadorias para o pai. Ana sempre quis morar lá ou em São Paulo, que era seu lugar de origem, mas cabia a ela ser sofredora por toda a vida. Certo dia, na sanga, Ana limpava as roupas e de repente fica angustiada ao ver um homem ferido, o Missioneiro Pedro. Ana pede ajuda a família. Depois de salva-lo, todos ficam observando o estranho. Tinha aparência de índio, porém era mais alto e bem definido, além de ter um rosto mais “leve”. Quando acorda, conta o que lhe aconteceu, em um sotaque bem diferente, parecido com o espanhol, e isso causa desconfiança por parte de Maneco que decide se livrar de Pedro. O tempo vai passando e Pedro começa a conquistar a todos, com suas diferentes qualidades. Porém um sentimento revoltante estava nascendo em Ana. Ela não sabia se era amor, raiva, paixão ou desgosto. Um dia, Ana foi a sanga e se entregou totalmente a Pedro, que com passar tempo, descobriu que estava grávida. Quando Maneco Terra descobriu, mandou seus filhos levarem Pedro para longe e mata-lo. Ele disse que sua filha não existia mais, estava decepcionado. Depois que seu filho nasceu, Ana deu o mesmo nome do seu amado, chamando-o de Pedrinho. Maneco e seus filhos tinham grande desprezo por Ana, e seu filho. Ao tempo que Pedrinho crescia, D.Henriqueta não aguentava mais a dor que vivia, e de repente ficou doente, piorou e acabou morrendo. Ana chorava, mas estava feliz por sua mãe, que não era mais escrava. Enquanto Horácio, com raiva do pai, por não ter aceitado seu casamento, decidi ir para o Rio Pardo seguir seu sonho, Maneco Terra começava a fazer bons negócios com suas plantações e se ver mais esperançoso. Antônio também se casou, trazendo sua esposa para estância, que no final acabou tendo um filha. Certo dia, um acontecimento muda totalmente a vida de todos; a estância estava sendo atacada por castelhanos, que acabaram roubando tudo o que encontravam, além de terem matado Maneco Terra e Antônio. Ana consegue escapar com Pedrinho, sua cunhada e a filha. Conseguem avistar um grupo de pessoas, que iriam para as fazendas de Ricardo Amaral, muito conhecido na região. Após chegarem em um pequena vila, tudo parece se estabilizar. Muitos anos depois, Ana Terra fica conhecida como parteira e com sua tesoura dava luz a todas as crianças na vila em que morava, e lamentava quando nasciam meninas, pois sempre dizia que viriam para sofrer e serem escravas. A leitura é de fácil compreensão, e muito interessante. Retrata como era a vida nos primeiros anos do Rio Grande do Sul, e mostrar como as mulheres da época eram exploradas e só viviam para sofrerem e trabalharem. Uma ótima obra.