Resenhas - O Senhor das Moscas

Isabel 09/02/2024

O mundo, aquele mundo compreensível e cheio de leis, estava desaparecendo
Leitura muito importante e interessante. Aqui o autor colocou os personagens em um cenário extremo e relatou de forma gradual a formação de liderança, o estabelecimento de regras e a subversão do comportamento humano. É um livro rico em possibilidades de análise pois incita a reflexão sobre diversos aspectos da sociedade.

Presos na ilha os garotos precisam escolher entre a lei e o salvamento ou caçar e destruir uns aos outros. A grande diferença entre os meninos que logo se renderam aos instintos mais selvagens de dominação e aqueles que se preocupavam em manter a fogueira acesa, é a esperança de serem resgatados. O medo do desconhecido alimentado pela imaginação dos garotos aterrorizados contribuem para a transformação do grupo em uma tribo de selvagens.

Jacks se torna o líder e governa os outros pelo medo. Jacks amava a liderança pela sensação de poder sobre os outros, de ser seguido e obedecido. Ralph não pediu para ser o líder, mas desde que se encontrara nesta posição demostrou que o principal objetivo era que todos fossem resgatados, para isto precisavam permanecer unidos, com regras e deveres.

É interessante observar que no início, o Ralph não parece um menino regrado e obediente. Nos primeiro minutos ele se alegra com a liberdade que a ilha sem adultos proporciona. No cenário de crise, Ralph demonstra o senso de coletividade, e é o único que parece se importar com os conselhos de Porquinho. Porquinho é o exemplo das pessoas que são sensatas mas que por algum motivo não conseguem ter voz na sociedade. Os outros se aproveitam dos seus óculos mas ninguém lhe dá ouvidos.

Quando Simon aparece de dentro da floresta para contar a verdade a todos sobre o que realmente era o "bicho" os meninos estão submersos no medo, nos instintos irracionais, não querem a verdade. Matam Simon, e matariam qualquer coisa que se mexesse, pois tudo que é de fora era a personificação do inimigo. Ralph se sente culpado pelo que aconteceu. Os outros não parecem se importar. A crueldade da guerra exposta, quando paramos de nos importar com o fato de que há pessoas morrendo?

No fim, Ralph acaba sendo caçado por aqueles que antes lhe escolheram como líder em troca de proteção e uma porção de carne. Felizmente, no fim, o resgate chega a ilha. Ralph se permite chorar por tudo aquilo que perdeu, o amigo porquinho, os amigos que o traíram e a própria inocência.

"Sua mente estava povoada de lembranças: lembranças da tomada de consciência, quando fecharam o cerco sobre o porco que se debatia, o conhecimento de que haviam vencido uma coisa viva, imposto sua vontade a ela, tirado sua vida como que sorvendo longamente uma bebida deliciosa."

Felipe1503 09/02/2024

Um livro que faz diversas analogias á estrutura do facismo, desde o controle da mídia, potencialização bélica, criação de um inimigo em comum e de meias verdades em busca de um pânico moral do grupo, assim deixando que os mesmos hajam como verdadeiros animais desumanos, e essa é apenas uma das diversas análises possíveis para a obra, simplesmente incrível, recomendo.

Kamila357 08/02/2024

A real natureza humana.
Eu demorei um pouco por conta que estava lendo dois ao mesmo tempo, então me arrastei, mas depois eu consegui terminar tudo num piscar de olhos.

tudo começa com crianças caindo numa ilha isolada pois estava em período de guerra, a gente começa com um personagem chamado piggy, ele logo encontra outra criança chamada ralph, ralph e piggy vão ser os personagens com mais destaque durante a leitura, vão ser personagens que você percebe a aproximação com o passar do tempo.

com vários dias ali, grupos são feitos com as crianças, grupos esses separados entre os que recebem ordens e o que comanda, mas claro que isso não duraria por muito tempo, pois o encontro de crianças que eram do coral da igreja começaria a mudar as coisas com o grupo do ralph, e tudo começa a desandar por aí.
o grupo do jack o líder desse coral passa a se opor a tudo que ralph diz, e se separam, nisso eles começam a perder a humanidade e agir como selvagens, eles são responsáveis por caçar, mas a sede de sangue começa a aumentar entre esses meninos, tem um momento do livro em que um ritual é feito, e o senhor das moscas é invocado, e quem vai ao encontro do senhor das moscas é uma criança chamada simon, a criatura se apresenta pra ele como o próprio demônio, e diz que ele sempre esteve ali, assistindo tudo e que eles não escapariam, logo simon corre pra avisar aos outros mas é morto.
outras crianças também somem, mas ninguém sabe dizer como ou pra onde elas foram
quase no final do livro piggy que é a voz da sabedoria para ralph é morto por Jack, deixando Ralph aterrorizado, então ele foge pois sente que não tem mais forças para lutar contra jack.


bem, esse livro é muito agonizante no sentido de que você fica a todo momento se perguntando como essas crianças vão continuar, se estarão vivas no próximo dia, e ver em crianças a personificação de toda maldade humana longe dos olhos da civlizacao é assustador.
também percebo uma certa hierárquia entre essas crianças, Jack era possivelmente rico, e não suportava receber ordens, piggy era uma criança filho de trabalhadores terceirizados e ralph filho de um marinheiro está não tão abaixo como piggy, mas também não tão a cima como jack, logo você percebe como para jack era difícil aceitar ordens de alguém como Ralph.

eu recomendo, é uma leitura satisfatória de faz ficar reflexivo, e também assusta um pouco.

Ricardo Trevizani 05/02/2024

"A lei e o salvamento ou caçar e destruir?"
Acabo de terminar esta leitura, me faltam palavras. Direto ao ponto não é possível defini-lo como um livro bom ou ruim, ele foge a estas definições, está mais para um desconforto estranho. Não esperava um final tão alucinante e extremo, foi de faltar o ar.
Foi uma leitura arrastada para mim até 70% do livro, como um paviu comprido, que queima devagar, silenciosamente, e derrepente explode ferozmente, te deixando sozinho na eloquência dos seus pensamentos e reflexões.
Somos realmente uma folha em branco ou o ímpeto da brutalidade e selvageria corre em nossas veias? Qual vai gritar mais alto numa situação totalmente adversa, nossa civilidade ou extintos animalescos?
Acredito não ser um livro para todos, mas para quem tenha curiosidade, vale a pena. Muito embora tenha um desenrolar (na minha visão) pouco tediante, o êxtase brutal do final compensa.

Itslayssa 04/02/2024

Muito bom!
Na Segunda Guerra Mundial, um avião cai numa ilha deserta, e seus únicos sobreviventes são um grupo de meninos que tentam se comportar como foram ensinados, mas a necessidade de sobrevivência, o medo, e o vislumbre do poder fazem com que se comportem como selvagens.
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Não é atoa que tem um prêmio Nobel de literatura. Retrata de forma singela como o poder destrói qualquer sociedade. Como diz Rosseau, "O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe".
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"Ralph chorava o fim da inocência, as trevas do coração humano, e a queda no abismo do amigo sincero e ajuizado chamado Porquinho".

Allan.Franck 04/02/2024

"Abandone toda esperança aquele que por aqui entrar"
Senhor das Moscas de William Golding é um livro pequeno, mas com um teor bem obscuro. Conta-nos a história de meninos ingleses sobreviventes a um desastre aéreo numa ilha, durante a Segunda Guerra Mundial. Sem nenhum adulto, restaram a eles sobreviverem e cuidarem de si mesmos. O que começou com regras e organização, logo se perdeu aos caos e com isso, a queda da civilidade. O texto é muito bem escrito e a leitura densa, nos descrevendo com muita beleza os cenários dessa ilha inóspita. Personagens com personalidades distintas e que desenvolvem um microcosmo da sociedade adulta. Clássico que vale a pena ler!

beatrzzz 03/02/2024

O história parece ter um conteúdo simples, de antemão, mas é profunda, estabelecendo uma guerra mundial em curso e uma possível guerra nuclear como pano de fundo para o início da história. Adianto: para mim, a leitura valeu cada palavra.

Lendo algumas resenhas, observei que muitas argumentam que o desenvolvimento dos eventos na ilha se deve a falta de adultos e de regras sociais, mas é importante lembrar que esse meninos tiveram seus 6-12 anos de convívio em sociedade, crescendo como cavalheiros em formação, na classe média/alta inglesa e em um contexto de guerra mundial - são personagens situadas sócio e historicamente e, por isso, há uma constante externalização de comportamentos socialmente aprendidos.

Mas talvez o que torne esse livro tão brutal seja a sua precisão em relação às condições de vida do ser humano. A narrativa se fundamenta na precariedade do nosso modo de viver: a guerra leva as crianças a uma ilha deserta que, mais tarde, é transformada em um matadouro. A alienação em relação ao mundo, a si mesmo e aos outros também surge como um tema pulsante, pois a boa convivência é degenerada pelo poder e pela barbárie, empurrando as relações harmoniosas pelo penhasco e dando lugar às relações hostis.

Exponho tudo isso para dizer que esse livro tem o potencial de cutucar a visão dos leitores sobre o que significa ser humano e ser com outras pessoas: será que temos uma essência verdadeira, humana e má? Ou tudo o que fazemos é uma manifestação do que criamos, nutrimos e reproduzimos como sociedade? Ou temos liberdade de fazer escolhas e assumir a responsabilidade que a acompanha?

Enfim, essa obra disfarça de mundano o que é profundo, e é isso que a torna tão interessante.

Giovana Renoldi 03/02/2024

Faz sentido o prêmio Nobel
Quão rápido o ser humano se deteriora quando não há ninguém para mostrar o norte?

Quão rápido os instintos de sobrevivência se impõe?

Quando começam as brigas por poder?

Em O senhor das moscas, acompanhamos a história de um grupo de meninos ingleses que, isolados em uma ilha remota e sem nenhum adulto por perto, se esforçam para sobreviver. A cidade em que viviam foi bombardeada e, no momento da fuga, algo deu errado.

Eles se reúnem e tentam se organizar de uma forma civilizada, mas são apenas crianças. Que gostam de brincar, que não têm ninguém para dar as ordens e dizer o que é certo ou errado.

Que história, meu Deus.
Quando digo que faz sentido o prêmio Nobel, não é por ser um livro difícil de ler, gramaticalmente ou filosoficamente. Digo porque desde as primeiras páginas, da simplicidade do cenário a complexidade dos personagens, o livro foi bem construído. O ideia é simples, até, mas foi desenvolvida com maestria.

Amei!

mesquita1903 03/02/2024

Um bom livro
O livro narra a história de um grupo de piás que ficam presos em uma ilha deserta e tentam organizar uma sociedade própria. Gostei do desenvolvimento dos personagens, e também da forma como os conflitos foram construídos de forma suave, como se desse para ver a treta se formando aos poucos.

Marcia.Moutinho 03/02/2024

Um retrato objetivo da natureza humana. Todos, ou quase todos, estão sujeitos a sucumbir à barbárie por poder.

Bibinha 01/02/2024

Ordem x caos
"Ralph chorava o fim da inocência, as trevas do coração humano, e a queda no abismo do amigo sincero e ajuizado chamado Porquinho."

Senhor das moscas remete a natureza humana em uma situação hipotética, fugindo um pouco da parte de sobrevivência em si e relatando mais a parte humana, que pode ser relacionada a acontecimentos (nazismo, Jardim do Éden) mostrando como uma má influência pode levar uma comunidade a ser corrompida. William Golding talvez influênciado por sua experiência durante a segunda guerra mundial traz uma visão pessimista de como ocorreria a sobrevivência de crianças e adolescentes sozinhos em uma ilha, fazendo justamente uma crítica ao heroísmo e história de superação do livro The Coral Island.

Eles se tornaram "o monstro" isso mostra como a imaginação tem um poder que nem sempre é positivo, pois pode criar o medo e o medo é o combustível do caos e de influências erradas.

"O mal está sempre a espreita em cada um de nós"

?Senhor das Moscas?, que corresponderia à Belzebu, demônio associado ao orgulho e a guerra, que aparece na obra na personificação da cabeça de um porco sacrificado na caçada.

Filme "O senhor das moscas": não gostei muito do filme, li o livro antes e tive a expectativa de ser algo mais parecido, queria ver o que eu li, mas é bem diferente, uns detalhes muito bons do livro foram invertidos talvez para ser algo mais leve, só que eu não gostei, o fato de ter um adulto sobrevivente na ilha me deixou bem revoltada, pois para mim era um detalhe importante de se manter, já que apesar dele não interferir muito, o fato dele estar ali mudaria a visão das crianças em relação a situação, confortaria os pequenos.

Iz 31/01/2024

Se eu caísse em uma ilha com 12 anos eu ia me m4tar
Eu sabia que esse livro ia ser bom já na primeira página, quando Ralph ajeita suas meias de forma muito civilizada para quem estava perdido. Foi um desses momentos que demonstra em poucas palavras a história que o livro estava prestes a contar. O livro me conquistou ali.

Sibery 31/01/2024

Foi uma leitura muito rápida, o livro é bem curto. Eu esperava umas cem páginas a mais... hahahah... E podia ter cem páginas a mais que eu leria feliz.

Muita gente fala sobre esse livro ser uma análise da queda das democracias e da situação humana perante a natureza. Ou, também, sobre a crueldade humana. Tudo isso é verdade. Mas, pra mim, acima de tudo, foi um thriller, um dos melhores suspenses que eu já li. Eu não me lembro de ter sentido tanto medo de um vilão, como Jack Merridew, desde... Nossa, desde O'Brien de 1984. Jack Merridew é uma obra de arte. Que vilão! E ele é só uma criança... Coberta de sangue de porco e selvagem... mas, ainda assim, uma criança.

Os outros personagens não são tão intrigantes quanto Jack Merridew, mas a maioria tem evoluçãos ao longo do livro, como Ralph, Porquinho e os gêmeos. Meu personagem favorito é Simon, que representa o centro político do grupo, nem tão selvagem quanto Jack, nem tão civilizado quanto Ralph.

Para ser sincera, não gostei muito do fim. E eu acho que as descriçãos da ilha são extensas demais, acabam tomando espaço dos diálogos e da evolução. Ainda assim, amei. Senhor das Moscas é, agora, um dos meus favoritos.

Carmen Silvia 31/01/2024

O lado sombrio da natureza humana
Senhor das Moscas é um romance de William Golding, publicado em 1954. O livro conta a história de um grupo de meninos ingleses, de 6 a 13 anos, que sobrevivem a um acidente aéreo durante a Segunda Guerra Mundial e são abandonados em uma ilha deserta.

No início, os meninos se organizam e trabalham juntos para sobreviver. Eles escolhem um líder, Ralph, e começam a construir uma fogueira para sinalizar para um possível resgate. No entanto, com o passar do tempo, a ordem começa a desmoronar. Os meninos se dividem em grupos, e a violência e a brutalidade aumentam.

O livro é uma alegoria sobre a natureza humana. Golding sugere que, mesmo em um ambiente idílico, os seres humanos são capazes de cometer atos de crueldade e barbárie. O livro também explora temas como a importância da civilização, o poder da liderança e a fragilidade da democracia.

Geh 31/01/2024

O senhor das moscas
Estou surpresa a Amazon me indicou e eu confiei, comprei e gostei. ( apesar da demora nas minhas entregas) me surpreendeu total. O livro trata de crianças que cai em uma ilha misteriosa e tentam viver em sociedade e sem um adulto nenhum. A pergunta que me fiz no final é: qual é o nosso limite para nós mantermos civilizado? Nascemos corruptos ou nos tornamos?