Isabella Pina 31/12/2012Porque não tem problema algum em ser diferente.Na resenha de Estilhaça-me, eu já tinha comentado sobre como os Distópicos eram a nova “moda literária”, e, coincidentemente, essa resenha também é de um desse tipo. Divergent (aqui no Brasil, Divergente) foi lançado pela Rocco recentemente por aqui, confirmando isso. Porém, raramente há muitas coisas parecidas entre os Distópicos, tirando a sociedade.
De qualquer forma, eu já conhecia esse livro faz tempo, quando ouvi alguma blogueira internacional comentando sobre como a capa era linda e ela estava super curiosa com esse livro – antes mesmo de ser lançado lá fora. E, quando li a sinopse, foi amor à primeira vista: afinal, era um livro que parecia misturar ação e romance, além de se passar em Chicago, uma cidade que eu amo. Resumindo: minhas expectativas estavam bem altas, ainda mais porque as resenhas que eu tinha lido dele eram bem positivas.
Então, após um bom tempo depois que eu já tinha o livro, finalmente consegui achar um tempinho para ler – e sem bobear, fui ler. E pode crer, é um ótimo livro!! Sem dúvidas, eu amei a sociedade que a Veronica Roth criou, toda divida em “facções”, como que catalogando as pessoas. Além de ter uma sociedade muito interessante – ainda quero saber muitas coisas sobre ela! – a trama também tem uma coisa fundamental num livro bem-escrito e com um plot bom: personagens com conteúdo. É bem raro eu gostar de verdade de alguma protagonista – geralmente eu até vou com a cara, mas não é “aquela coisa” –, porém, nesse caso, eu me identifiquei com a Beatrice/Tris (seu novo nome).
Ela é tão real... Quero dizer, na medida do possível, dá pra entender por que ela é como é, por que age dessa forma e a razão de suas grandes dúvidas. Claro que ela não é perfeita, comete alguns deslizes, mas não é como se fosse alguém burra, é alguém amadurecendo conforme o livro avança. E ficando mais interessante. Além dela, temos Four, um dos “treinadores” da facção que a Tris escolheu (não contarei qual é, apesar de que, para mim, foi bem óbvio), que tem todo um “passado obscuro” e com quem Tris, primeiramente, não vai com a cara. Porém, conforme as camadas de ambos vão saindo, é incrível como a relação deles vai se desenvolvendo, de um jeito fofo e... Normal. Nada apressado, ou meio louco, como existe em vários livros. Isso é um dos pontos fortes do livro, o romance, mas o legal é que a Veronica não se focou apenas nisso.
É óbvio, Tris é “especial”. Vamos ser francos, ninguém escreve um livro sobre mais uma pessoa numa sociedade distópica. Geralmente é alguém que vai fazer algo grande. E, claro, para que entendamos como isso irá acontecer, é preciso que o livro seja bem-escrito – e eu já comentei como eu gostei da escrita da Veronica, né??? Então, claro, nisso ela não decepcionou. Na verdade, eu adorei essa parte essencial da história, que é a sociedade, como ela funciona e – um pouco – o que a protagonista vai fazer. A forma como a sociedade se organiza nesse livro não é tão diferente do que nós mesmos fazemos – tirando que nós não deixamos tão claro quem é da onde (afinal, quem nunca falou de “nerds”, “populares”, “emos”, etc.?). Ela é separada por quatro facções, como já disse, cada uma com uma característica, obrigando (mesmo que inconscientemente) as pessoas a tentarem a se encaixar em pequenas caixinhas.
Isso é uma das coisas mais questionadas, no livro inteiro: por que temos que fazer isso? Por que temos que escolher apenas uma? Por que, se formos diferentes dos nossos familiares, temos que nos separar deles? Por que temos que ser só corajosos, honestos, generosos, inteligentes ou pacíficos? É como quando pedem para que você escolha uma etnia numa prova, e você é, por exemplo, descendente de um negro e um índio. Sem contar que, e se você não for nenhuma das opções acima? Eu adorei como isso foi questionado, e ganhando forma conforme a história mudava.
Além de todos esses pontos que me agradaram bastante, esse livro é rápido. Claro que, por ser o primeiro de uma série, ele não conta tudo e sim nos introduz a essa sociedade, principalmente à facção que Tris escolheu. E ela faz isso muito bem, de uma maneira que não fique tediosa. Além disso, no final as coisas ficam bem “loucas” – é uma boa palavra pra descrever como a situação ficou. Eu gostei disso, porque deixa os leitores com “água boca” para o próximo livro (Insurgent, já lançado lá fora), além de ter alguns acontecimentos bem surpreendentes – se eu fosse do tipo “mais sensível”, provavelmente teria me emocionado ainda mais.
Enfim, é uma ótima leitura. Mostra uma sociedade muito bem-construída, protagonistas e coadjuvantes bem interessantes e daqueles que você acaba criando carinho, além de um potencial muito grande. Espero poder ler a continuação o mais rápido possível ;)
Nível de dificuldade da leitura (inglês): fácil.